Já se passaram quase 10 anos, mas ainda hoje a cantora Maria Rita, de 44 anos, ainda recebe críticas e ataques por ter gravado um álbum em homenagem a sua mãe, Elis Regina (1945-1982), em 2012. Na noite de quarta-feira, ela desabafou no Twitter sobre as comparações que fazem entre as duas e diz que deseja apenas “buscar alguma paz”.
“Acho curioso quando dizem que têm ranço de mim porque eu dizia que não gostaria que me comparassem a minha mãe (no início da minha carreira), mas gravei um disco/dvd em homenagem a ela (dez anos depois)”, escreveu Maria Rita. Ela rejeita comparações com a mãe por “ser livre” para cometer seus erros e ter suas conquistas, escrevendo “uma história distinta à dela”. “E ninguém se compara à incomparável. Ninguém”, arrematou.
🗣🗣🗣 acho curioso quando dizem que têm ranço de mim pq eu dizia que não gostaria que me comparassem à minha mãe (no início da minha carreira) mas gravei um disco/dvd em homenagem a ela (10 anos depois).
— Maria Rita (@MariaRita) January 12, 2022
O desabafo acontece a poucos dias da morte de Elis completar 40 anos, no dia 19 de janeiro. Maria Rita tinha quatro anos quando a mãe faleceu, aos 36, em São Paulo, e foi criada pelo pai, o pianista e arranjador César Camargo Mariano. Tendo crescido cercada de música, começou a cantar profissionalmente em 2002, aos 24 anos.
Em 2012, ganhou o Grammy Latino na categoria de Melhor Álbum de Música Popular Brasileira com o disco Redescobrir, justamente gravado no show homônimo que percorreu o país entre 2012 e 2013 em homenagem a Elis. Desde então, Maria Rita ganhou outras sete estatuetas na premiação, mas nenhum prêmio foi suficiente para aplacar as críticas do público.
No Twitter, a cantora escreveu que não entende “esse lance de exaltarem a mãe a partir de ataques à filha”. “É feio. Ninguém gostaria de passar por isso, principalmente uma mãe. A não ser que a mãe fosse meio psicopata, que definitivamente não era o caso de minha mãe.”
A cantora chegou a explicar um aspecto técnico para ressaltar porque as comparações não têm fundamento: enquanto sua voz é mais grave e mais “suave”, pois ela é alto/contralto, Elis era alto/soprano. “Para além disso, nossas interpretações não são iguais. E, sim: as delas são e sempre serão infinitamente melhores do que quaisquer cantoras, não só euzinha aqui”, disse.
Maria Rita lembra que não cresceu na era do YouTube e que, quando era criança, ainda não existiam documentários sobre sua mãe, por isso ela nunca aprendeu a “imitar” Elis. “Quando eu subo no palco, eu só penso naquele momento, em sobreviver. Foco na canção. Não penso nela e nem em ninguém.”
“Eu não quero ser igual à minha mãe”, continua a cantora. “Só quero buscar alguma paz dentro desse cenário onde a Elis é de todos mas a mãe é minha. Aliviem, vai”, pede ela, acrescentando que já tem 20 anos de carreira, oito Grammys e diversas turnês nacionais e internacionais.
Maria Rita conclui seu desabafo reconhecendo seu próprio mérito como cantora, mas reafirmando que não chega “aos pés de dona Elis”. “E quem chega?”, conclui.