Nem todo mundo sabe, mas antes dessa versão que conhecemos de Game of Thrones, uma outra foi gravada, um episódio piloto nunca revelado. O motivo de tanto mistério? Foi considerado péssimo e quase que inteiramente refeito. Para o papel de Daenerys Targaryen, até então interpretado pela inglesa Tamzin Merchant, chamaram a novata Emilia Clarke. Aos 21 anos e recém-formada, ela não imaginava o que lhe renderia a série inspirada nos livros de George R.R. Martin, que estreia no domingo, dia 14, sua última temporada, na HBO. Chegou a fazer a dança da galinha e do robô no teste de câmera diante dos criadores do fenômeno televisivo David Benioff e D.B. Weiss – uma piada dos dois que ela, ingênua, não entendeu na hora. “Não sabia nada da indústria, nunca tinha pisado num set”, disse a atriz em entrevista a CLAUDIA. “Nos primeiros encontros com a imprensa, fiquei petrificada”, conta.
Agora, aos 32 anos, a inglesa é um símbolo da força feminina para fãs de seu trabalho. A personagem cresceu junto com ela. De jovem vendida pelo irmão e abusada sexualmente, tornou-se uma das principais candidatas ao Trono de Ferro, o símbolo máximo do poder no universo de fantasia. “Foi uma jornada extraordinária. Fico extremamente feliz ao pensar que Daenerys pode ter impacto em outras pessoas”, afirma a atriz, que recentemente revelou ter tido dois aneurismas durante as filmagens das três primeiras temporadas da série. Foram várias cirurgias e diversas semanas no hospital. A recuperação – rara nesses casos – foi completa.
Diferentemente de sua poderosa intérprete, a “mãe dos dragões”, como Daenerys é conhecida pelo público por criar os bichos na série, nem sempre é tão inspiradora. Quem se recusa a se ajoelhar diante dela morre queimado. Cabeça quente, tem poucos amigos e raramente demonstra algum sinal de alegria. É totalmente o oposto de Emilia, cujos sorrisos deixam seus grandes olhos azul-esverdeados pequeninos. Ela é tão expressiva que as sobrancelhas parecem ter vida própria de tanto que se movimentam enquanto ela fala. Os cabelos naturalmente castanhos ajudam a distanciá-la da personagem, e ela jura que é pouco reconhecida nas ruas. “Levo uma vida muito normal. Vou ao pub, ando com meu cachorro. Adoraria dizer que saio por aí com meus dragões de estimação, mas não é verdade”, diverte-se.
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O jeito doce só não é tão óbvio no set, quando está rodeada por homens – algo comum em sua carreira, que inclui, além de Game of Thrones, O Exterminador do Futuro: Gênesis e Han Solo – Uma História Star Wars. “Sou competitiva. Meu irmão mais velho sabe bem”, revela. “Não me assusto facilmente. Também não tenho medo de desafios nem de sujar as mãos. Não sou a garota preocupada em não molhar o vestido.” Tira de letra cenas de ação com armas pesadas e até já simulou comer o coração de um cavalo no seriado. “Só tenho medo de barata, mas ainda assim não faria escândalo se estivesse na frente de um homem.”
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Filha de uma diretora de ONG e de um engenheiro de som teatral, que morreu em 2016 de câncer, Emilia decidiu que seria atriz aos 3 anos, após assistir a uma peça em que o pai estava trabalhando. “Quando era criança, parecia ser a coisa mais fácil do mundo. Depois da escola de artes dramáticas, entendi que teria que me esforçar muito para conseguir ser atriz e sobreviver da profissão. Mas também tive sorte porque Game of Thrones veio em seguida.” Precisou aprender, entretanto, a lidar com a rejeição por causa da carreira. Nem todos os testes dão certo. “Se eu fosse mais jovem, com certeza seria mais complicado. E mantenho por perto amigos e minha mãe para me lembrar de que se trata apenas de trabalho.”
O mantra das pessoas próximas não ajudou tanto recentemente. Como desde 2011 ela mergulha nesse universo perigoso e mágico, o fim da série foi difícil de encarar. Contudo, a atriz está animada para seguir adiante. Afinal, foi ela quem teve maior projeção com o tempo na TV. Ainda este ano aparece na comédia romântica Last Christmas, ao lado de Emma Thompson e Henry Golding. Como Daenerys, aprendeu que precisa tomar o destino nas mãos. Então, está atrás de roteiros de comédia. “É um momento extraordinário, em que estamos sedentas não apenas por protagonistas femininas mas também por diretoras e roteiristas mulheres. Vou por esse caminho.” Emilia definitivamente não é mais a menina que fez a dança da galinha diante dos criadores de Game of Thrones.
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