Nívea Stelmann sobe aos palcos paulistanos para encenar a peça Dedo Podre, baseada no livro que escreveu em parceria com Lua Veiga. “Tivemos várias desilusões amorosas ao longo da vida, e a ideia de botá-las no papel foi fazer deste limão uma limonada”, conta a atriz, casada (“e muito feliz, ufa!”, comemora) desde 2012 com o empresário Marcus Rocha. “Uma das coisas que aprendi com meus relacionamentos anteriores, e que trouxe para meu casamento com o Marcos, é não me anular, nem mesmo no comecinho da relação, naquela fase em que todo mundo está apaixonado e só quer mostrar o seu melhor”, diz. “Essa fase é perigosa principalmente para a mulher, porque a gente tende a se anular por causa do cara. Ele gosta de basquete? Então pronto, passamos a gostar de basquete também. ”
Nívea acredita que isso acontece porque as mulheres são educadas para se doarem mais à relação do que eles, como se assegurar a harmonia da vida a dois fosse responsabilidade feminina. “Quando vemos, estamos sofrendo, fazendo tudo pelo relacionamento, engolindo sapo e nos esquecendo de nós mesmas. Ainda bem que isso está mudando. Uma relação, para dar certo, precisa ser um projeto dos dois”. Caroline Margoni, roteirista da peça, conta que, para ilustrar essa perda de identidade, a protagonista muda de nome toda vez que conhece um novo homem. “O tom é bem-humorado e leve, mas suscita a questão: por que acreditamos que nosso dedo é podre para relacionamentos? Será que isso faz sentido ou será que, dentro desta pergunta, há um convite para refletirmos sobre a nossa autoestima, nossas escolhas, nossa necessidade de autoafirmação por meio do homem e nossa tendência a entregar nossos desejos de bandeja, por conta da nossa crença de que somos capazes de salvá-los?”, questiona.
Protagonizada por Nívea Stelmann e Guilherme Boury e com direção de Alexandre Contini, a peça fica em cartaz de 19 de abril a 18 de maio no Teatro Porto Seguro.