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Paulo Coelho: ‘Todo mundo pode cair em tentação e ser fraco, não justifica o fim de um casamento’

O escritor descobriu história sobre traição feminina em pesquisas anônimas nas redes sociais e transformou o delicado tema em livro

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 15 jan 2020, 07h06 - Publicado em 24 mar 2014, 21h00
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  • Paulo aproveita a tranquilidade do local, que tem vista para a Praia do Guincho e as colinas de Sintra
    Foto: Sergio Zalis

    Todo mundo pode cair em tentação e ser fraco, mas isso não justifica o fim de um casamento.” Por tentação, entenda-se adultério, um tema controverso que Paulo Coelho, 66 anos, autor da frase acima, tirou de debates em fóruns de redes sociais em que circula anônimo. Sim, um escritor best-seller que já vendeu mais de 160 milhões de livros, traduzidos para 80 idiomas, circula pela web para conversar, descobrir histórias. E a que está nas 240 páginas do livro Adultério, Editora Sextante, que será lançado em abril, pergunta o que levaria uma mulher casada com um milionário suíço, dois filhos e uma carreira de jornalista bem-sucedida a procurar aventuras sexuais? E o tema é o adultério feminino, o mais delicado, como conta Paulo em papo com CONTIGO!, durante um evento tradicional e importante de celebração da amizade, que acontece anualmente patrocinado pelo autor, a festa de São José, que em 2014 se realizou no Hotel Fortaleza do Guincho, em Cascais, Portugal.

    “O meu livro mostra a história de uma mulher que se sente entediada pela vida. Ela tem tudo para ser feliz. Um marido que a ama, dois filhos adoráveis e um trabalho que gosta. Mas um dia acorda infeliz desejando uma aventura. A nossa sociedade faz diferentes leituras sobre o tema. Se o homem trai, não é tão sério quanto se uma mulher trai. Quando se vê um homem com uma garotinha, as pessoas toleram, mas se veem uma mulher casada com um rapaz mais jovem, todos vão julgá-la e a considerar uma aberração. As mulheres sofrem muito mais preconceitos do que os homens. É muito mais difícil aceitar a traição feminina e, por isso, me centrei no adultério feminino”, explicou Paulo.

    O assunto era para ter se transformado em um post, em meio às pesquisas do autor – que descobriu que o problema que mais afeta o ser humano é a depressão, mas o que realmente quer falar é sobre o adultério. “Perguntei se queriam falar sobre o primeiro assunto e a resposta foi negativa. Preferiram o segundo. O trabalho de um escritor é descobrir o seu tempo. Há muitos anos vi um filme sobre a sexualidade baseado no Relatório Kinsey (publicado em 1948 pelo autor americano Alfred Kinsey), que tratava do comportamento sexual dos seres humanos. Esse estudo liberou muitas pessoas que começaram a achar certos comportamentos sexuais mais normais. O sexo deixou de ser uma monstruosidade.”

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    Paulo Coelho: 'Todo mundo pode cair em tentação e ser fraco, não justifica o fim de um casamento'

    O autor, nas escadas do Hotel Fortaleza do Guincho, construído como um forte no século 17, em Cascais, Portugal
    Foto: Sergio Zalis

    O escritor quis fazer uma reflexão entre o amor convencional entre duas pessoas e os comportamentos sexuais considerados “desajustados” pela sociedade. “Resolvi contar uma história baseada em fatos reais. Escolhi uma das pessoas de quem ouvi o depoimento nas redes sociais, troquei seu nome e a profissão e contei a história de uma mulher de 31 anos. O livro se passa em Genebra, na Suíça”, explica Paulo. O adultério ainda suscita polêmicas e preconceitos por se tratar do amor numa de suas formas transgressivas. E Paulo sabe que seus milhões de leitores poderão entender a polêmica de formas inusitadas: “Será que alguém vai dar para sua mulher um livro chamado Adultério? Por exemplo: um casal está deitado e a esposa lendo um livro chamado Adultério ao lado do marido. Isso pode parecer que tem alguma coisa errada nessa relação. Meus editores se preocuparam com esse tema, mas fui intransigente. Afinal, esse foi o livro que quis escrever e o título que dei. Raramente fazemos isso de lançar um livro mundialmente, mas os editores acabaram acreditando e embarcando”.

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    Amor e espiritualidade

    Para quem se pergunta se o tema está fugindo de suas obras que tratam de busca espiritual, Paulo explica: “Abordo os aspectos místicos em Adultério da mesma maneira como em Onze Minutos (2003): o amor como fonte de energia, que é sempre uma coisa espiritual. Quero discutir temas que são tabus de maneira honesta, sem ter a pretensão de passar uma mensagem. Estou abordando como as pessoas reagem frente a uma traição”. O autor já vendeu os direitos do livro antes de os editores lerem, um privilégio de quem tem 9 milhões de seguidores no Twitter e 18,5 milhões de curtidores no Facebook, além de seu número todo de obras vendidas. Mesmo com esse séquito de leitores, Paulo escolheu o anonimato para ter a liberdade de ouvir e falar de assuntos polêmicos, garimpar histórias que seriam as mais próximas de verdadeiras, dentro de um papo online.

    Paulo Coelho: 'Todo mundo pode cair em tentação e ser fraco, não justifica o fim de um casamento'
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    “Será que alguém vai dar para sua mulher um livro chamado Adultério? (…) Isso pode parecer que tem alguma coisa errada nessa relação”
    Foto: Sergio Zalis

    Você não está só

    “A investigação nas redes sociais foi uma nova maneira de trabalhar. Lendo as histórias e me colocando anonimamente nas redes, pude me aproximar das angústias e das dúvidas das pessoas que vivem esse tipo de problema. Existem portais dedicados a isso. A beleza da internet é poder dividir os seus problemas com outras pessoas. Assim como o Relatório Kinsey ajudou milhões de pessoas a resolverem a sua sexualidade, as redes sociais podem colaborar para as pessoas não se sentirem sozinhas, colocando-se diante de outras que estão vivendo as mesmas experiências. Isso pode ajudar a resolver problemas”, afirma Paulo.

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    E é exercendo essa liberdade que o autor continua ampliando seu alcance: “Sou um escritor que vivo do meu trabalho. O que espero é ser um exemplo feito o Jorge Amado foi para mim. Se eu vivo de literatura, outros viverão. Eu coloco o melhor de mim nos meus livros, mas sem me preocupar com mensagens. Não estou vendendo a salvação, mas a minha obra dá exemplos que o sonho é possível”.

    Comemoração a São José

    Com amigos vindos dos mais distantes lugares do mundo, Paulo Coelho celebrou o dia de seu santo padroeiro, São José, numa festa no Hotel Fortaleza do Guincho, em Cascais, Portugal. Ao contrário do que muitos imaginam, a data de 19 de março não é o aniversário do escritor (no registro, é 24 de agosto), mas resultado de uma promessa feita por sua mãe ao nascer. “Todo ano faço essa festa em algum lugar do mundo. O maior dom que um ser humano pode ter é a amizade. E sou sustentado pelo amor dos amigos que me acompanham. A celebração é uma promessa feita pela minha mãe a São José, porque eu sobrevivi ao nascimento, que foi complicado. Depois de percorrer o Caminho de Santiago, em 1987, resolvi manter essa promessa, que ressalta a base da fé e da amizade essenciais à vida. Assim, sempre convido meus amigos para celebrar este momento comigo, em algum lugar do mundo,” conta Paulo.

    Depois das orações a São José, feitas em 20 diferentes idiomas, os convidados viveram uma verdadeira aventura gastronômica saboreando pratos exóticos da culinária portuguesa. Um cardápio à base de bacalhau, frutos do mar e cordeiro deliciou paladares e certamente deixou saudade. Foi seguido de sobremesas como sericaia com ameixas de Elvas, pudim abade de priscos e toicinho do céu. Os vinhos escolhidos foram da safra especial de Duque de Viseu, brancos, tintos e o de denominação de origem controlada português, Verde. Mas o melhor da noite estava reservado para uma apresentação da mais famosa fadista portuguesa da atualidade, Mariza. Cantando sem microfone, a fadista mostrou a potência de sua voz com melodias e poemas que retratam o melhor da cultura portuguesa. Entusiasmado com a beleza das canções, Paulo Coelho arriscou-se a interpretar um fado para os convidados, auxiliado pela artista portuguesa. A noite de São José seguiu com muita dança, animada por uma banda que interpretou músicas brasileiras, seguida por um grupo de rock e DJs. No fim da festa, os convidados ainda puderam saborear o tradicional caldo verde português.
     

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    Paulo Coelho: 'Todo mundo pode cair em tentação e ser fraco, não justifica o fim de um casamento'

    Paulo Coelho, no centro do palco, cercado por amigos, durante a leitura das orações a São José em 20 idiomas, no Hotel Fortaleza do Guincho, em Cascais, Portugal
    Foto: Sergio Zalis

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