Taís Araújo havia sido escalada para interpretar a cientista Joana D’Arc Félix, brasileira que já recebeu mais de 72 prêmios em química e sustentabilidade. Porém, a atriz decidiu desistir do papel por conta do seu tom de pele. Quem noticia é o site Notícias da TV.
Após a informação de que Taís daria vida à Joana nos cinemas, muitas pessoas fizeram comentários online criticaram a escolha, pois a cientista tem um tom de pele mais retinto que o da atriz. E ela concordou com isto.
“É algo curioso, porque às vezes você pensa que é uma pessoa instruída, e mesmo assim comete falhas. Eu reflito sobre isso o tempo todo. Quando anunciaram que eu ia fazer a Joana D’Arc, tiveram vários comentários criticando, falando ‘Ela é muito clara’. E quando eu li aquilo, vi que eles estavam totalmente certos”, falou Taís.
Ela acrescenta que já faz muita coisa nos cinemas e na TV e, portanto, pode deixar espaço para uma outra atriz, da mesma tonalidade de pele que Joana, assumir o papel. “Nosso país tem milhões de problemas, e essa atriz de pele mais escura deve estar cansada de ouvir que não pode fazer um ou outro papel porque não é adequado para ela. Nesse caso, o papel é absolutamente adequado, então ninguém vai dizer que ela não pode fazer”.
A atitude de Taís é louvável, pois o que ela disse é um fato. Mulheres negras já têm dificuldades em conseguir algum tipo de visibilidade na mídia, e o colorismo delas restringe ainda mais as oportunidades devido à nossa sociedade preconceituosa e distintiva.
“Acho que essa inclusão é muito recente e nós vamos cometer falhas, e vamos cometer excessos. É um caminho que nunca trilhamos, e que não sabemos onde vai dar. Mas com certeza vai ser para um mundo diferente, mais justo, porque nesse aqui nós já vivemos demais e cansou”, afirma.
Taís sairá do papel principal, sim, mas não da produção do filme. Ela permanecerá atrás das câmeras ou, talvez, ganhará um outro papel dentro do longa. Ela também pretende participar de um segundo projeto, cujo objetivo é levar a vida e trajetória de Elza Soares para as telonas dos cinemas, e reforça a necessidade de praticar a representatividade.
“Não vale a pena fazer um filme sobre a Elza, uma mulher extremamente política, se você também não foi político nas suas escolhas. Não podemos ficar só na retórica, temos que partir para a ação”, conclui.