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Os melhores momentos do discurso de despedida de Barack Obama

O presidente dos Estados Unidos fez um discurso poderoso na noite passada em Chicago.

Por Ligia Helena
Atualizado em 20 jan 2020, 23h02 - Publicado em 11 jan 2017, 08h10
CHICAGO, IL - JANUARY 10: President Barack Obama delivers a farewell speech to the nation on January 10, 2017 in Chicago, Illinois. President-elect Donald Trump will be sworn in the as the 45th president on January 20. (Photo by Scott Olson/Getty Images) (Scott Olson/Getty Images)
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Na noite de ontem (10), em Chicago, o presidente dos Estados Unidos Barack Obama fez seu discurso de despedida do cargo. No próximo dia 20, com a posse de Donald Trump, ele encerra oito anos de mandato. Talvez o presidente mais pop da história do país, ele conseguiu emocionar muito com as palavras do último discurso.

Ele falou sobre as conquistas do governo, que correm risco de serem revogadas pelo próximo presidente, racismo e nossa relação esquisita com as redes sociais, além de dar valor ao papel de Michelle Obama e da família nesses anos todos. Traduzimos aqui os melhores momentos para você.

“Vocês me fizeram um homem melhor”
É bom estar em casa. Meus companheiros americanos, Michelle e eu fomos muito tocados por todos os votos de felicidade que recebemos ao longo das últimas semanas. Mas nessa noite é minha vez de agradecer. Tenhamos concordado ou não, minhas conversas com vocês, o povo americano – em salas de estar e escolas; em fazendas e em chãos de fábrica; em restaurantes ou em distantes postos avançados – foram o que me mantiveram honesto, inspirado e me fizeram ir adiante. Todos os dias eu aprendi com vocês. Vocês me fizeram um presidente melhor, e me fizeram um homem melhor

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Sobre as conquistas ao longo de oito anos de governo
Se eu tivesse dito a vocês, oito anos atrás, que os Estados Unidos iam reverter uma grande recessão, reinicializar nossa indústria automobilística, e desencadear o maior período de criação de empregos de nossa história… se eu tivesse dito a vocês que abriríamos um novo capítulo com o povo cubano, acabaríamos com o programa de armas nucleares do Irã sem disparar um tiro, e eliminar o cérebro por trás do 11 de setembro… se eu tivesse dito a vocês que iríamos conquistar a igualdade no casamento, e assegurar o direito ao seguro-saúde para mais 20 milhões de cidadãos… vocês poderiam dizer que nossas expectativas estavam um pouco altas. 

Mas foi o que fizemos. Foi o que vocês fizeram. Vocês foram a mudança. Vocês responderam às esperanças das pessoas, e, por causa de vocês, em todas as métricas, os Estados Unidos são um lugar melhor e mais forte do que era quando nós começamos.

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Sobre racismo e discriminação – “os corações precisam mudar”
Há uma segunda ameaça à nossa democracia – uma tão antiga quanto nossa nação. Depois de minha eleição, as pessoas falavam dos Estados Unidos pós-racial. Uma visão que, embora bem intencionada, nunca foi realista. A raça permanece sendo uma força potente e frequentemente divisível de nossa sociedade. Já vivi o bastante para saber que relações raciais são melhores agora do que eram há 10, 20 ou 30 anos – você pode ver isso não só nas estatísticas, mas nas atitudes dos jovens americanos em todos os espectros políticos.  

Mas não estamos onde precisamos estar. Todos nós temos mais trabalhos para fazer (…). Se desistimos de investir nos filhos dos imigrantes, só porque eles não parecem conosco, diminuímos as perspectivas de nossas próprias crianças – porque esses meninos marrons vão representar uma parcela grande da força de trabalho americana (…)

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Prosseguindo, precisamos defender leis contra a discriminação – na contratação, moradia, educação e na justiça criminal. É o que nossa Constituição e nossos melhores ideais requerem. Mas leis, sozinhas, não serão suficiente. Os corações precisam mudar. Se nossa democracia funcionar nessa nação cada vez mais diversa, cada um de nós precisa atender ao conselho de um dos grandes personagens da ficção americana, Atticus Finch, que disse “Você nunca entende de verdade uma pessoa até que considere as coisas a partir do ponto de vista dela… até que você suba em sua pele e ande por aí com ela”.

Para os negros e outras minorias, significa juntar nossas próprias lutas pela justiça aos desafios que um grande número de outras pessoas neste país também enfrenta – o refugiado, o imigrante, o pobre rural, o transgênero americano e também o homem branco de meia-idade. Olhando de fora, pode parecer que ele tem todas as vantagens, mas ele é alguém que viu seu mundo revirado por mudanças econômicas, culturais e tecnológicas.

>>> Veja também: Após eleição de Trump, internet pede Michelle Obama na presidência em 2020

Para os americanos brancos, significa reconhecer que os efeitos da escravidão e Jim Crow não desapareceram repentinamente nos anos 1960; que quando minorias manifestam descontentamento, eles não estão apenas envolvidos em um racismo reverso ou sendo politicamente corretos. Que quando eles protestam pacificamente, não estão exigindo tratamento especial, mas o tratamento igualitário que nossos Fundadores prometeram.

Para os que nasceram americanos, significa lembrar-se de que os estereótipos sobre os imigrantes hoje já foram ditos, quase palavra por palavra, sobre os irlandeses, italianos e poloneses. A América não foi enfraquecida pela presença desses recém-chegados; Eles abraçaram o credo desta nação, e o credo dessa nação foi fortalecido.

Então, independentemente de quem somos; nós temos que tentar mais. Começando com a premissa de que cada um dos cidadão ama este país tanto quanto nós. Que cada um valoriza o trabalho duro e a família como nós. Que os filhos deles são tão curiosos, cheios de esperança e dignos de amor como os nossos.

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Sobre a bolha como uma ameaça à democracia
Nada disso é fácil. Para muitos e muitos de nós, tornou-se mais seguro ficar dentro de nossas próprias bolhas, seja em nossa vizinhança, no campus da universidade, lugares de culto ou nos nossos feeds das redes sociais, cercados de pessoas que parecem conosco e compartilham a mesma visão política e nunca desafiar nossas certezas (…) E, cada vez mais, ficamos tão seguros em nossas bolhas que aceitamos apenas informações, verdadeiras ou não, que se encaixam em nossas opiniões, em vez de basear nossas opiniões nas evidências que estão lá fora.

Essa tendência representa uma terceira ameaça à nossa democracia. A política é uma batalha de ideias. Ao longo de um debate saudável, priorizamos diferentes objetivos, e diferentes meios de alcançá-los. Mas sem concordarmos em alguns fatos, sem a vontade de admitir novas informações, sem admitir que seu oponente pode estar certo, e que ciência e raciocínio importam, continuaremos falando um sobre o outro, tornando a concordância e o compromisso impossíveis.

Sobre Michelle Obama e as filhas Malia e Sasha – De tudo o que fiz em minha vida, o meu maior orgulho é o de ser pai de vocês.
(…) Michelle – ao longos dos últimos 25 anos, você tem sido não apenas minha mulher e mãe de minhas filhas, mas minha melhor amiga. Você assumiu um papel pelo qual não pediu, e tornou-o seu com graça e coragem e estilo e bom humor. Você fez da Casa Branca um lugar que pertence a todos. E uma nova geração tem expectativas mais altas porque tem você como um exemplo. Você me deixa orgulhoso. Você deixa o país todo orgulhoso. 

President Obama Delivers Farewell Address In Chicago
Barack Obama abraça a filha Malia, após discurso de despedida do cargo (Scott Olson/Getty Images)

Malia e Sasha, sob as circunstâncias mais estranhas, vocês se tornaram duas jovens mulheres incríveis, espertas e lindas, mas mais importante que isso, bondosas, atenciosas e cheias de paixão. Vocês encararam o fardo de estar no centro das atenções com tanta facilidade. De tudo o que fiz em minha vida, o meu maior orgulho é o de ser pai de vocês.

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O otimismo na despedida
É por isso que eu deixo esse palco, essa noite, ainda mais otimista sobre esse país do que eu estava quando começamos. Porque eu sei que nosso trabalho não apenas ajudou muitos americanos; ele inspirou muitos americanos – especialmente muitos jovens por aí – a acreditar que você pode fazer a diferença; a engatar seu vagão a algo maior do que vocês mesmos. Essa geração que está chegando aí – altruísta, criativa, patriótica – eu os vi em cada canto do país. Vocês acreditam nos Estados Unidos justos e inclusivos; vocês sabem que a mudança constante tem sido a marca dos Estados Unidos, algo para não temer, mas abraçar, e vocês estão dispostos a levar o difícil trabalho da democracia adiante. Em breve vocês serão mais do que nós somos, e o resultado é que eu acredito que o futuro está em boas mãos. 

Meus companheiros americanos, foi a maior honra da minha vida servir a vocês. Na verdade, eu não vou parar. Estarei bem aqui com vocês, como cidadão, por todos os dias da minha vida. Por ora, seja você jovem de fato ou de espírito, tenho um último pedido a fazer como presidente – a mesma coisa que pedi quando vocês me elegeram há oito anos.

Estou pedindo a vocês que acreditem. Não em minha habilidade de trazer mudanças – mas na sua habilidade.

(…)

Sim, nós podemos.

Sim, nós fizemos.

Sim, nós podemos.

Obrigado. Deus os abençoe.

E que Deus possa continuar abençoando os Estados Unidos da América.

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