Nesse domingo (22) foi anunciado oficialmente que Justin Timberlake será o artista que vai comandar o show do intervalo do Super Bowl em 2018. A final do campeonato de futebol americano é uma das maiores audiências da televisão norte-americana e, por isso, todos os anos há grande expectativa sobre qual será o artista a se apresentar. A escolha de Justin Timberlake, no entanto, é controversa. E para entender o porquê, precisamos relembrar o intervalo do Super Bowl de 2004, há 13 anos.
Em 2004 o line-up do show do intervalo do Super Bowl contava com vários artistas, mas sem dúvida a grande estrela era Janet Jackson. A cantora estava em um grande momento de sua carreira: havia ganhado o prêmio de Ícone da MTV, foi homenageada no American Music Awards e a música “All for You” batia recordes nas paradas de sucesso. Os shows de Janet eram elogiadíssimos no mundo todo.
Ela dividiu o palco com outros artistas de sucesso na época, como P. Diddy, Nelly, Kid Rock e Jessica Simpson. A última música do show guardava uma surpresa: Justin Timberlake, que lançara há pouco mais de um ano o primeiro álbum solo, após sair do NSYNC. Janet Jackson havia feito uma participação especial no disco, na música “(And She Said) Take Me Now” e parecia uma boa ideia colocar os dois juntos no palco.
Pois foi ao som de “Rock Your Body” que a confusão aconteceu. Quando Justin cantou o verso “Better have you naked by the end of this song” (“é melhor que você esteja nua ao fim desta música”), ele rasgou a roupa de Janet, expondo o seio da cantora para as mais de 140 milhões de pessoas que assistiam ao show pela TV. Como sabemos que poucas coisas nesse mundo são mais polêmicas do que mamilos de mulheres, o incidente se transformou em uma crise de grandes proporções.
Tanto Janet quanto Justin tiveram de se justificar em público. Eles explicaram que a ideia era que ele apenas arrancasse o bustiê que a cantora vestia, mas que sem querer o sutiã foi junto. Janet pediu desculpas, explicando que aquilo não havia sido intencional, e livrando as emissoras que transmitiram o show de qualquer responsabilidade. Justin Timberlake chamou o incidente de “wardrobe malfunction”, o que pode ser traduzido como um “probleminha com a roupa”. Na época, a cena foi a mais procurada na história da internet, e o momento mais gravado e reprisado no TiVo, um gravador digital muito popular nos EUA.
O pedido de desculpas bastou para Justin Timberlake, que continuou sendo convidado para programas e shows na TV. Naquele mesmo ano, Timberlake foi ao Grammy, transmitido pela rede CBS, a mesma do Super Bowl. Já Janet, que seria uma das apresentadoras da cerimônia, foi dispensada. Em março de 2004, Janet lançou o álbum Damita Jo, mas a imprensa preferia falar sobre o mamilo da cantora a falar sobre as novas músicas.
E ela foi banida do Super Bowl – em 2014, 10 anos depois do incidente, o TMZ questionou a Liga de Futebol Americano (NFL) sobre quem faria o próximo show do intervalo, e a resposta foi: “Sobre artistas em potencial – só barramos a Janet Jackson”.
O mamilo de Janet Jackson, inclusive, foi responsável por mudar a forma como se faz transmissões ao vivo nos EUA. Para evitar mais polêmicas, desde o fatídico Super Bowl, as transmissões tem um atraso de cinco segundos. Dessa forma, se algo indesejado acontecer, há tempo hábil para interromper a transmissão.
O curioso é observar como os dois envolvidos no caso do mamilo foram tratados de maneira diferente. Enquanto Justin Timberlake foi prontamente perdoado por ter rasgado a roupa da cantora e exposto o seio dela, Janet teve a carreira praticamente boicotada. Barrada em premiações e shows, aos poucos o nome dela foi sumindo da mídia. Uma das cantoras mais celebradas dos anos 1990 e 2000 hoje é pouco conhecida. Ou você já ouviu “Unbreakable”, o disco que ela lançou em 2015?
Seria interessante se Justin Timberlake a convidasse para dividir o palco com ela em 2018, dando espaço para o talento que – por causa de um ‘probleminha com a roupa’ causado por ele mesmo – caiu em desgraça nos EUA.