Heloísa Périsse quer continuar nas novelas, mas com novos desafios: “uma vilã, depois uma tímida, uma viúva”
Foto: AgNews
Curiosamente, Heloísa Périssé estreou na TV numa minissérie da Globo, “Incidente em Antares” (1994). Mas foi nos programas de humor da emissora que a atriz de 45 anos se consagrou, atuando na “Escolinha do Professor Raimundo” (1994/1995), “Chico Total” (1996), “Zorra Total” (1999) e “Sob Nova Direção” (2003/2007), entre outros.
Demorou para ela debutar nas novelas, mas quando o fez, não parou mais. Lolô – como é chamada pelos amigos emendou “Cama de Gato” (2009/2010) com “Cordel Encantado” (2011), “Dercy de Verdade” (2012) e, agora, “Avenida Brasil“.
Na pele da cabeleireira Monalisa Barbosa, Heloísa tem ido do céu ao inferno, seja pela boa recepção do público e da crítica em relação à sua interpretação despojada quanto pelas intempéries que tem sofrido em sua vida pessoal. Em menos de um mês, ela contraiu dengue, perdeu o pai, César, de 85 anos, e nada a fez deixar as gravações.
Segundo amigos, é o trabalho que a estimula a não se entregar. Mesmo assim, ela fez questão de agradecer às manifestações de carinho pela internet: “Obrigada por todas as mensagens lindas que recebi nesse momento tão doído da minha vida, que só quem passou sabe o que é! Beijo enorme a todos”.
Confira a matéria – feita antes do falecimento de seu César – em que Heloísa Périssé deixa em evidência todo o bom humor que caracteriza seu dia a dia:
A novela a pegou de jeito ou foi você que pegou amor pelas novelas?
É mesmo… Certas coisas são assim, é só questão de começar. Minha vida tem muito esse movimento. Por exemplo: nunca tinha feito um comercial na vida e, de repente, fiz um e nunca mais deixei de fazer. É engraçado! E eu sabia que, com a novela, seria assim também.
Sua trajetória é muito bacana…
Tive a chance de experimentar livremente o humor, que é a minha praia, mas, dentro de mim, tinha o desejo de fazer outras coisas. Na verdade, esse é um desejo do ser humano: experimentar aquilo que ainda não teve. Se eu tivesse entrado na carreira pelo drama, com certeza iria querer a comédia. Não tem como ser diferente, né? Sou gulosa! Quero drama, comédia, musical, quero mais, quero tudo…
Mas a gula não é um pecado capital?
Ah! Se for, eu peco por todos os lados.
É muito comilona?
Sou, mas procuro me controlar. Faço uma alimentação equilibrada dentro do que eu consigo ser equilibrada (risos). Mas equalizo os dias… No dia que como demais, compenso no outro, fazendo uma ginástica sempre que possível. Mas nada exagerado. Entrei num programa de saúde que tem duração de um ano. É um ciclo, que envolve alimentação e exercícios. Na próxima novela, quando você me vir, vai dizer: “Uhuu!!”
Você é vaidosa?
Nem tanto. Toda mulher é vaidosa, mas não sou muito. Me preocupo mais com a saúde do que com o corpo. Agora, com relação à roupa, vou que vou. Adoro umas comprinhas (risos).
Monalisa também não é muito vaidosa… Ela é muito na dela. Gosta de estar bem, mas não vive pela vaidade. Monalisa é muito humana, poderia ser uma amiga sua, uma vizinha, é uma pessoa de verdade. O fato de fazer alguém assim não me prende a características específicas e me dá opções grandes para trabalhar.
Você acha que se parece mais com a Monalisa ou com a Dercy Gonçalves?
Tenho um pouco das duas. A força diante da vida é o mais bonito na Monalisa. Ela é engraçada e espirituosa. Já Dercy me desmontou completamente. Tentei me preparar para interpretá-la, mas Jorge (Fernando, o diretor) não quis laboratório nenhum. “Quero a Dercy que está dentro de você”, disse. E descobri que tinha mesmo uma energia que comungava com a dela. No final, não fazia uma imitação e fiquei parecida. Fiz um perfume da Dercy e não uma paródia.
E o que a gulosa deseja agora? Uma vilã?
É uma boa. Ainda me falta ser odiada pelo público (risos). Quero, sim, uma vilã, depois uma tímida, uma viúva…