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“Já estou me preparando para voltar a encarar projetos longos”

Maria Fernanda Cândido fala sobre a peça 'Tróilo e Créssida', em cartaz, sobre trabalhar em televisão e sobre a vida em família.

Por Bel Moherdaui
Atualizado em 6 dez 2016, 12h59 - Publicado em 21 nov 2016, 17h18
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A mensagem, na véspera, confirmava nosso encontro: “Amanhã, 11h30, no Rendez-Vouz, em Pinheiros”. O restaurante paulistano é do marido da atriz, o francês Petrit Spahija; então a escolha era natural. O que estranhei foi o horário. Alguém almoça assim tão cedo? Aparentemente, não. “Ela costuma vir aqui mais tarde, por volta das 15 horas”, me contou a garçonete enquanto eu esperava por Maria Fernanda Cândido.

Minha convidada entrou no bistrô paulistano às 12h10. Antes, havia ligado para avisar e se desculpar: a reunião na escola dos filhos, Tomás, 10 anos, e Nicolas, 8, se prolongara mais do que o esperado.

A dedicação aos meninos foi o que levou a atriz a se ausentar das novelas e se comprometer apenas com projetos menores na televisão. “Não daria para passar um ano morando no Rio de Janeiro com dois filhos pequenos em São Paulo. Também não mudaria a vida deles, que já estão na escola – seria uma mudança grande. Você teria coragem?” Não teria.

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“Mas, agora que estão um pouco maiores, já estou me preparando para encarar essa volta.” Enquanto um novo projeto não surge, ela tem dado preferência a minisséries – Dois Irmãos, adaptação do livro de Milton Hatoum, deve ir ao ar no início de 2017, na Globo. E teatro. Tróilo e Créssida, dirigida por Jô Soares, estreara naquele fim de semana. “Gostei do resultado. Créssida é rotulada como falsa e traiçoeira. Penso diferente: na sociedade e no momento em que viveu – a Guerra de Troia –, ela precisou usar as armas que tinha para sobreviver. Era uma estrategista.” E seguiu-se uma apaixonada explicação da peça, da personagem, do diretor.

Até aí nem havíamos pedido a comida. Mas já tínhamos mudado de mesa quatro vezes. O bairro todo estava sem luz. E, como fazia uma média de 30 graus em São Paulo naquela tarde, estava difícil driblar a falta de ar condicionado. A tentativa de refrescar era um drinque, sugerido por ela, de soda, limão e gengibre. Sem energia, a cozinha estava limitada a crus, o que caía bem naquele calorão. Fomos de salada de alface, quinua, palmito, rabanete e gojiberry. “Gosto de ter uma alimentação saudável. Em casa não compramos nada enlatado, congelado ou mesmo pronto. Comemos arroz, feijão, franguinho, peixinho. De vez em quando, como um frango frito”, disse ela. Difícil visualizar essa cena, sendo ela tão magra…

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Os meninos almoçam na escola – um tradicional colégio francês de São Paulo –, ela e Petrit na rua. “Tenho uma pessoa que me ajuda à tarde e deixa o jantar semipronto. Mas depois vai embora e ficamos só nós.” A família dele – que, aliás, deu uma breve e bela passada no restaurante – vive na França. A mãe dela é quem ajuda mais, eventualmente. A não ser agora, que está abrigando os quatro enquanto a casa de Maria Fernanda é reformada. “Obra mexe muito com a gente. Não vejo a hora de voltar para meu cantinho, com meus livros, minhas orquídeas.” No mais, sua rotina consiste em acordar às 6h20 para tomar café com os meninos, fazer pilates uma ou duas vezes por semana, reuniões na Casa do Saber e a peça. Sair à noite é raridade. “Você janta fora? Com dois filhos?”, surpreende-se.

A conversa teria se prolongado, mas eu precisava voltar para a redação e ela ainda daria uma passada na obra. Aproveitaria para confirmar se os pedreiros estavam alimentando as carpas da família, que, diferentemente do gato e do cachorro, haviam sido deixadas lá. “Já que você consegue sair para jantar, volte quando tiver luz. É minha convidada.”

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