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“30 Rock” e a capacidade de rir de si mesmo

A série de sucesso estrelada por Tina Fey

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 16 jan 2020, 13h38 - Publicado em 20 Maio 2012, 21h00
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    Tina Fey e Alec Baldwin são astros de “30 Rock”
    Foto: Divulgação

    Tina Fey é uma vitoriosa. Atriz, comediante, roteirista e produtora na TV americana, já ganhou sete Emmys e três do Globos de Ouro. E ainda costumar ter seus vestidos elogiados nos tapetes vermelhos. Liz Lemon é uma perdedora. Não tem traquejo social, pula de um relacionamento para outro e é frequentemente desrespeitada no trabalho. Quem assiste à série “30 Rock“, exibida no Brasil pelo Canal Sony, sabe que Tina e Liz são mais ou menos a mesma pessoa. A segunda  funciona como o alter ego ficcional da primeira. Liz é uma piada de Tina sobre si mesma.

    Em “30 Rock”, Liz Lemon é a criadora de uma série feminina de humor que, por uma determinação de seu chefe,  Jack (Alec Baldwin), precisa incluir no programa um astro de cinema imaturo, temperamental e grosseiro. A história criada por Tina Fey começa com esse grande ultraje, apenas o primeiro dentre muitos que estão por vir.

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    Apesar da audiência modesta (mas crescente ao longo dos anos), “30 Rock” é um fenômeno de crítica e está na sexta temporada. A sétima e última foi anunciada para o ano que vem. Criada em 2006, a série é “levemente” inspirada na experiência de Tina Fey como roteirista-chefe do humorístico “Saturday Night Live”, um clássico nos Estados Unidos, prestes a ter uma edição brasileira na Band.

    O humor autodepreciativo de Tina é a marca de “30 Rock”. As falas de Liz Lemon podem ser ‘seguidas’ no Twitter e no Facebook, por meio de perfis criados por fãs. Frases como “Hoje estou usando uma sacola de farmácia como calcinha”, ditas na série de boca cheia, enquanto a personagem devora um pacote de salgadinhos Sabor de Soledad.

    Liz gosta de reality shows, nem sempre se depila, é obcecada por “Star Wars”  e tem alergia a cães e gatos. Come demais quando está deprimida. Usa óculos em vez de maquiagem. Repete roupas e mantém os cabelos naturalmente ondulados. Ela trabalha na televisão, mas é bem vida real. Não como a caricatura de uma mulher feia, porque ela não é, mas como uma pessoa real, como Tina Fey.

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    O humor autodepreciativo de Liz/Tina não é o de um obeso que tira sarro da própria gordura para ser aceito.  Esta comédia não compactua com preconceitos. Na verdade, o programa tem uma comicidade que brinca com os padrões estabelecidos, para desconstruí-los. É um humor que humaniza. Você aceita a personagem e ri com ela porque se reconhece em suas fraquezas.

    Rir de si mesmo é se dar uma folga das pressões. Profissionais, emocionais, estéticas, éticas. O humor autodepreciativo é uma forma de se redimir e se perdoar, para seguir em frente. Não há irreverência na perfeição. Porque a graça está na falta de jeito, no defeitinho, no escorregão. Quando não restar mais nada, ainda haverá uma piada.

    Nesta época em que se fala tanto de liderança e sucesso, pode ser revigorante se inspirar em alguém que não se leva tão a sério e parece ver no humor um princípio. Um valor para a vida. Tina Fey talvez seja um exemplo para todos nós, precisamente por não se ver como um exemplo para ninguém.

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    Leandro Quintanilha trabalhou no Estadão e no UOL. Hoje, escreve para revistas. Ele adora livros, séries e filmes, que prefere analisar pela perspectiva comportamental. Leandro confessa que acha muito esquisito escrever sobre si mesmo assim, na terceira pessoa.
    E-mail: leandroq@gmail.com
    Facebook: facebook.com/leandro.quintanilha

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    Twitter: @leandroquin

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