Meghan Markle contou que em julho deste ano sofreu um aborto natural. Com franqueza, a duquesa de Sussex descreveu a dor física e emocional que sentiu para abrir espaço para a discussão sobre um luto comum, porém pouco tratado. “Uma dor insuportável, vivida por muitos, mas falada por poucos”, escreveu no artigo “ The Losses We Share”
Mãe de Archie, ela perdeu seu segundo filho com o príncipe Harry, com quem é casada desde 2018, e percebeu o que acontecia ao sentir uma forte contração logo após trocar as fraldas de Archie.
“Senti uma cãibra forte. Caí no chão com ele em meus braços, cantarolando uma canção de ninar para nos manter calmos, a melodia alegre, um forte contraste com a minha sensação de que algo não estava certo. Eu sabia, enquanto agarrava meu filho primogênito, que eu estava perdendo meu segundo”, relatou.
No hospital, ao tocar a mão de Harry molhada pelas lágrimas, Meghan conta que se perguntou como o casal conseguiria se curar da perda. O fato de o tema ainda ser tabu, rodeado de vergonha, faz pesar um ciclo de luto solitário para quem vive situações como essa.
O acolhimento, demonstrado pelo interesse genuíno no outro, foi na visão da duquesa, a chave para o início do processo de cura. “Me lembrei de uma vez no ano passado quando Harry e eu estávamos no fim de uma longa viagem à Africa. Eu estava exausta. Estava amamentando nosso filho e tentando manter as aparências aos olhos do público. ‘Você está bem?’ um jornalista me perguntou.
A resposta honesta de Meghan ressoou pelo mundo e muitas mulheres se identificaram: “Obrigada por perguntar. Pouca gente me pergunta se estou bem”, disse a duquesa à época. Sua afirmação ganhou as manchetes na época.
Deitada no hospital, relembrando essa passagem Meghan se deu conta de que a “única maneira de começar a curar é primeiro perguntando: você está bem?”. Para responder se, hoje, ela e Harry estão bem Meghan recordou o difícil momento pelo qual a humanidade atravessa. “Esse ano colocou tantos de nós em situações limite”.
Além das mortes por coronavírus, Meghan também cita casos de violência envolvendo racismo policial nos Estados Unidos, como o assassinato de Breonna Taylor e de George Floyd, e o que definiu como adoecimento e a polarização da população.
“Além de tudo isso, parece que não concordamos mais sobre o que é verdade. Não estamos apenas brigando por nossas opiniões sobre os fatos; estamos polarizados quanto ao fato de o fato ser, de fato, um fato”, diz.
Essa divisão da sociedade aliada à necessidade de isolamento por conta da pandemia, prejudica, justamente. o interesse o interesse genuíno nos sentimentos dos outros, o primeiro degrau do caminho até a cura emocional.
“Na dor de nossa perda, meu marido e eu descobrimos que em, um quarto, com 100 mulheres, 10 a 20 delas sofreram aborto espontâneo”, diz. Embora algumas tenham compartilhado suas histórias,o silêncio ainda impera quando o assunto é a perda gestacional, por isso o acolhimento é tão necessário. “Aprendemos que quando as pessoas perguntam como qualquer um de nós está e quando realmente ouvem de coração a resposta e com a mente aberta, o fardo da tristeza geralmente fica mais leve – para todos nós”.