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Matthew McConaughey: “Quero ser um bom homem, marido e pai”

Casado com a brasileira Camila Alves e pai de três filhos, o futuro não poderia ser melhor para o ator

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 15 jan 2020, 00h25 - Publicado em 6 nov 2014, 21h00
Jan Janssen e Ricardo Ivanov - Edição: Contigo!Online (/)
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Ao lado da esposa, Camila, durante a premiere de seu novo filme, Interestelar
Foto: Stuart C. Wilson/Getty Images

Matthew McConaughey, 44 anos, era para ser apenas um advogado de defesa. Era para ser e pronto, segundo sua família. Mas, aos 20 e poucos anos, este texano decidiu parar tudo e pensar um pouco mais adiante, trocando o curso de direito pelo de cinema. Dezoito anos depois, parou tudo de novo e reformulou a vida e a carreira – chega de papéis de galãs e comédias românticas. Não quis nem saber de 15 milhões de dólares mais 15% de bilheteria de uma refilmagem para o cinema do seriado oitentista Magnum. Assim, procurando qualidade, se tornou o ator mais bem-sucedido em Hollywood no quesito se reinventar, faturando um Oscar por Clube de Compras Dallas (2013) e rasgados elogios pela série True Detective (2014) – que pode voltar a fazer, segundo nosso papo exclusivo com o ator. “Sinto que a maré mudou e que estou em um novo caminho”, explica.

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Casado e realizando seu sonho primal, o de ter uma família (com a modelo brasileira Camila Alves, 32, e os filhos, Levi, 6, Vida, 4, e Livingston, prestes a completar 2 anos, em dezembro), Matthew curte a melhor fase de sua vida, até deixando um pouco de lado sua cor preferida na hora de se vestir, o laranja. Agora os papéis são escolhidos a dedo, como em Interestelar, aguardadíssima ficção científica de Christopher Nolan, 44 (da trilogia Batman nos cinemas), que mostra um fazendeiro e ex-piloto em um planeta Terra decadente e sem futuro e que é levado por forças desconhecidas a um projeto da Nasa que procura novos planetas habitáveis em outras galáxias.

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Como você se sente sendo marido, pai e tendo a própria família?

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Eu sempre me lembro do tipo de espírito que existia na minha casa, com meus pais. Eles me deram exemplos sobre o tipo de homem que deveria aspirar a ser e eu nunca abandonei isso. Mesmo que isso tenha levado um certo tempo para mim, sempre esteve nos meus pensamentos achar uma grande mulher, me aquietar e ter minha família. Eu tenho muita sorte de ter Camila a meu lado, me ajudando e dando a liberdade para trilhar minha carreira. Mesmo quando estava perdendo peso para o papel em Clube de Compras Dallas. Ela sabia o quão comprometido eu estava, mesmo eu começando a ficar emburrado em casa. Eu não conseguiria ter alcançado o que alcancei sem seu amor e apoio. Existe um espírito que me guia. Quero ser um bom homem, marido e pai e fazer tudo o que puder para alcançar isso.

O filme Amor Bandido (2012) foi a razão de Christopher Nolan querer você em Interestelar, não?
(Risos) É verdade! Estávamos em uma premiação e ele me disse o quanto adorou Amor Bandido. O quanto ele “realmente, realmente amou” o filme e minha atuação. Algumas semanas depois eu voei para Los Angeles e me encontrei com ele para falar sobre trabalhar em Interestelar e passamos uma tarde falando sobre tudo, exceto Interestelar (risos). Ele queria “me ler” um pouco, acho. Quando me ofereceu o papel, disse que Amor Bandido é o que o tinha realmente convencido.

Matthew McConaughey: "Quero ser um bom homem, marido e pai"

Em Interestelar, Cooper (Matthew McConaughey), Amelia (Anne Hathaway) e o chefe (David Oyelowo) tiram mais um astronauta da hibernação
Foto: Warner Bros Entertainment/Paramount Pictures

Como você se sente sobre Interestelar?

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Estou orgulhoso de ter trabalhado com Nolan e posso dizer que Interestelar é seu filme mais ambicioso. Até ver o filme finalizado, não tinha a menor ideia de como ele seria. Estou sabendo agora, no mesmo tempo de todo mundo que irá ver o filme no cinema.

Ganhar um Oscar é um certo tipo de vingança para você?
Não vejo assim. Vejo como um reconhecimento por meu trabalho em um filme muito bom e talvez, de certa forma, como um reconhecimento pelo que fiz em minha carreira. Eu sempre acreditei que coisas boas viriam se você tem propósitos claros, é dedicado e se mantém verdadeiro a seus princípios. Eu dei um passo para trás recusando grandes filmes para que tivesse uma carreira mais interessante e significativa, não me importando quanto tempo levasse ou as consequências disso. Um filme como Clube de Compras Dallas e um papel como o de Ron Woodward (a vítima de aids que interpreta no longa) nunca teriam aparecido se eu não tivesse escolhido repensar as coisas.

Você era para ter se tornado um advogado, não?

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Estava estudando para ser um advogado na Universidade do Texas, acordei uma manhã e disse: “Quer saber? Não quero ir para a faculdade e então vou dar o fora ao chegar a meus 28 anos? De jeito nenhum, cara. Eu quero tentar fazer algumas outras coisas”. Mais um pouco e eu não conseguiria trocar meus créditos e mudar para o curso de cinema.

Você também passou um tempo na Austrália antes da universidade, não?
Eu me mandei para a Austrália durante um ano e trabalhei como assistente de um advogado, porque estava interessado em estudar legislação. Adorei o país, aquele deserto e tudo o mais. Também aprendi muito com os australianos – eles não aturam besteira de ninguém e aprendi a ter um pouco de humildade também. É libertador ser capaz de apreciar esse tipo de clima e as sensações que têm justamente por conhecer novas pessoas e explorar pequenas cidades.

O que seus pais acharam de você largar a carreira de advogado?
Eu me lembro dos 15 segundos de pausa ao telefone quando disse isso a meu pai e a minha mãe. E eu estava nervoso do outro lado da linha. Um: porque eles estavam pagando pelo curso. Dois: porque já estava decidido que eu seria um advogado. Eu estava resignado com isso, mas não estava dormindo muito bem com a ideia.

Você estava desiludido com sua carreira antes de topar fazer pequenos projetos como Amor Bandido e Killer Joe – Matador de Aluguel (2011)?
Eu estava tentando descobrir que tipo de filme me inspirava e me deixava animado. Não queria só fazer filmes por fazer. Entrei nesse negócio porque adorava filmes. Perdi essa animação ao longo do caminho e passei então a querer interpretar personagens em que sentisse que poderia trazer algo único e original a eles. Também queria trabalhar com diretores mais originais, que tivessem uma visão mais particular e que estivessem fazendo filmes que se sobressaíssem ao longo do tempo. Já era hora de focar em achar histórias e personagens fabulosos e não comecei a trabalhar enquanto não senti assim a respeito de um projeto.

Além do Oscar, você foi indicado ao Emmy por seu trabalho em True Detective. Como agora, olhando para trás, vê seu trabalho na série?
Poxa, foi uma das experiências mais enriquecedoras que tive como ator. Foi tão legal para mim interpretar o papel quanto assistir aos episódios, como todo mundo em casa. Eu adorei como a série nos deixava à beira do abismo todo tempo no fim de cada episódio. O que viria depois? Achei uma história muito original e o tipo de atmosfera criado foi impressionante. Eu me comprometi com o projeto depois de ler o roteiro dos dois primeiros episódios. Eram tão bem escritos que não haveria jeito de aquilo não se transformar em algo muito especial. A única condição que coloquei ao aceitar a série foi que não faria uma segunda ou terceira temporada, não queria esse tipo de compromisso. Mas no fim foi tão legal que não vejo a hora de voltar ao personagem.

Como você vê seu personagem Rust Cohle, de True Detective?
Eu o vejo muito vazio e triste com a vida. Ele se tornou muito cínico e consciente de seu mundo e eu o interpretei muito estoicamente (impassível). Eu tive de forçar a mim mesmo a me segurar, porque essa era a essência de quem ele havia se tornado, apesar de me preocupar que talvez eu não estivesse fazendo muita coisa e as pessoas poderiam achá-lo entediante. Mas sabia que havia um outro lado dele e que deveria ser paciente e esperar por esse outro eu dele, de seu tempo como um agente do narcotráfico por 17 anos, que seria revelado depois.

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