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Carol Celico, mulher do jogador Kaká, fala de sexo, família e religião

Mulher do jogador Kaká, famoso por seu bom-mocismo, Caroline Celico virou evangélica e até pastora. Aqui, conta por que largou a igreja que seguia com fervor, fala de maturidade sexual e outros temas polêmicos

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 27 out 2016, 21h10 - Publicado em 25 nov 2012, 22h00
Maria Laura Neves
Maria Laura Neves (/)
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Foto: André Schiliró

Caroline Celico tem curiosida de experimentar um vibrador. Aos 25 anos, ela diz que nunca se sentiu tão à vontade na cama como hoje. O desejo surgiu em conversas com amigas que usam e adoram o brinquedo erótico e graças ao amadurecimento natural. “Antes dos 25, a mulher é uma menininha na cama”, diz, sem nenhum constrangimento, a ex-pastora evangélica, casada com um dos bons-moços mais famosos do Brasil, o jogador de futebol Kaká, do time espanhol Real Madrid. Apesar das declarações picantes, ela é conhecida por ser também uma boa moça e se orgulha de só ter perdido a virgindade na noite de núpcias, aos 18 anos, como conta nesta entrevista, concedida em um café nos Jardins, em São Paulo.

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Na sessão de fotos, realizada dias depois, Carol, como é chamada, parecia se esforçar para passar uma imagem menos romântica e mais fatal. Mordia as bochechas, abria levemente a boca várias vezes e mirava as lentes do fotógrafo com um olhar felino que deixaria os ex-colegas da igreja evangélica Renascer estupefatos.

Ela ficou famosa quando começou a namorar Kaká, aos 15 anos. Por influência dele, passou a frequentar a Renascer e virou convertida fervorosa. A entrega de Carol à nova fé foi tão grande que, durante discussões com a mãe, a socialite católica e paulistana Rosângela Lyra, representante da Christian Dior no Brasil, que se mostrou contrária à conversão, quebrou os santos da casa. Depois do episódio, a relação das duas esfriou. Ao mesmo tempo,Carol foi se aproximando cada vez mais do casal Sonia e Estevam Hernandes, fundadores da Renascer. “Eram como pais para mim”, afirma. A seguir, ela comenta as visitas que fez aos dois na cadeia, nos Estados Unidos, onde eles foram presos em 2007 por entrar com 56 mil dólares não declarados no país. Ainda fala do bullying que sofreu na escola, de casamento, traição e fama.

Você anunciou sua saída da Renascer antes do Kaká. Essa decisão abalou seu casamento?

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Não. Meu envolvimento com a Renascer sempre foi maior do que o do meu marido. Ele, inclusive, me falava para tomar cuidado com a minha entrega. Mas sou muito intensa. Acabei virando pastora, entrei para o ministério e abri uma igreja em Milão. Em 2009, comecei a fazer questionamentos. Conheci pessoas que, mesmo sem querer, me fizeram rever minhas crenças. No começo de 2010, meu coração estava completamente desconectado da igreja. E não tinha como esconder do meu marido. Quando expliquei que não conseguia acreditar mais que era preciso ir aos cultos para ter Deus, ele respeitou. Eu não estava negando Deus, que é um valor importante para nós e que queremos passar para nossos filhos (Luca, 4 anos, e Isabella, 1). Alguns meses depois, ele tomou a mesma decisão.

O que defato a levou a sair da igreja?
Ai, não queria falar sobre isso, mas vamos lá. Eu achava que a minha igreja estava sempre certa e quem não estava nela não tinha Deus, era um pecador. Só que está errado. Sei que as religiões, quando são uma instituição, precisam de um sistema administrativo, de regras, doutrinas. Mas não acredito que o caminho para ter Deus seja a oferta, o dízimo, o jejum, nada. Isso até afasta as pessoas Dele. Quando percebi, amava mais o local da igreja, o pastor, do que Ele. Gostaria apenas que respeitassem minha escolha.

Você recebeu muitas críticas?

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Sim. Eu era uma referência forte lá dentro, mais forte até do que o Kaká, que nunca falava nada… Tive uma cobrança enorme do público cristão querendo saber por que eu saí. Eles acham que só aquele é o caminho e, com um linguajar arrogante, faltaram ao respeito comigo. Fiquei muito chateada, angustiada mesmo.

A Igreja Renascer é tida pela elite paulistana, o mundo em que você foi criada, como radical. Virar evangélica foi um ato de rebeldia?
De jeito nenhum. Eu me interesso por religião desde criança, ganhava bíblias de presente quando pequena. Estudei o budismo, tenho judeus e espíritas na família. Sempre gostei também de leitura de mão, feng shui, tudo. Quando comecei a namorar com o Kaká, não sabia nada sobre os evangélicos. Sabia só que a religião dele não tinha santo. Ele não tocou no assunto comigo até que pedi para conhecer. Gostei porque tinha uma palavra fácil. Era mais fácil de entender que uma missa católica. E, mesmo questionando os métodos deles, acabei convencida. Queria saber por que tinha envelope (usado pelos fiéis para fazer doações durante o culto), por que tinha oferta… Achava estranho, mas o discurso da Renascer é coerente e me convenceu.

Com sua conversão à Igreja Renascer, a relação com sua mãe ficou estremecida e vocês chegaram a brigar, não foi?

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Minha mãe sempre foi bem rigorosa comigo. Quando eu tinha 11 anos, ela mandava fazer uma redação sobre cada livro que eu lia, me obrigava a decorar as manchetes dos jornais, a ler a VEJA todo fim de semana. Na adolescência, ela fazia muitas perguntas sobre a minha vida. Minha mãe sempre me criticou por tudo. Se eu dizia que pedira tal prato em um restaurante, por exemplo, ela falava que eu deveria ter provado outra coisa melhor. Na cabeça dela, estava me ajudando. Na minha, ela nunca estava satisfeita comigo. Quando mudei para a igreja evangélica, foi a minha vez de dizer que o que ela fazia era errado. Ela se assustou bastante com a minha decisão. Queria me proteger, mas ficava nervosa. Brigamos muito. Até quebrei os santos da casa onde morávamos. Por cinco anos, nossa relação ficou distante.

Como se reaproximaram?
Nós perdemos a intimidade, mas nunca deixamos de nos falar. Há cerca de três anos apenas, começamos a ter conversas mais profundas. Choramos juntas várias vezes, pedimos desculpas. Hoje, ainda temos nossos atritos, mas agora nos respeitamos.

Você costuma afirmar que seu processo de amadurecimento foi difícil. Por quê?

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Perdi cedo um avô que eu amava muito. Meus pais se separaram quando eu tinha 6 anos. Ainda fui vítima de bullying por volta dos 11 anos, quando não quis ficar com o gostosão da escola e ele liderou uma perseguição contra mim. Minhas amigas contaram meus segredos para a escola inteira. Uma hora, por exemplo, todo mundo gritava nos corredores que eu usava sutiã com busto de gel. Eu abaixava a cabeça e engolia o choro. Até mudei de escola por causa disso. Depois, fui muito criticada quando falei que Deus tinha dado o dinheiro da contratação do Kaká para o Real Madrid em meio à crise financeira mundial. Foi uma declaração infeliz, da qual me arrependo. Passei pela prisão da bispa Sonia e do apóstolo Hernandes, que eram como pais para mim. Eles fizeram meu casamento, acompanharam minha primeira gravidez. Visitei muito os dois lá. Choramos juntos. Fiquei bem mal nessa época, deprimida mesmo. Até hoje, tenho um carinho grande por eles. E ver o Kaká mal sempre me abala profundamente. Ele passou três anos muito ruins. Em 2009, foi para o Real Madrid com uma dor no púbis. Em 2010, quando o Brasil perdeu a Copa, levou a culpa porque era, talvez, o jogador mais importante da época. Quando voltou para o Real Madrid, teve outro problema, no joelho.

Você casou e teve filhos cedo. Quais são seus planos para o futuro?
Não pretendo mais ter filhos. A maternidade é maravilhosa, mas acaba com a intimidade do casal. Quando a gente sai para jantar, o assunto é filho. Tudo gira em torno das crianças. Recentemente, fizemos a primeira viagem a dois, para Fernando de Noronha. Foi maravilhoso! Agora, quero investir na vida profissional, trabalhar para tornar meu site pessoal uma referência em conteúdos sobre maternidade, psicologia, dia a dia da casa, bem-estar, viagens. E tenho outro projeto, o Amor Horizontal (site de responsabilidade social). Tomo cuidado para não deixar meus compromissos atrapalharem a vida pessoal. Tudo passa; o que não acaba é a família.

Você perdeu a virgindade com Kaká somente depois do casamento?
Sim, na noite de núpcias. Sempre sonhei em casar virgem. Mas não foi fácil. Consegui porque, dos três anos em que namoramos, dois foram à distância (ele morava na Europa e ela no Brasil). E porque foi cedo também: eu tinha 18 anos. Mas não acho que isso seja necessário para um casamento dar certo. Hoje eu me sinto muito mais madura no sexo. Estou passando por uma mudança hormonal, meu corpo mudou. Antes dos 25 anos, a mulher é uma menininha na cama.

Já usou um vibrador ou algo assim?
Não, porque nunca precisei. Tenho um marido de 30 anos ótimo! Mas até tenho curiosidade. Minhas amigas que usam falam que adoram.

Você já disse que perdoaria seu marido por uma traição porque, se ocorresse, a culpa seria sua….
No meu caso, com o marido que tenho, eu teria falhado. Acredito que o Kaká só me trairia se, por exemplo, eu não desse atenção a ele, viajasse meses e não ligasse, sei lá. Mesmo assim, duvido que ele me trairia.

Acha que ele teria a mesma reação e perdoaria?
(Silêncio) Acho que sim. Tem que perguntar para ele. Mas isso não vai acontecer nunca.

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