Na última quarta-feira (27), Ivete Sangalo fez um discurso emocionante durante a entrevista de lançamento do novo DVD “Ivete Sangalo – Acústico em Trancoso”.
Na coletiva, uma das perguntas se referia à responsabilidade de, como uma das celebridades mais influentes do Brasil, levantar a bandeira LGBT. A resposta foi uma grande lição sobre respeito e igualdade.
“Eu sempre tive uma preocupação de não interferir nas decisões das pessoas sob um prisma meu. Sobre coisas das quais eu acredito e que em algum momento da minha vida eu possa mudar o conceito sobre isso. (…) Mas coisas que eu tenho a convicção de que são verdadeiramente honestas e eu jamais mudaria minha posição sobre elas, aí eu abro o bocão.
Diante de fatos, como a homofobia, isso é humanamente inadmissível. Não há nada que possa mudar, nada que possa vir, que possa transformar minha opinião sobre isso. Porque politicamente, hoje eu posso acreditar em algumas coisas dentro das minhas necessidades como cidadã, que é diferente da necessidade da grande maioria, por conta de oportunidades, estilo de vida que eu tenho, as opiniões, mas com relação a isso, que é algo que não vai mudar, você não respeitar o outro porque o outro é homossexual… O que o fato de alguém ser homossexual mudará na vida minha ou na sua? Fique atento, porque pode mudar sempre para melhor. […]”
O gay não precisa ser ajudado. As pessoas querem respeito. Você pode até não gostar, mas respeite para ser respeitado.
“O mundo está do jeito que está porque as pessoas não se libertam para o amor. As pessoas se prenderam no ódio, no julgamento. Não existe opinião, existe julgamento. E a pior coisa do mundo é a gente não compreender que essa roda cai na gente. Em algum momento seremos julgados também. Isso só gera sofrimento, que gera ódio, que gera angústia, que gera essa quantidade de violência que a gente tem. Eu fico até rubra. Meu rosto fica quente quando falo disso. Por que eu acho isso de uma ignorância, de um retrocesso humano incrível. Em contrapartida, eu fico feliz de que nos tempos de hoje, a gente possa falar.
O gay não precisa ser ajudado não, ninguém quer ajuda não. As pessoas querem respeito. Você pode até não gostar, mas respeite para ser respeitado. Aí amigo, você vê como ia funcionar.”
Vale lembrar a importância do debate. Em 2013, foram contabilizados 312 assassinatos, mortes e suicídios de gays, lésbicas, travestis e transexuais brasileiros, vítimas de homofobia e transfobia, de acordo com um levantamento realizado pelo Grupo Gay da Bahia (GGB). O documento inclui a morte de uma transexual brasileira no Reino Unido e um rapaz morto na Espanha. A média é de uma morte a cada 28 horas.
Para Ivete, discutir um assunto é uma arma poderosa de combate às injustiças. “Quanto mais se fala sobre isso, mais a casca engrossa, mais defesa se tem, mais consciência se tem dentro da sociedade.”