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Camila Pitanga: “O empoderamento das mulheres tem nos levado a novos lugares e nos fortalecido”

Leia, na íntegra, a carta que a atriz Camila Pitanga escreveu a convite de CLAUDIA

Por Isabella D'Ercole Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 12 abr 2024, 09h26 - Publicado em 7 mar 2016, 12h35
Bruna Castanheira
Bruna Castanheira (/)
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A convite de CLAUDIA, Camila escreveu um delicado manifesto sobre a causa feminina no Brasil. Leia:

Nosso tempo é agora

Quando fiz 9 anos, meus pais se separaram. Fugindo à tradição, fui morar com meu pai. Nosso ‘pãe’ desdobrou-se em trabalhar e cuidar da gente: meu irmão e eu. Ele não se intimidou em assumir as chamadas funções femininas: passava minha saia de pregas com uma destreza impressionante, cozinhava o melhor mingau de todos os tempos. Quando menstruei, me mandou flores. É desse lugar de delicadeza e possibilidades mais amplas de ser humano que estabeleci a minha visão sobre o mundo. Um lugar de liberdade. Um lugar de amor, respeito e de cuidado mútuo.

Quando penso em empoderamento feminino, me pergunto quais mudanças nós, mulheres e homens, precisamos fazer para que a igualdade vire normalidade: permitir que mulheres decidam sobre a própria vida, que homens dividam cuidados familiares e sejam solidários com as mulheres na garantia de direitos. 

Empoderamento é a consciência sobre o que somos, como vivemos e o que queremos. Isso é possível com mergulhos em nós mesmas, livres de todas imposições de comportamentos alheios às nossas vontades.

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O empoderamento das mulheres, assim mesmo no plural, tem nos levado a novos lugares e nos fortalecido, umas às outras, em marchas e até em blocos de Carnaval. Na internet, mulheres transformaram sites, blogs e redes sociais em espaços seguros para afirmar identidades. Nesses espaços seguros, as discussões sobre nossa vida se tornaram públicas e revelaram opressões e violências em relações afetivas e íntimas. Ajudaram a criar consciência coletiva, formar alianças e amplificar vozes. O que falta para virar a chave?

A grande virada a favor da igualdade de gênero precisa de velocidade em ações concretas, com foco nos direitos das mulheres. Precisamos canalizar essa energia criativa que nos anima e nos une. Precisamos aumentar a representatividade política, ocupar mais e melhores espaços na comunicação, valorizar empresas com equidade salarial, garantir saúde, direitos sexuais e reprodutivos, obter o respeito a territórios, reconhecer a diversidade das brasileiras como elemento positivo de um país que precisa eliminar desigualdades. Disso tudo depende a nossa dignidade. Disso tudo depende o fim de sacrifícios de gerações de mulheres.

Quem é você que lê este texto? Já viveu algum tipo de violência? Teve dificuldade em ascender na profissão? Tem tempo para si mesma? Essas são algumas das perguntas que precisamos fazer a nós e a quem está à nossa volta. É tempo de despertar nossos sonhos, desejos. Enfrentar nossas dores e curá-las.
Temos pressa. Afinal, estão em jogo os melhores anos de nossa vida. Em tom de urgência, é preciso gerar pressão para assegurar a igualdade entre mulheres e homens como condição nas relações humanas. Significa não tolerar agressões de quem quer que seja e convocar os homens para que assumam o seu papel e a sua responsabilidade para enfrentar o machismo e as desigualdades. Nós, mulheres, somos parte na construção de soluções políticas. E temos a chance de mudar e de viver essa realidade se forem dados passos decisivos, todos os dias, pela igualdade de gênero.

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Comecei escrevendo sobre meu pai porque ele foi minha primeira referência masculina. Ele, com seu amor e respeito pelas mulheres, me deu passaporte para amar a mim mesma, aos homens e às mulheres. Evoé!
 
Camila Pitanga.

Em parceria com o portal MdeMulher, reunimos um time poderoso para falar AO VIVO sobre carreira, feminismo, comportamento, beleza, maternidade, moda, empoderamento e muito mais. Amanhã, nós não queremos ganhar flores: queremos é discutir e dar voz às mulheres! O M/Live “Especial Dia da Mulher”, começa às 12h30, lá na nossa página no Facebook. Quem vem?

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