Há 20 edições, o Big Brother Brasil faz jus à lógica de um reality show, ou seja, ter situações da vida real em um programa de televisão. Seja com seus seguidores fiéis ou os críticos ao nível de conteúdo produzido na casa “mais vigiada do país”, não dá para negar que a produção ainda reverbera nas rodas (presenciais e virtuais) de conversas dos brasileiros – e, de certa forma, seja uma representação da realidade. Prova disso, é o que aconteceu na madrugada desta segunda-feira (3), quando as participantes mulheres da atração se uniram para enfrentar o machismo e a falta de respeito dos homens dentro da casa.
Mas, antes de mais nada, é preciso entender como as coisas chegarem nisso. Tudo começou quando Hadson, um dos integrantes do grupo “Pipoca”, que conta com pessoas anônimas, revelou para Gizelly e Marcela, também do “Pipoca”, uma estratégia bem suja para tentar prejudicar as mulheres do “Camarote”, grupo de convidados famosos e influenciadores.
O plano dele e de outros homens do reality era fazer as participantes que estão comprometidas fora da casa “pisarem no próprio buraco” ao ficarem com um deles, traindo seus respectivos namorados.
“O Lucas, a gente está usando ele para distrair, para que as mulheres cedam, as que são casadas lá fora”, entregou Hadson às meninas, se arrependendo em seguida. “A gente não podia falar isso!”. No entanto, ele continuou: “A gente está tentando fazer com que ela erre. Porque a gente sabe que uma, inclusive, a que estava hoje no paredão (Bianca Andrade, blogueira conhecida como “Boca Rosa”), essa é a fraqueza dela.”
Hadson falando que o Lucas e o Guilherme são iscas para as meninas, principalmente para a Bianca que ele é fraca em relação a fidelidade. @WebTVBrasileira #BBB20 pic.twitter.com/OIfdKYeENt
— ✊🏻✊🏼✊🏽✊🏾✊🏿 (@leonarda_saad) January 29, 2020
Em conversa com Felipe, que também participava do esquema, Marcela questionou a tática e falou que não iria ajudá-los. “Não conte comigo para fazer esse tipo de estratégia”, disse a médica. “Eu não vou fazer parte disso. Eu quero muito estar aqui, quero muito o dinheiro, mas nunca na minha vida eu vou aceitar uma coisa dessas. É contra tudo o que eu sou, tudo o que eu penso na vida”, desabafou Marcela para a outra participante Gizelly.
Mulheres se unem contra Hadson
Como de costume, o domingo (2) foi o dia de formar o novo paredão. Pyong e Petrix já estavam emparedados e Babu foi indicado pelo líder da semana, Guilherme. Com isso, chegou a hora da casa escolher quem seria a quarta pessoa a ficar submetida a votação popular para sair do reality. Hadson recebeu 8 votos, cinco deles foram femininos. Nenhuma das “sisters” combinou voto, mas todas discordavam com a postura do brother no jogo.
Logo após a escolha do paredão quádruplo, formado por Babu, Hadson, Pyong e Petrix, que está sendo acusado de assédio sexual fora da casa por apalpar os seios de Bianca e esfregar sua região íntima na cabeça de Flayslane, Marcela, Gizelly e Thelma resolveram revelar para o restante das mulheres da casa o plano desrespeitoso e machista.
“O Hadson falou que isso era uma estratégia, de tentar colar nas meninas para ficar de conversa, fazer massagem… Fazer coisas para que elas fossem julgadas lá fora como mulheres”, apontou.
Veja o vídeo abaixo:
Revoltadas, as participantes decidiram colocar o grupo de estrategistas contra a parede. Todas as mulheres seguiram em direção ao jardim e enfrentaram Hadson, que negou o plano e as chamou de mentirosas, mesmo com todas as gravações que o público pode ver.
“Isso é mentira! Não sei que conversa é essa”, afirmou o ex-jogador. “Se eu tenho interesse em ajudar o Lucas e ferrar a Mari, porque eu faria um negócio desse de namorado, sendo que o cara tem mulher? Não existe isso! Vamos ser coerentes, pelo amor de Deus!”.
Com isso, novamente Hadson comete uma atitude machista, dessa vez em um claro exemplo de “gaslighting”, uma forma de abuso psicológico no qual informações são distorcidas ou omitidas para favorecer o abusador ou fazer a vítima duvidar de sua própria memória.
Já os outros homens, que também participavam da estratégia, saíram de fininho e não quiseram enfrentar o grupo de mulheres.
A discussão se estendeu por mais alguns minutos, até que a influenciadora Rafa Kalimann decidiu se posicionar. “Hadson, faz o seguinte: aproveita quando você sair, assiste todos os vídeos e aprende a ser um pouquinho menos machista”, rebateu.
Reflexo do machismo fora da casa
Afinal, por que é tão importante falarmos do que está acontecendo dentro do BBB? Todos os dias nas ruas, nas escolas, no trabalho as mulheres são expostas a situações de machismo, de assédio e de opressão. E, infelizmente, muitas das vítimas acabam nem identificando a violência, já que a agressão em muitos casos é velada ou naturalizada.
Hadson, Felipe e Lucas utilizaram (ou tentaram) de uma estratégia de machismo puro para tentar prejudicar a imagem de Mari e Bianca fora da casa. Eles partiram do pressuposto de que elas seriam seduzidas por eles e teriam atitudes que o público identificaria como incorretas para meninas “comportadas e comprometidas” como elas. Afinal, assim como acontece aqui fora, as atitudes de uma mulher ainda são bem mais julgadas do que as dos homens, por exemplo.
A união das participantes ao descobrirem essas ideias tão baixas mostra a necessidade que as mulheres têm de se apoiarem para sobreviver a opressão que sofrem diariamente, seja em um reality show ou na vida real. Se com uma dezena de mulheres tentando expor o plano, as palavras delas foram desmentidas por um homem, imagina o que acontece com uma mulher que, sozinha, tenta colocar a sua palavra contra a de um homem em um processo contra assédio sexual ou moral?
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