Bruno Garcia fala sobre seu personagem misterioso em Três Irmãs
O ator diverte o público como o ambicioso e ambíguo Hércules Galvão
“Galvão é um brutamontes criado em meio
a muitos traumas, mas quer ser feliz”, diz
o ator
Foto: César França
Hércules Galvão, de Três Irmãs, é uma incógnita. Até para seu intérprete, Bruno Garcia. Ao mesmo tempo em que é capaz de fazer qualquer trapaça para conseguir o que ambiciona, é cuidadoso com o irmão, Xande (Dudu Azevedo), passa para a filha valores morais, adora criança e é apaixonado pela Alma (Giovanna Antonelli). Galvão não é um vilão clássico. Ele faz maldades, mas também é capaz de ser generoso, amoroso, delicado… Está sempre surpreendendo, para o bem ou para o mal, explica o ator. Assim como a maioria dos personagens que interpretou em 27 anos de profissão, a irreverência e o bom humor são marcas registradas também de Bruno, que está sempre divertindo os amigos nas gravações da novela. Sou bem alto-astral. Gosto de trabalhar alegrando a equipe. Às vezes, dá problema, porque não é todo mundo que topa isso. Vera Holtz e eu ficamos tirando onda o tempo todo”, conta. A única coisa que afasta o sorriso do rosto do galã é a falta de privacidade que veio junto com a fama. Acho chatíssimo quando o chopinho que você toma com os amigos vira notícia. Criou-se a indústria da celebridade, da invasão de privacidade. Estou deixando de passear com a família e sair com amigos, porque não quero minha intimidade sendo retratada por aí, reclama. Vamos saber um pouco mais sobre esse pernambucano, de 37 anos, que tem a energia e a alegria de um adolescente.
Como você define seu personagem?
Galvão é rico, emergente e domina, praticamente, todo o comércio de Caramirim. A falta de escrúpulos, ele herdou do pai, um pescador que enriqueceu à custa de explorar seus próprios companheiros. Foi pai muito novo e, ao ser abandonado pela mulher, criou a filha sozinho. Gosta da Alma (Giovanna Antonelli) de verdade e vive lutando para reconquistá-la.
Considera Galvão um vilão?
Não. Ele teve uma infância sofrida, é um brutamontes criado em meio a muitos traumas, mas quer ser feliz. E se dispõe a esse desejo, sem deixar de levar em conta o desejo do outro. Acho que sua falta de caráter pode ser trabalhada com amor, seja o de Alma ou o de outra pessoa. Se ele conseguir deixar de pensar tanto em dinheiro, talvez reconquiste a Alma.
Você costuma assistir à novela?
Sempre. E, quando não consigo, vou ao globo.com e assisto. Para saber como os outros núcleos estão se comportando, para ter uma noção de harmonia e não pesar muito a mão. Seja no humor ou no drama, porque Galvão tem um pouco dos dois. Na correria da gravação, não curto direito os cenários, os outros personagens. E é interessante ter a visão do espectador.
É exigente com seu trabalho?
Bastante. Sou dedicado, gosto muito de estudar e estou sempre buscando aperfeiçoar cada vez mais o personagem que estou fazendo. Chego a exagerar. Às vezes, sou severo comigo e com meu trabalho além da conta. Essa vontade de fazer de uma maneira muito certinha acaba me incomodando um pouco… sinto que eu podia relaxar mais.
É mais fácil fazer comédia?
A comédia exige mais precisão técnica e uma velocidade específica para você dizer um texto. Todo mundo acha que basta ser engraçadinho. Pensam que é fácil, mas o humor é mais difícil do que o drama.
Galvão acha Alma uma deusa. O que lhe chama atenção numa mulher?
O que ela tem para mostrar. O conteúdo conta mais do que a beleza física, que também é importante (risos).
Você está namorando?
Esqueceu que eu não gosto de falar da minha vida (risos)? Estou namorando, sim, a Joana Clark, assistente de direção da novela A Favorita.
Você é paizão como o Galvão?
Não (risos). Como pai, sou o oposto do Galvão. Ele mimou demais a filha, Juliana (Juliana Schalch), e agora está colhendo os frutos da sua insensatez. Minha filha, Bella, tem 9 anos, está crescendo e sou completamente dedicado e situado. Vim de uma família grande e minha infância foi recheada de bebês.