Pierre Baitelli e Maria Padilha
Foto: Rede Globo
Ele aceitou o papel que Reynaldo Gianecchinni recusou. E o desafio é grande. Pierre Baitelli tem a tarefa de interpretar Carlo Bergantti, o primeiro vilão gay da história da televisão, na minissérie Cinquentinha. Medo? Superação e determinação fazem parte da vida desse jovem rapaz, de 26 anos. Com oito anos, ele já sabia o que queria fazer da vida. Logo após assistir uma peça com a sua mãe, ele descobriu que queria ser ator. Aos 15 anos se mudou sozinho para o Rio de Janeiro para estudar teatro. E parece que toda a entrega teve a sua recompensa. A primeira oportunidade aconteceu em 2008, ao participar da minissérie de Luiz Fernando Carvalho, Capitu. Esse ano, ele conquistou um papel de destaque no espetáculo O Despertar da Primavera, de Charles Möeller e Cláudio Botelho, e agora a chance de trabalhar com Wolf Maya na trama de Aguinaldo Silva. Saiba mais sobre esse jovem ator que saiu de Petrópolis querendo conquistar o mundo!
Como foi a preparação para o personagem?
Eu não tive muito tempo para preparação, já que o convite foi feito meio em cima da hora. Acho que um mês antes de gravar. Então eu recebi o roteiro, no dia que o Wolf me fez o convite, e a gente só tinha uma parte dele. Eu não tinha noção do que seria o personagem. Então emprestei a minha vivência no teatro para compor o Carlo. Foi um processo bacana, já que é uma outra linguagem.
E a reação do público?
Isso a gente não sabe. Eu não ligo muito para as críticas. Quanto a receptividade do público a gente não tem como prever. Acho que se criou uma coisa muito grande em relação ao fato dele ser vilão e homossexual. Acho que a receptividade vai ser boa como um todo. A minissérie tem um ritmo bom. O horário que vai ser exibido vai ser um ganho. É uma história mais próxima do público.
Como será a personalidade de Carlo?
O próprio Aguinaldo disso em entrevista ao Globo que não teve muito tempo de dissecar bem e criar bem as nuances do personagem. Então o personagem acabou que ficou mais na relação que ele tem com a mãe e na busca pela herança. O vilão fica mais na maldade do que nos atos. De qualquer forma está ali a maldade dele, na sagacidade. Ele é uma cobra criada.
E a relação do Carlo com a mãe Leonor (Maria Padilha)?
A personagem da Padilha é uma lacraiazinha. Ela adora que o filho seja perverso também. Eles têm essa relação quase de amigos. São cúmplices.
O fato de ser um personagem homossexual te trouxe alguma dúvida em aceitar?
Eu quis conversar antes com o Wolf para saber onde o personagem ia caminhar. Ver qual a importância dele ser homossexual. E nos chegamos a conclusão que o que fica latente é o mau caratismo dele. Ele ser homossexual é secundário. E uma coisa que vem como artimanha pra conquistar as pessoas e chegar mais perto da herança.
Como está abordando a homossexualidade dele na atuação?
Fica mais na insinuação. Eu procurei fazer ele de uma forma neutra. A maioria das vezes nas novelas o homossexual é estereotipado. Eu estou fazendo um cara normal, e que é por acaso é homossexual. Isso está em segundo plano. Não é escancarado. É mais insinuado.
Em Despertar da Primavera você faz o mocinho e em Cinquentinha, o vilão. Como você compara os dois papéis?
Na peça é um mocinho. Ele conquista a mocinha e tal. Mas ele é o grande detonador de todas as catástrofes da peça: a morte do amigo e a perda do amor. E no final ele acaba sendo o grande vilão. E em Cinquentinha é totalmente oposto, é escancarado.
E o teatro na sua vida…
Eu comecei a estudar teatro aos oito anos, com a Monah Delacy, e com 15 anos eu vim para o Rio de Janeiro pra dar continuidade nos estudos. A minha aprendizagem é o teatro.
Minha casa é o teatro. Depois dos 15 anos comecei a fazer profissionalmente, e não parei mais.
O que você gosta de fazer quando não está trabalhando?
Eu sou muito caseiro. E, no momento, fazendo O Despertar da Primavera e Cinquentinha eu não tenho tido muito tempo para lazer. Quando tenho, gosto de ficar em casa. Aí, chamo os amigos para ir à minha casa, ou vou para casa deles, também gosto de jantar fora, cinema, teatro. Não curto muito boates.
Qual a maior dificuldade que você enfrentou quando veio para o Rio de Janeiro?
A maior dificuldade foi estar sozinho… Estar sozinho é ter que cuidar da sua própria vida. É a responsabilidade que você teria quando fosse mais velho. E, na carreira, foi entrar no meio. É muita gente querendo. Muita gente estuda teatro e quer a mesma coisa.
A sua família te apóia?
Sempre tive apoio da minha família. Eu sempre quis isso. Desde criança foi o teatro. Aos sete anos vi um cara no palco, e aquilo me deixou encantado. Desde o início eles viram que a coisa fluía para mim. E, estudando com a Monah, ela me incentivava muito. Meus pais me incentivaram muito, também.