O que mais chama a atenção em um encontro com Fabio Porchat, 33 anos, é que ele fala muito rápido. Muito. “Sou assim naturalmente. Não gosto de nada que me deixe ligado”, avisa. O espantoso é que, provavelmente, ele pensa em uma velocidade ainda maior, o que explicaria a capacidade de improvisar e fazer rir no palco, nos vídeos do grupo Porta dos Fundos, no talk show que comanda na Record desde agosto. Para ter uma ideia, em 15 minutos já havíamos discutido desde a escolha do restaurante até a rotina dele na cidade e o programa – em detalhes.
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Almoçamos na tradicional cantina paulistana Famiglia Mancini. “É um dos restaurantes mais lindos daqui e fica aberto até tarde. Achei que São Paulo fosse a cidade que não dorme, mas dorme, tranquilamente. Eu saía do teatro à 1 hora e estava tudo fechado, menos este. Fora isso, a comida é maravilhosa e você pode comer como um ogro selvagem”, diz o ator, que nasceu no Rio, mas viveu na capital paulista até os 18 anos e mais recentemente de forma temporária por causa do teatro.
Agora, finalmente deixou o hotel, onde ficou hospedado por quase dois anos, e alugou a casa de um amigo, já mobiliada. “Estou morando com a Nataly (Mega, produtora executiva do Porta dos Fundos). Embora uma mala com cinco camisas fosse suficiente para mim, para ela não era…”
O casal volta para o Rio quase todo final de semana para fazer o Porta dos Fundos. De segunda a quinta-feira, Porchat se dedica ao programa, que tem dado em média 6 pontos de audiência. As entrevistas são gravadas com antecedência – “Ao vivo, 00h15, não teria convidados” –, mas outros trechos, no dia, para não perder a atualidade e especialmente a piada com os fatos recentes.
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O formato é importado dos talk shows americanos, como os de Ellen DeGeneres e Conan O’Brien, que Porchat visitou no fim das férias – foram dois meses, 15 paradas, quatro continentes. “O Conan já faz isso ‘só’ há 24 anos, mas é impressionante a tranquilidade dele e o funcionamento da produção. Foi bom ver que posso fazer com mais calma, degustar. Reassistindo às entrevistas, acho que já melhorei.” Até aqui ainda não tínhamos pedido: penne com frutos do mar ao pesto, que ele escolheu para dividirmos.
No almoço, aprendi também que, além de falar rápido, Porchat não tem muita coordenação motora. Felizmente, não foi preciso demonstrar, mas ele repetiu isso quatro vezes para justificar não saber dançar, tocar instrumento, cozinhar ou ser bom de esporte. Ele é engraçado, claro, mas não fica fazendo piada o tempo todo – o que é um tantinho frustrante, embora bastante compreensível.
Outras curiosidades: sua irmã caçula (são três) está grávida do primeiro afilhado dele, João Francisco, que nasce neste mês. Trata-se, aliás, de um rapaz bem família. “Um dia, um cara me ligou perguntando onde eu estava. Quando falei que estava no aniversário da minha tia, ele respondeu: ‘Ih, que roubada’. E eu: ‘Não! Eu que organizei’. Adoro minhas tias e minha avó!”.
Porchat é gentil. Desculpou-se várias vezes por ter chegado oito minutos atrasado – em uma São Paulo parada. E generoso – além de um prêmio para humoristas, que bancou sozinho, sem patrocínio, tem uma ONG que ajuda atletas, peças, instituições. E focado – “Meus hobbies são todos relacionados ao trabalho. Não vou ao teatro só porque adoro, mas para ver o que está acontecendo”. Acabou de comer, viu o horário e perguntou se podia ir, quem ia pagar a conta, se estava tudo bem. E foi. Missão cumprida.