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Adriana Esteves: “Eu encontrei o meu lugar no mundo”

Na nova trama das 21 horas da TV Globo, Babilônia, ela encarna Inês, mulher obcecada por uma amiga de infância, Beatriz (Gloria Pires).

Por Martha Mendonça (colaboradora)
Atualizado em 22 out 2016, 23h05 - Publicado em 16 mar 2015, 11h00
Andre Wanderley
Andre Wanderley (/)
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Ela não usa make nem salto no dia a dia e garante não saber fazer tipo nem falar frase de efeito, pois é fã da verdade. De volta às novelas, a atriz Adriana Esteves demonstra aquela tranquilidade típica de quem, como ela mesma diz, já encontrou seu “lugar no mundo”

Como é voltar às novelas dois anos depois do incrível sucesso como Carminha, de Avenida Brasil?
Descansei, viajei e estou animada. Mas dizer que é simples voltar depois da Carminha seria mentira. Foi um grande sucesso, e é normal eu me cobrar. E sei que posso ser cobrada. É uma constante para mim me manter vigilante para tornar as coisas mais leves, não carregar tanto peso. Além disso, claro, estudo e me esforço para ter outro bom desempenho. Em 2012, fiz a Dalva de Oliveira (na minissérie Dalva & Herivelto – Uma Canção de Amor), um trabalho bem elogiado. Depois, um amigo que admiro, o ator Fernando Eiras, me encontrou e disse que a vida de artista é cíclica e temos que nos acostumar aos altos e baixos. Pensei muito naquilo. E meu papel seguinte foi logo a Carminha, ou seja, fui mais para o alto ainda. Mas estava – e acho que estou – preparada para ter o equilíbrio de amenizar as possíveis quedas dessa montanha-russa.

Você deu uma sumida mesmo depois da Carminha. Como faz isso num mundo cheio de paparazzi?
Viajei com a família. Quando voltei ao Brasil, retomei o trabalho, mas fiz cinema (filmou Beleza, de Jorge Furtado, em que atua com o marido, e Mundo Cão, de Marcos Jorge, que estreiam neste ano), mas, além disso, fiquei quieta na minha vida familiar. Tenho uma rotina tranquilinha. Moro em São Conrado, bairro que adoro, entre o agito do Leblon e da Barra. Parece um pouco cidade do interior.

Quem é Inês, sua personagem em Babilônia?
É uma mulher ambiciosa e obcecada por uma amiga de infância, Beatriz, vivida por Gloria Pires. É nosso primeiro trabalho juntas! Só pela Gloria, o convite já seria irrecusável. Fica até fácil viver alguém que tem fixação por ela (risos). A Inês mistura amor e ódio, encantamento e inveja. Fui atrás de coisas para apoiar a criação. Quando fiz a Carminha, treinei jiu-jítsu, pois precisava de agressividade para compor a personagem. Agora, com a Inês, me deu um estalo: meu filho Felipe adora jogar pôquer com o pai e com amigos. Pensei: vou pedir a ele para me ensinar. Achei que esse clima do blefe e do risco seria bem rico.

A tônica de Babilônia é a ambição. Você é ambiciosa?
Acho que sou. Mas é uma ambição boa. Não aquela que leva você a atropelar os outros, e sim a que me faz uma pessoa batalhadora. Lutei por uma profissão vital para mim. Olho pra trás e vejo quanto caminhei. A ambição é o motor.

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Você está em ótima forma, magra, tonificada, com pele bonita… Qual é o segredo? Muita água! Água o tempo todo. Mas tenho uma genética boa. Minha mãe, cuja idade não vou dizer agora porque ela me mata, é linda. Não tem dia em que ela não ponha o biquíni para ir à piscina e as pessoas não comentem sobre o corpo dela. Além disso, fiz balé clássico dos 11 aos 16 anos, o que me deu base muscular. Gosto de exercício, da sensação que dá depois. Faço ginástica funcional e já fiz musculação, luta, corrida, bicicleta. Estou sempre me mexendo. Quando não tenho tempo, peço para deixarem meu tênis na portaria e subo de escada (ela mora no décimo andar).

Essa rotina de exercícios faz falta quando se entra na maratona que é uma gravação de novela?
Faz, porque a gente fica sem tempo para nada. Mas vou ser sincera: não é disso que sinto mais falta quando estou gravando. A maior saudade que dá é a de tomar minha cervejinha sossegada, no fim de tarde, com o marido ou amigos, relaxada. Ou um vinho se estiver frio. É bom demais.

Você come muito e de tudo?
Não tenho muita tendência para engordar, mas vivo naquela política das compensações, igual à de muitas mulheres: se abusei aqui, seguro ali. Não é grande sacrifício. A única vez na vida em que engordei muito foi na primeira gravidez. Foram 21 quilos! Não sei o que aconteceu; eu fiquei tão feliz que liberei geral. Já na segunda, engordei pouquíssimo. Agora, para mim, tão importante quanto a boa forma é a saúde. Faço check-ups semestrais, não deixo nada para amanhã: clínico, dermatologista, ginecologista… Fora a saúde mental: faço terapia desde os 17. Sou um ser humano com muita necessidade de me entender, me confrontar, me localizar.

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Você é vaidosa?
Acho que nem tanto. Afinal, me visto de forma básica, uso salto baixo, gosto de conforto. No dia a dia, uso zero de maquiagem. Aliás, eu nem sei me maquiar. E não gosto quando a personagem tem que se produzir demais. Não aguento ficar sentada muito tempo. Mas tem uma coisa de que eu adoro: estar loira. Para fazer a Inês, tive que cortar e escurecer. Mas sempre me imagino loura (risos)! No mais, prefiro o simples.

Qual é sua definição de simples?
É não ficar criando clima, inventando frase para causar efeito. Não sei fazer isso. O simples é a verdade, e eu gosto da verdade. Procuro dizer sempre o que sinto, fazer o que realmente gosto, não me enquadrar. Acredito que o melhor está por vir. Sou sagitariana, otimista. A sabedoria é simples, a inteligência é simples… E é o que eu busco.

Você fala do seu marido com muita paixão…
São nove anos de casamento mais dois de namoro e continuamos trocando mensagens pelo celular o dia inteiro. A vontade de estar junto não diminui. Estou aqui, mas quero encontrar com ele logo. Vlad é um homem maravilhoso, parceiro adorável, amigo fiel. É um elemento agregador da minha família. Meus pais, irmã, amigos, todos amam o Vlad. E é um padrasto inacreditável para o Felipe, além de ter ficado bem amigo do pai dele, meu ex-marido, Marco Ricca. E sou mãe da Agnes, que não é do meu sangue, mas me fez ver que essa coisa de sangue é a maior bobagem do mundo. O amor vem de outro lugar.

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Que tipo de mãe você é?
Sou amorosa, apaixonada, mas rígida. Essa rigidez é boa quando vem da vontade de dar limites, de fazer com que eles sejam pessoas melhores. Mas às vezes vem do cansaço e da intolerância. Aí é ruim. Nessas horas, é bom ter pessoas em volta para abrir seus olhos, dizer que você exagerou. Meus três filhos são muito doces. Tanto os dois que nasceram da minha barriga quanto a Agnes, que amo da mesma maneira. Agora está num intercâmbio de um mês na Austrália e estou aqui estressada, quero saber dela o tempo todo. Mas entendo que ela gosta do mundo, ama viajar. Nós, mães, precisamos estar em constante transformação, temos de saber que os filhos crescem e têm demandas de outro tipo. Tento sempre lembrar de quando eu era adolescente e me colocar no lugar deles. Ajuda a aceitar que devem se distanciar para descobrir quem são. Quero ser uma mãe de adolescente legal, e de adulto também.

Ver os filhos crescendo faz sentir mais o peso do tempo?
A cabeça muda (com a idade). E me faz ver a necessidade de me aprimorar, evoluir como ser humano. A gente tem a opção de se enxergar como aquela que está envelhecendo, a inútil que ninguém quer mais, mas também pode ver o lado bom. Prefiro enxergar da melhor forma. Acho que não tenho medo de envelhecer, e sim de falta de saúde e de perder pessoas. Mas tenho 45 anos e estou muito bem com minha vida, lutando por minha família, meu trabalho, minhas amizades. Eu encontrei o meu lugar no mundo.

 

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