Como mar calmo nunca fez bom marinheiro, Domingos Montagner não pensou duas vezes em aceitar o convite para viver o aventureiro Miguel, protagonista de Sete Vidas. Na próxima trama global das 18h, que estreia dia 9 de março, seu personagem descobre ser pai de sete filhos. E seis deles foram gerados por inseminação artificial a partir de uma doação de sêmen feita no passado.
O sétimo filho, Joaquim, é fruto da relação de Miguel com a jornalista Lígia (Débora Bloch), por quem ele se apaixona perdidamente. No entanto, ele tem dificuldade para estabelecer relações amorosas, por causa da carreira como oceanógrafo. E um dia ele embarca em uma perigosa expedição para a Antártica a fim de tentar sufocar tudo o que sente.
Domingos e Débora, aliás, repetem a dobradinha brilhante de Cordel Encantado (2011), em que viveram a paixão incomum entre Capitão Herculano e a golpista Duquesa Úrsula. Mas, na vida real, quem conquistou o coração do gatão foi a atriz Luciana Lima. Os dois são pais de Leo, de 10 anos, Antonio, 5, e Dante, 3. Confira nosso papo com o astro, que gravou as cenas iniciais da susbtituta de Boogie Oogie durante 30 dias na Patagônia! E aprendeu muito sobre as belezas e perigos do alto-mar.
Conta para a gente um pouco sobre o seu personagem?
O Miguel é um homem marcado por acreditar que foi o responsável pela morte da mãe. Por isso, ele tem muita dificuldade de confiar nos outros. É um lobo solitário, mas tudo muda quando conhece a Lígia. Quando ela entra na vida dele, tudo balança.
Ele é meio complicado, então?
Não, mas tem dificuldade em assumir suas relações e compromissos duradouros. Ele gosta da solidão, desse sentimento de introspecção, mas não é só. O Miguel dá aula, é carismático, tem uma ONG que faz trabalhos importantes. É conhecido dentro de um meio científico por conta dos projetos em ecologia que desenvolve.
Você tem medo da solidão?
Elas veem a solidão com aversão, de um jeito muito amedrontador. Mas ela é positiva, porque traz reflexão, faz a gente pensar em si mesmo e também no mundo. Faz bem. A gente tem que passar por momentos de solidão para poder se ouvir um pouco.
Ele é bem diferente de você, então, quanto a ficar preso em uma relação, né?
Esse sentimento de permanência, de ter âncoras, nunca me deu medo. Não tenho essa identificação com o personagem, mas tenho outras. Acho que todos nós temos todos os personagens dentro da gente, o ser humano é muito semelhante em tantos aspectos… o que acontece é que desenvolvemos ou atrofiamos nossas características de acordo com o amadurecimento das relações pessoais.
A experiência em alto-mar que viveu foi definitiva para compor o tipo?
O barco do Miguel é o mundo dele. E ele é muito metódico e ao mesmo tempo muito calmo. E isso acaba se refletindo nas relações. As coisas que ele tem de resolver, ele vai lá e resolve. Não tem muito julgamento. Isso é importante em um navegador, porque não dá para pensar “que ruim, chegou uma tempestade”… Tem que ir lá e enfrentar as ondas.
Como foram as gravações na Patagônia?
Um grande desafio! Mas foi fundamental para descobrir um tipo que é encantado, que gosta de viver naquele lugar. E é muito bom poder ir até lá para descobrir de onde vêm os gostos, os traços de personalidade, esse lado aventureiro do Miguel.
E como fez para driblar o frio absurdo de lá?
Não tem truque, você tem que se esquentar. A gente tinha roupas, equipamentos, e fomos muito bem assessorados. Mas tem que ter mate, muuuito chimarrão. Dá uma ajudinha (gargalhadas).