Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

Amy Winehouse, forte, frágil e única, por Malu Mader

A atriz mostra sua admiração pela cantora inglesa que faleceu em julho de 2011

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 16 jan 2020, 09h07 - Publicado em 19 out 2012, 21h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • “Só as grandes divas do jazz sofreram de amor como ela. Amy Winehouse parece um personagem literário: eterna convalescente de um luto”

    POR_MALU MADER, em texto publicado na revista LOLA de janeiro de 2011

    Por que amo Amy? Porque ela é forte? Sim.
    Porque ela é frágil? Também.
    Continua após a publicidade
    Porque além de cantora é atriz? Seus clipes provam isso.
    Porque tem humor? Claro.
    Porque sua voz é linda, linda de arrepiar e chorar? É.
    Continua após a publicidade
    Porque é única? Realmente, não conheço ninguém como ela.
    Amo Amy porque ela tem o principal: a facilidade, ou seja, o talento, que, quando extraordinário, sobre tudo se impõe.
     
    Há algo ainda mais importante. Ela tem amor. E nos oferece seu amor. Esse é para mim o verdadeiro motivo. Sua entrega. É, cara leitora, além de tudo ela compõe. Tente conseguir as letras na internet em inglês e em português. Consiga ao menos as do segundo álbum, Back to Black, que a revelou em 2006 como grande fenômeno. Todas são da menina inglesa. Antes disso, ela já havia lançado outro álbum, Frank, em 2003, após tocar em pequenas casas noturnas de Londres e depois em lugares cada vez maiores, numa rápida ascensão.
    Continua após a publicidade
     
    O que aconteceu em Back to Black não acontece a toda hora e não se trata de sorte. Como bem diz o título (e que título!), o álbum nos leva à raiz da música negra. Acompanhada por uma banda de alta voltagem, num trabalho excepcional do produtor Mark Ronson, Amy canta, com a mesma propriedade, jazz, blues, R&B e reggae.
     
    Quando ouvi pela primeira vez a canção Back to Black , em que ela morre cem vezes, pensei: “Eu também, Amy! Você revelou meu segredo”. Depois da morte, o luto, o estado de convalescença que todos nós conhecemos. Mas ela se parece com um personagem literário. Eterna convalescente, é como uma criança que vive o momento intensamente. Canta com o coração. Só as grandes divas do jazz sofreram de amor como Amy. Em seu DVD, confessa que se apaixonou, se deu mal, ficou muito magoada e precisava ver o lado positivo da situação. Agora você me dirá: “Que lugar-comum!”. E eu direi: “Ouça o que ela fez com esse lugar-comum”.
    Continua após a publicidade
     
    Em Love Is a Losing Game (“O amor é um jogo perdido”), há tanta beleza, tanta delicadeza em seu canto, que nos resignamos diante de tal afirmação. Em Tears Dry on Their Own, aceite minha sugestão, coloque um fone e parta com passo acelerado para uma caminhada em alguma praia bem bonita na hora do pôr do sol. O arranjo e a interpretação são tão animados que, mesmo a letra falando sobre mais uma desilusão amorosa, a alegria tomará conta. Em Just Friends (e também em You Know I’m no Good), o desejo se revela menos sentimental e mais sacana e de novo nos sentimos como Amy.
     
    Mas o grande sucesso do álbum foi Rehab, em que Amy recusa a reabilitação. A canção gerou fofocas em colunas sociais e comentários na internet que ajudaram a projetar o CD e sua intérprete. De fato Rehab se presta a isso, mas também é subversiva, cheia de autoironia. E ainda homenageia Ray Charles.
    Continua após a publicidade
     
    Gostaria de ter escolhido apenas uma canção deste magnífico álbum, mas não consigo. Não deixe também de ouvir Valerie, que não faz parte do álbum, não foi composta por ela, mas se encaixa perfeitamente ao seu estilo. Há duas versões de Valerie. Uma, de andamento mais rápido, é ótima para dançar. Agora, se estiver a fim de curtir uma fossa, opte pela mais lenta.
     
    Todo fã gosta de se identificar com o ídolo e de procurar pontos em comum numa forma de prazer secreto. Descobri nos extras do DVD, intitulados I Told I Was Trouble, que, assim como eu, ela estudou teatro na escola, é virginiana, quando pequena ouvia jazz, gostava de cantar junto com o pai e é fã de Ray Charles.
     
    Nas entrevistas e nas letras, Amy confessa seus medos e inseguranças. Tem humildade, mas nunca soa piegas. Quando as fofocas sobre seu vício foram crescendo na mesma medida de seu sucesso, ela enfim cedeu a uma internação. E lá, em mais uma atitude surpreendente, se atirou ao mar para salvar uma mulher que se afogava.
     
    Fui vê-la cantar em Portugal em junho de 2008. Na ocasião, estava viciada em Amy. Sabia que talvez ela não aparecesse, ainda assim resolvi arriscar. Todos me alertavam sobre seu estado de saúde debilitado, mas jamais imaginei que sua fragilidade naquela noite poderia chegar aonde chegou. Sua voz potente havia desaparecido, seu corpo cambaleava. Apesar da ajuda dos companheiros de banda, em determinado momento ela caiu. Sofri por ela como se sofre por uma amiga. Desejei ampará-la, tomar alguma providência.
     
    Há um momento nos extras do DVD em que ela afirma: “Digo que não me arrependo nem me desculpo, mas é mentira”. Não se arrependa, querida Amy. Cuide-se, divirta-se e continue cantando.

    Amy Winehouse, forte, frágil e única, por Malu Mader

    A cantora Amy Winehouse faleceu no dia 23 de julho de 2011, aos 27 anos, no seu apartamento em Londres. A suspeita é de que a morte tenha sido causada por overdose.

    Publicidade
    Publicidade

    Essa é uma matéria fechada para assinantes.
    Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    Impressa + Digital no App
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital no App

    Moda, beleza, autoconhecimento, mais de 11 mil receitas testadas e aprovadas, previsões diárias, semanais e mensais de astrologia!

    Receba mensalmente Claudia impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições
    digitais e acervos nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.

    a partir de 10,99/mês

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.