Para convencer como um homem,
a atriz partiu da idéia de que os
homens não são durinhos
Foto: RAFAEL FRANÇA
Há três anos, Mônica Martelli montou, no Rio de Janeiro, Os Homens São de Marte… e É para Lá Que Eu Vou. O boca a boca foi tão grande, que a autora e estrela da peça ficou rapidamente conhecida. Depois do sucesso teatral, a atriz participou dos filmes Só por Hoje, Trair e Coçar É Só Começar e Gatão de Meia-Idade. Mas ainda faltava um bom personagem na TV. Não falta mais.
A Helena, de Beleza Pura, veio preencher essa lacuna. A atriz, claro, está fazendo a festa no papel da mulher que se veste de homem, inspirada no filme Meninos Não Choram. A transformação em Mateus (o marido de Helena, vivido por Rodrigo Veronese, que desapareceu por um tempo) dá trabalho – leva cerca de 40 minutos para ficar pronta -, mas está valendo a pena. E, embora tenha sido escrito para Dira Paes (que ficou grávida e não pôde fazê-lo), o papel caiu como uma luva em Mônica.
Também experiência não lhe falta. É que, em Os Homens…, atualmente no Teatro Procópio Ferreira, em São Paulo, a atriz encarna vários papéis masculinos. Aliás, a fase de muito trabalho é comemorada por Mônica, que, finalmente, vê seu talento reconhecido depois de 15 anos de carreira. “Minha vida é antes e depois da peça. Antes, eu fazia uma tartaruga no programa da Angélica. Você vê que a vida mudou (risos)”. E como! Aos 40 anos, Mônica se prepara para adaptar Os Homens… para o cinema e lançá-lo em livro. Pois é, os tempos de figuração na TV ficaram para trás.
Helena
“Para mim, se perguntassem: ‘qual é o adjetivo dessa mulher?’, eu diria, ‘corajosa’. Ela é corajosa, objetiva. Então, aquilo… Bola para frente, página passada, vamos adiante. A Helena é isso. No desespero, ela mergulha, vai.”
A transformação
“Eu comecei vendo todos os filmes de mulheres que fazem homens. Para ver de que linha eu gostava mais e me identificava. Vi desde filmes dramáticos até comediazinhas. E reparei como é bacana mulher fazendo homem: é pequenininho, quase nada. Consiste só num gestual. Depois, assisti a filmes das décadas de 50 e 60, dos galãs, para pegar um olhar, uma coisa de homem.”
Meninos Não Choram
“Dos filmes a que assisti, destaco o Meninos Não Choram. A atuação da Hilary Swank é impecável. Então, depois disso, passei a ver filmes de homens para saber o jeito que eles param. A gente tem uma mania de achar que homem é durinho… Homem não é durinho; é normal. Para não ficar caricato, tem de ser crível. Se as pessoas da novela acreditam que eu sou homem, o público tem de acreditar também.”
Os Homens São de Marte… e É para Lá Que Eu Vou
“Não paro jamais (de fazer a peça). Fico em São Paulo até o final de Beleza Pura. Quando acabar a novela, em outubro, vou para Portugal por dois meses, depois viajo o Brasil inteiro com ela.”
Muito trabalho
“Gravo de segunda a quinta e toda sexta, de manhã, vou para São Paulo e volto domingo, no último vôo. Mas como tudo na vida é fase, passa. As pessoas perguntam: ‘Você não se cansa de fazer a peça?’ Não canso, não, amor. Cansar é ficar em casa sem trabalho. Isso cansa.”
Antes e depois
“A minha peça é o antes e depois da minha vida. Antes, eu fazia uma tartaruga no programa da Angélica, agora eu interpreto a Helena em Beleza Pura. Você vê que a vida mudou bastante (risos).”
Figuração
“Considero Beleza Pura a minha primeira novela. Mas fiz, há 11 anos, Por Amor, de Manoel Carlos. Era a secretária do personagem do Antonio Fagundes. Um papel menor. Então, a Helena realmente é o meu primeiro personagem numa novela.”
Cinema e livro
“Vou fazer o filme da peça, que está em fase de captação. Farei junto com outras pessoas, mas o roteiro final é meu porque a história é minha, eu que passei por aquilo tudo. A direção será do Juarez Precioso e a filmagem deve começar em janeiro de 2009. E tem um livro da peça que sairá pela Editora Record. Aliás, eu já estou atrasada. Passo por uma livraria e fico apavorada (risos).”