Vitória das mulheres: Paquistão altera lei para que “crimes de honra” não sejam mais perdoáveis
Depois da morte de Qandeel Baloch, celebridade local, ficou evidente que algo precisava mudar.
Em julho deste ano, Qandeel Baloch, a “Kim Kardashian” do Paquistão, foi morta pelo próprio irmão em um crime passional, defendido “pela honra da família”. Na última quinta-feira (6), as autoridades do país deram um passo importante para que esse tipo de crime se torne cada vez mais raro: por unanimidade, aprovaram uma lei para fortalecer a pena para crimes de honra. De acordo com a Comissão de Direitos Humanos do Paquistão, a cada ano, mais de mil mulheres são mortas no país com esta mesma justificativa.
Antes da mudança na lei, os acusados por “crimes de honra” podiam ser soltos, se “perdoados” pela família das vítimas. A partir de agora, mesmo com este “perdão”, eles terão de enfrentar uma pena de 12 anos e meio na prisão.
Além disso, o parlamento paquistanês também aprovou uma lei para fortalecer a punição por estupro no país.
O documentário “A Girl in the River: The Price of Forgiveness” (“A Menina no Rio: O Preço do Perdão”, em tradução livre) foi feito no país e aborda justamente este problema. O filme garantiu um Oscar em 2016 à cineasta Sharmeen Obaid-Chinoy, que comemorou as mudanças na lei, ontem, nas redes sociais.
A lei ‘anti-honra’ passou na sessão conjunta! Espero que agora não haja mais perdão em assassinatos por honra #Paquistão
Morta em um “crime de honra”, Qandeel Baloch virou um símbolo de luta no país. Ao expor sua vida pessoal – e também seu próprio corpo – nas redes sociais, seus posts causavam um rebuliço inédito, gerando horror entre a ~família tradicional paquistanesa~ e muita inspiração e coragem entre as mulheres mais jovens.
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