O príncipe Andrew e a advogada Virginia Roberts Giuffre, a mulher que o denunciou por abuso sexual, irão ao tribunal para julgar as acusações. Na última quarta-feira (3), Lewis Kaplan, juiz da corte distrital dos Estados Unidos, definiu em uma audiência o cronograma do julgamento sobre a ação movida por Virginia em agosto.
O processo ocorre com base nas alegações da advogada sobre ter sofrido abusos sexuais vindo do filho da rainha Elizabeth, o príncipe Andrew, entre os anos 1999 e 2002. Na época, ela tinha apenas 17 anos.
Ativista contra os crimes de tráfico sexual, ela prometeu não se calar em relação à violência que sofreu. “Hoje meu advogado entrou com uma ação contra o príncipe Andrew por abuso sexual sob a Lei das Vítimas de Crianças. Conforme o processo apresenta em detalhes, fui traficada para ele e abusada sexualmente por ele”, declarou.
Por três vezes, Virgínia teria sido obrigada a fazer sexo com o príncipe, mas ele alega que isso seria impossível e nega sistematicamente todas as acusações.
O juiz afirmou que o julgamento ocorrerá entre setembro e dezembro de 2022. Uma data específica não foi definida porque Lewis Kaplan preferiu abrir uma janela para potenciais atrasos do júri por conta da pandemia de Covid-19.
Segundo a CNN, o advogado da vítima, David Boies, e o advogado do príncipe, Andrew Brettler, esperam coletar depoimentos de 8 a 12 testemunhas, como ficou definido na teleconferência da última semana.
A lista de testemunhas ainda não foi divulgada, mas alguns nomes já são esperados. Entre eles está Sarah Ferguson, ex-esposa do príncipe Andrew, e as duas filhas do casal, a princesa Beatrice e a princesa Eugenie.
Beatrice é uma das testemunhas de maior interesse para o caso, já que Andrew nega uma das acusações que envolve sua filha mais velha.
Dois meses após a morte de Jeffrey Epstein, outro homem acusado de tráfico sexual, Andrew realizou uma entrevista com a BBC para esclarecer sua relação com o financista e falar sobre as alegações de Giuffre.
Virginia alega que o príncipe dançou com ela na boate Tramp de Londres antes do abuso sexual em uma mansão no bairro nobre de Belgravia. Andrew, porém, negou: “Não, isso não poderia ter acontecido porque o encontro está sendo sugerido que eu estava em casa com as crianças”.
“Eu levei Beatrice a um Pizza Express para uma festa às quatro ou cinco da tarde, suponho. E então porque a Duquesa (Sarah Ferguson) estava fora, nós temos uma regra simples na família que, quando um está fora, o outro está lá. Eu estava de licença terminal na época da Marinha Real, então, portanto, eu estava em casa”, justificou Andrew.
Durante a denúncia, a advogada pediu justiça pela violência sofreu. “Estou responsabilizando o Príncipe Andrew pelo que ele fez comigo. Os poderosos e os ricos não estão isentos de serem responsabilizados por suas ações. Espero que outras vítimas vejam que é possível não viver em silêncio e medo, mas para recuperar a própria vida falando e exigindo justiça”, afirmou.
Na entrevista à BBC, Andrew afirma que não lembra da foto que aparece com o braço na cintura de Virginia, que tinha apenas 17 anos na época. “Não tenho absolutamente nenhuma lembrança dessa fotografia sendo tirada”, disse.
“Não me lembro daquela fotografia alguma vez tirada”, afirmou. “Não me lembro de ter subido as escadas da casa, porque aquela fotografia foi tirada no andar de cima e não estou totalmente convencido de que sou eu (…) Não podemos ter certeza se essa é ou não minha mão sobre ela, seja lá o que for”, disse.