Marcello Antony
Foto: Divulgação/TV Globo
Aos 48 anos, Marcello Antony sai pela primeira vez, em muitos anos, da zona de conforto dos galãs de novelas. E graças a seu polêmico personagem em Amor à Vida : o bissexual Eron. Animado com o desafio, o ator espera que o advogado faça com que as pessoas respeitem as diferenças, principalmente no que se refere à sua opção sexual. E o ator garante que não está preocupado com o tão falado beijo gay na TV. Confira!
De onde você tirou a inspiração para compor o Eron, de Amor à Vida?
Do seriado americano Brothers & Sisters . O programa tinha um personagem exatamente como o meu. Eles são iguais até na profissão (o ator se refere ao Kevin, papel de Matthew Rhys, que, na trama, também era advogado).
Acha que o Eron irá quebrar tabus?
Só de estar fazendo parte de um casal homossexual no horário nobre da maior emissora do país já é um tabu quebrado. É o que me faz querer mergulhar fundo num assunto tão comum hoje em dia. A novela vai abordar vários temas, mas acredito que a homossexualidade, em especial, vai ser colocada de um jeito como nunca foi feito antes. Vai fazer com que a sociedade fale e pense abertamente a respeito.
Marcello Antony e Thiago Fragoso como Eron e Niko de Amor à Vida
Foto: Divulgação/TV Globo
Como ficará a relação de Eron e Niko (Thiago Fragoso) quando Amarilys (Danielle Winits) for escolhida para ser a barriga de aluguel do casal?
Por ser bissexual, é normal que Amarilys mexa com o Eron, mas todo casal passa por uma crise. E eu espero que o público acabe torcendo para que ele e Niko fiquem juntos. Se isso não acontecer, não terá sentido nenhum essa trama ser desenvolvida.
Seus filhos podem ver a novela?
Meus filhos (o ator é pai de Stephanie e Francisco, do casamento com a atriz Mônica Torres, e de Lorenzo, de seu relacionamento com Carolina Hollinger Villar) dormem cedo porque acordam às 5h para o colégio. Mas, se não dormissem, poderiam ver com uma orientação, sabendo o que está rolando.
Conversou com eles sobre o papel?
A gente conversa bastante sobre tudo e, principalmente, sobre esse meu personagem ser bissexual. Eles riram à beça quando contei como seria. As crianças de hoje estão muito mais espertas do que a gente possa imaginar. Falo sempre para eles que é preciso respeito em relação a qualquer coisa. Tem que dar o respeito até para ser respeitado.
Com 17 anos de carreira (sua estreia foi em O Rei do Gado, em 1996) ainda se sente inseguro com um trabalho?
Confesso que a cada trabalho ainda tenho dúvidas se consigo fazer o personagem. Por isso que ainda sou ator… Ainda tem muita coisa legal para ser feita.
Sente-se realizado em sua carreira?
Sempre bati cabeça para saber o que eu ia fazer da vida. E, quando entrei no teatro, há quase 20 anos, vi que ali tinha um coração. A partir daquele momento pensei: “Agora, sim, me realizei!”.
A fase de galã passou?
Não sei… Mas é ótimo pegar outras nuances de personagens. Você não cresce profissionalmente fazendo papéis repetidos.
Está preparado para as críticas e cobranças em relação ao tão falado beijo gay, que pode acontecer?
Acho que o ator tem um papel social. Eu quero mais que dê polêmica e pensem o que quiserem. Estou aberto a críticas mesmo. Alguém tem que iniciar.
Na hora de gravar a novela, o improviso acontece, ou o texto tem que estar prontinho na cabeça?
Para mim o texto tem que estar sempre pronto na cabeça. Tenho muita dificuldade em criar cacos. E já soube que o Walcyr (Carrasco, autor) odeia cacos. Nessa me dei bem (risos)!