Evan Rachel Wood fala abertamente sobre ter sofrido violência doméstica
Com uma sequência de postagens no Twitter, a atriz incentivou outras mulheres a revelarem o abuso sofrido dentro das relações.
Na última segunda-feira (11), a atriz Evan Rachel Wood começou um movimento importante nas redes sociais. Em uma sequência de fotos publicadas no Twitter, a artista explicou abertamente que aqueles cliques haviam sido feitos enquanto ela estava dentro de um relacionamento abusivo.
Com o ensaio fotográfico, que parece apenas mais um compilado comum de imagens do mundo da moda, Evan se tornou o exemplo claro de que, muitas vezes, os diferentes tipos de abuso podem passar desapercebidos e, até mesmo, serem camuflados com trabalhos rotineiros.
“No dia desta sessão de fotos eu estava muito enfraquecida por uma relação abusiva. Eu estava magra, severamente depressiva e mal conseguia ficar de pé. Eu caí em uma piscina de lágrimas e fui mandada para casa”, escreveu a atriz no tuíte.
Infelizmente, o sofrimento de Evan foi ainda mais intenso que esse episódio. Após a publicação desse ensaio fotográfico, a artista mostrou uma foto em que aparece apoiada no próprio braço, cheio de cortes, revelando mais uma consequência do abuso: a automutilação.
“Dois anos em um relacionamento abusivo. Eu recorri à automutilação. Quando meu agressor me ameaçava ou me atacava, eu cortava meu pulso como uma forma de desarmá-lo. Isso só fez com que o abuso parasse temporariamente. Naquele momento, eu estava desesperada para parar com o abuso e estava com muito medo de ir embora”, desabafou a atriz. As imagens e relatos também foram publicados no Instagram pessoal dela.
O posicionamento de Evan ganhou ainda mais força com a participação especial no podcast “Armchair Expert”, do ator Dex Shepard. Durante a entrevista, ela falou sobre um ponto crucial para entender o abuso dentro das relações: o fato de ele não precisar ser obrigatoriamente físico.
“Há várias maneiras que você pode ser abusada que não são físicas. Há maneiras muito complicadas de alguém controlar você e impedir que você saia sem ser rastreada”, ressaltou a atriz.
Ela também enfatizou a dificuldade de sair de dentro de um relacionamento abusivo, especialmente porque a pessoa não é sempre controladora e agressiva, como demonstra ser nos episódios de raiva.
“Eu sempre ouço ‘se alguém bater em você, apenas vá embora’. O que eles não falam a respeito é que a pessoa que bate em você é alguém que você ama muito e que, por muito tempo, foi muito legal, carismático e doce, com esse lado incrível dentro deles, e você não quer acreditar que há o outro lado dentro dele. E isso se torna cada vez pior”.
Essa realidade aterrorizante citada pela atriz é exatamente o ciclo vicioso em que muitas vítimas se encontram: a explosão – com ofensas, ameaças e, às vezes, até agressões físicas –, o arrependimento repentino e a promessa de que nunca acontecerá novamente. Até que acontece.
Com a revelação dessa história pessoal tão forte e com a mensagem importante de que é possível sair de um relacionamento abusivo, várias mulheres começaram a compartilhar suas histórias pessoais na redes socias. A hashtag usada para isso foi “IAmNotOk” – em tradução livre, “EuNãoEstouBem”.
Uma seguidora, por exemplo, desabafou sobre os reflexos que sente até hoje após situações abusivas. “O abuso que eu sofri do meu primeiro namorado afeta como eu me relaciono e permaneço em relacionamentos amorosos até hoje, cinco anos depois. Isso prejudicou minha relação com o sexo para sempre. #EuNãoEstouBem, mas vou ficar”.
Já outra usuária da rede social falou sobre não se sentir preparada para contar sobre o que passou e ela foi apoiada por Evan. “Eu tenho vontade de tuitar meu próprio #EuNãoEstouBem, mas estou assustada e penso que ainda não estou pronta para isso”, revelou a seguidora. Já a atriz respondeu: “Está tudo bem também!”.
Toda essa movimentação sobre o assunto lembrou algo totalmente válido sobre a situação: falar sobre isso é extremamente importante, mas, primeiro, é necessário se sentir pronta para tanto. Expor as feridas de uma relação abusiva requer os cuidados necessários para tratá-las, como acompanhamento psicológico.