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R. Kelly é acusado de manter e abusar de garotas para um “culto”

Cantor já havia sido processado anteriormente por abuso sexual e pornografia infantil.

Por Giovana Feix
Atualizado em 20 jan 2020, 10h15 - Publicado em 17 jul 2017, 16h42
R. Kelly
 (Michael Loccisano/Equipa/Getty Images)
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R. Kelly é uma das maiores influências do ramo musical nos Estados Unidos. Ele já recebeu três Grammys e foi eleito pela revista Billboard o músico mais influente do R&B nos últimos 25 anos, e, no Brasil, é mais conhecido pela música “I Believe I Can Fly”, trilha sonora do filme infantil “Space Jam”.

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Ao longo de praticamente toda a sua carreira, no entanto, Robert “R.” Kelly esteve envolvido em grandes escândalos sexuais – quase todos eles, lamentavelmente, junto de garotas menores de idade. Isso nunca impediu, porém, que sua música permanecesse sempre no topo das paradas – nem que estrelas como Michael Jordan, em, justamente, “Space Jam”, Jay-Z e até Michael Jackson quisessem trabalhar junto dele.

Nada de novo sob o sol

As manchetes mais recentes envolvendo o cantor mostram que ele claramente não mudou nada desde os escândalos que dominaram os jornais de sua cidade natal, Chicago, durante a década de 1990.

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Fitas com imagens de sexo entre, supostamente, R. Kelly e uma garota menor de idade foram reveladas em 2002, quando ele foi acusado por pornografia infantil. No mesmo ano, porém, ele foi inocentado. O cantor já havia sido (e continuou sendo) acusado por várias mulheres de abuso sexual, ao que sempre respondeu, junto a seus advogados, alegando que as acusadoras só querem acabar com sua carreira. (The Chicago Sun-Times/Reprodução)

De acordo com uma reportagem minuciosa feita pelo BuzzFeed News norte-americano, R. Kelly estaria atualmente envolvido em um grande esquema de pedofilia, envolvendo abuso e lavagem cerebral de menores de idade. O portal de notícias chega a usar, inclusive, a palavra “culto” para se referir a estas descobertas mais recentes.

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Para chegar a tal conclusão, a reportagem fala não só com três pessoas que costumavam fazer parte do círculo íntimo do cantor (Cheryl Mack, Kitti Jones e Asante McGee), como também com as famílias de duas garotas que, desde que se envolveram com o músico, sumiram e nunca mais deram notícias consistentes aos pais.

Os nomes das vítimas e de seus parentes foram alterados para preservá-las, mas os detalhes que as entrevistas revelaram deixam absurdamente explícitas as horríveis medidas utilizadas pelo cantor para deixar jovens sob sua influência direta – e impedi-las de entrar em contato com as próprias famílias.

A garota em questão se envolveu com o músico quando tinha 19 anos e ele, 48. Com esperança de que R. Kelly ajudasse a filha a alavancar sua carreira, os pais permitiram que ela se aproximasse dele. Atualmente, porém, eles fazem de tudo para recuperar a garota e trazê-la de volta ao lar – sem sucesso.

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Era como se ela houvesse sofrido uma lavagem cerebral“, conta a mãe sobre a última vez em que a viu, em dezembro de 2016. “Ela parecia uma prisioneira, foi horrível. Eu a abracei e abracei, mas ela só dizia que estava apaixonada e que R. Kelly era o único que se importava com ela. Eu não sei o que fazer. Eu espero que, se conseguir tê-la de volta, eu consiga levá-la a terapias para vítimas de cultos. Eles podem trazê-la de volta, mas queria que eu tivesse impedido tudo isso de acontecer”, lamenta.

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A reportagem traz, inclusive, áudios de ligações do início da relação entre os dois – em que a jovem tentava tirar o foco das conversas do sexo e trazê-lo de volta à música que compunha. “Eu estou mais interessado em desenvolver você”, respondeu o cantor. “As músicas não são uma questão. Nós podemos fazer um hit em qualquer momento“.

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De acordo com uma das entrevistadas, R. Kelly chegou a prender a menina em um ônibus de turnê durante cerca de três dias. “Ela não tinha autorização para sair”, diz Asante McGee. “Ele disse que ela não tinha feito sua tarefa de casa, que por isso estava sendo punida – o que era muito confuso, porque ela tinha acabado de se formar no Ensino Médio”.

Atualmente, são pelo menos cinco as vítimas

O cantor está sendo acusado de manter pelo menos cinco mulheres desta maneira, sob sua “influência”. De acordo com a investigação do BuzzFeed News, as garotas tiveram até seus telefones celulares confiscados – e vivem sob regras bastante rígidas, impostas, claro, pelo cantor. Elas devem pedir autorização até mesmo para comer, usar o banheiro e sair de casa, por exemplo.

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Nem ao entrar em contato com a polícia os pais destas jovens, porém, encontraram ajuda. As autoridades de dois estados americanos em que o cantor tem casa, o Illinois e a Geórgia, compareceram às propriedades – e alegaram não encontrar nada ilegal. Uma das vítimas de R. Kelly chegou inclusive a dizer aos policiais que estava bem e que “não gostaria de ser incomodada pelos pais”.

Negação

Assim como aconteceu diante de todas as acusações que recebeu ao longo da vida, a advogada de R. Kelly atualmente nega as histórias. Em resposta via e-mail ao BuzzFeed News, Linda Mensch diz se perguntar “por que as pessoas ainda insistem em difamar um grande artista que ama seus fãs, trabalha 24 horas por dia, sete dias por semana, e cuida de todas as pessoas em sua vida”.

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Ele trabalha duro para ser a melhor pessoa e artista que pode ser. É interessante que histórias e contos negados anos atrás aparecem, quando seu objetivo é acabar com a violência, abaixar as armas e abraçar a paz e o amor. Eu imagino que este seja o preço da fama. como todos os nós, o senhor Kelly merece uma vida pessoal. Por favor, respeitem isto.

Linda Mensch, advogada de R. Kelly
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