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Livres para tirar a roupa: como a nudez chegou à televisão brasileira

Os personagens da teledramaturgia acompanharam os movimentos de liberação do corpo e mostraram quase tudo na TV

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 15 jan 2020, 04h07 - Publicado em 15 jun 2014, 21h00
Paulo Cabral (/)
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Livres para tirar a roupa: como a nudez chegou à televisão brasileira

Sonia Braga foi a pioneira na sensualização de uma personagem ao protagonizar Gabriela
Foto: Ricardo Chaves

Enquanto o teatro e o cinema davam passos ousados na questão da liberação sexual, que eclodiu nos anos 1960 e se tornava cada vez mais popular na década seguinte, a teledramaturgia demorou para explorar a sexualidade de seus personagens e romper mais esse tabu. O padrão do herói viril e da mocinha pueril foi sendo quebrado aos poucos e o máximo que se via era atores em roupas de banho sem conotação sensual. As novelas das 10 da Globo foram as que começaram a inovar nesse sentido, e um marco da erotização no gênero foi Sonia Braga, 63 anos, ao protagonizar Gabriela (1975) e estrelar, entre outras, a clássica cena em que sobe no telhado para pegar uma pipa, sugerindo uma seminudez até então inédita na TV. Aproveitando esse canal aberto, na surrealista Saramandaia (Globo, 1976), a mesma Sonia interpretou Marcina, que pegava fogo literalmente por causa de seu desejo carnal.

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Tony Ramos e o primeiro nu masculino da TV em O Astro
Foto: Joel Maia

Em um contexto mais dramático do que erótico e com um significado mais franciscano do que sexual, Tony Ramos, 65, acabou protagonizando o primeiro nu masculino da teledramaturgia brasileira em O Astro (Globo, 1977), quando seu personagem briga com o pai, o poderoso Salomão Hayala (Dionísio Azevedo) e abre mão de tudo, inclusive de suas roupas íntimas. A ação de tirar a cueca era mostrada, mas a nudez apenas sugerida.

Foi na extinta Rede Manchete, no entanto, que o corpo totalmente livre de roupas ganhou o foco das câmeras. E o posto de primeira protagonista a ficar completamente nua no horário nobre coube a Maitê Proença, 56, que interpretou o papel-título de Dona Beija (1986). Os banhos de cachoeira da personagem chamaram a atenção do público, que refletiu no aumento da audiência da emissora. E Maitê entrou para a história da teledramaturgia brasileira por causa de sua clássica cena em cima de um cavalo, digna de Lady Godiva.

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Livres para tirar a roupa: como a nudez chegou à televisão brasileira

À esq.: Maitê Proença levou a nudez para o horário nobre em Dona Beija. À dir.: Claudia Raia, com Antonio Fagundes, mostrou o corpo em sequência de praia em Rainha da Sucata
Foto: Divulgação / Jorge Cysne

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Colhendo bons índices de audiência com a erotização de suas tramas e a ousadia, a Manchete ameaçou sua principal concorrente, a Rede Globo, ao levar ao ar Pantanal (1990), na qual unia cenários exuberantes à naturalidade dos corpos de seus personagens em sequências de sexo e nudez estreladas por atores como Cristiana Oliveira, 50, Marcos Palmeira, 50, Luciene Adami, 49, e Andréa Richa, 50. Diante de tal ameaça, a Globo, que na época exibia Rainha da Sucata no horário nobre, rendeu-se à sensualização extrema para segurar o público, principalmente com Adriana (Claudia Raia, 47), a “bailarina de coxas grossas” que, apesar de seu tom cômico, exibiu-se com os seios à mostra ao protagonizar uma pescaria em uma ilha deserta ao lado de Antonio Fagundes, 65.

Na próxima edição, na série Rompendo Tabus, tema do 16º Prêmio Contigo! de TV, vamos tratar do racismo e de como essa questão vem superando barreiras na teledramaturgia brasileira.

Leia também: Muito além da mocinha: as novelas que mudaram a imagem da mulher

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Marcos Palmeira e Luciene Adami fizeram cenas de sexo em Pantanal
Foto: Jorge Cysne

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