Mulheres fortes são frequentes no currículo de personagens interpretadas por Charlize Theron, 43 anos. A sul-africana reviveu o universo futurista distópico em Mad Max: Estrada da Fúria como Furiosa e levou para casa um Oscar pelo papel da serial killer Aileen em Monster – Desejo Assassino. Portanto, mesmo em uma trama mais leve, como é a comédia romântica Casal Improvável, não haveria de ser diferente.
No longa dirigido por Jonathan Levine, a atriz é Charlotte Field, secretária de Estado de um presidente americano mais interessado em se tornar celebridade hollywoodiana do que em fazer política. Indignada, resolve ela mesma concorrer ao maior cargo da nação. Na campanha, reencontra o jornalista Fred Flarsky, interpretado por Seth Rogen, que tinha acabado de perder o emprego em um jornal. Ela havia sido babá dele quando criança e o contrata para escrever seus discursos.
A diferença dos antigos filmes do gênero é que, desta vez, a inteligente e poderosa Charlotte não está disposta a abrir mão de tudo que conquistou para viver um amor. “Queríamos algo realista para os dias de hoje. Curiosamente, algumas das melhores qualidades da personagem vieram de sugestões de Seth e de Jonathan”, disse a atriz em entrevista exclusiva a CLAUDIA, em Los Angeles.
Além de ressaltar a valorização do lado profissional feminino, o longa deu a Charlize a oportunidade de mostrar que sabe ser engraçada – característica que as protagonistas exaltadas pela beleza nem sempre podem expressar. “Não acho que os homens não querem que sejamos engraçadas. O problema é que somos vítimas da fórmula que dá resultado. Mas, quando alguém faz algo diferente e vai bem, se torna uma alternativa. As coisas estão mudando”, avalia ela.
Realidade versus Ficção
Na corrida para a Presidência, Charlotte é mais escrutinada do que seus adversários por ser mulher. Para evitar a chuva de críticas, policia o que veste, o que come, como se comporta. Nesse ponto, a personagem se distancia totalmente de sua intérprete. Charlize não liga para a opinião alheia.
“Precisamos assumir a responsabilidade sobre quem queremos ser. Nosso dever é não ficar esperando alguém nos dizer isso. Meu lema é: ‘Que se dane tudo isso!’. Foi minha mãe que me ensinou e espero estar criando filhos capazes de fazer o mesmo. Meu desejo é estar rodeada de mulheres que partilhem dessa visão.”
Essa segurança às vezes assusta as pessoas, mas Charlize não está disposta a abrir mão dela. “Já me diminuí em relacionamentos e tenho certeza de que, se eu não fosse tão bem-sucedida, certas relações teriam sido melhores”, conta. Mas faz uma ressalva: “A culpa é, em parte, minha, porque permiti que fosse por esse caminho. Se você acha que só os homens são responsáveis, fica cheia de ressentimento, e nada de bom vem daí.”
Para ela, temos de dar início à mudança que queremos ver, o que inclui o trajeto desafiador de se tornar uma mulher forte. “As pessoas conquistam força pela vulnerabilidade e pela ação. Ninguém nasce assim. Aquelas consideradas fortes tiveram que se levantar das cinzas e lutar para sobreviver, precisaram sair da cama mesmo quando parecia uma coisa muito difícil. Toda mulher vai se identificar com isso.” Realmente, não há como discordar.
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