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Lambe-lambes feministas espalham poesia e protesto pelas ruas

Coletivos de mulheres estão colando pequenos cartazes com mensagens de empoderamento pela cidade de São Paulo.

Por Júlia Warken
Atualizado em 21 jan 2020, 09h29 - Publicado em 1 jun 2016, 15h21
Facebook/Onde jazz meu coração (/)
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A ideia é mega simples e está ganhando cada vez mais adeptas! Através de pequenos cartazes, os chamados lambe-lambes, grupos de feministas estão dando seu recado e colorindo as ruas de São Paulo. A escritora e professora Ryane Leão, 27, cola lambes há mais de 4 anos e desde janeiro ministra oficinas junto da estudante de arquitetura Lela Brandão, 22. As duas se conheceram através do Instagram (Ryane toca o projeto “Se essa rua fosse nossa” e “Onde jazz meu coração” e Lela o “Frida Feminista”) e passaram a sair juntas para espalhar suas mensagens pela capital paulista.

Arquivo pessoal
Arquivo pessoal ()

Dessa parceria surgiu a vontade de incentivar outras mulheres a fazer o mesmo. As oficinas começaram em janeiro e a ideia é que aconteçam uma vez por mês a partir de agora. “A gente começa por uma conversa sobre feminismo e arte de rua, abrindo para um bate papo descontraído, de forma que todas possam falar a ouvir. O sentimento de pertencimento e sororidade é indescritível. Depois, enriquecidas por esse debate, a gente produz os cartazes e sai pra colar na rua”, conta Lela.

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A partir dessa troca, outros projetos foram nascendo, como o “Poesia Móvel”, da redatora Carol Mondin, 36. “Demorou, mas entendi que poesia também é forma de resistência e luta. E é assim que eu sei lutar. Eu quero tocar qualquer pessoa que fotografe, com o celular ou com a retina, aquilo que eu tenho pra falar”, diz ela.

Outro projeto que surgiu através das oficinas de Ryane e Lela é o “Encontrarte”, das amigas Aline Fidalgo, 35, e Mari Vieira, 40. As duas se conheceram através da campanha #MeuAmigoSecreto, pois descobriram algo que as unia: ambas haviam se relacionado com o mesmo cara, que se comportava de forma abusiva. “Nosso encontro foi dolorido, mas de apoio simultâneo. Eu e Aline estreitamos laços e com isso surgiu a ideia de fazer algo. Percebemos que nossa história era comum, muitas mulheres viviam experiências semelhantes. Meu desejo era fazer algo que fosse além do pessoal, que não fosse uma vingança, que refletisse uma luta coletiva, que alertasse outras mulheres, pois sabemos que os abusadores estão em todos os lugares”, conta Mari.

https://www.instagram.com/p/BFpcPFmvOmW/
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As meninas contam que têm recebido diversas respostas positivas de mulheres que se deparam com os lambes e encontram inspiração. “Já recebi mensagem de uma mulher dizendo que estava pensando em suicídio e leu as minhas coisas e conseguiu enxergar algo além. Às vezes não temos noção da proporção do nosso trabalho, mas o que me movimenta são essas mulheres que se encontram e se identificam no que escrevo”, comenta Ryane.

Deu vontade de fazer também? Então mãos à obra, pois o processo é muito simples! “Todo mundo tem algo pra falar: pega um papel e uma caneta, escreve e sai colando por aí. Depois que voc�� começa não tem como parar mais”, incentiva Lela. Algumas meninas imprimem seus lambes, outras fazem tudo a mão mesmo, basta tomar cuidado para que a tinta utilizada não manche em contato com líquidos. Nas oficinas a mulherada aprende a fazer cola caseira, usando apenas água e farinha, mas também dá para utilizar cola branca diluida em água. O ideal é passar a cola direto na superfície (muro, tapume, parede, etc), fixar a folha e depois passar mais cola por cima.

Arquivo pessoal
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Frente à onda de manifestos feministas e a recente indignação generalizada contra a cultura do estupro, as meninas são unanimes em dizer que a veem a sororidade como algo cada vez mais latente. “É urgente derrubar as práticas silenciosas do machismo e rever nossos critérios de comportamento ‘até que todas sejam livres!’. É o momento de não nos calarmos, há força e energia nas ruas para isso”, acredita Aline. Para Ryane, vivemos um momento em que a dor está finalmente se transformando em força e união. “Quando uma se fere, todas nos ferimos. A coragem tem gritado no peito das minas, ninguém mais aceita o retrocesso e como diz um lambe meu ‘ninguém mais é capaz de nos calar'”.

Às mulheres de São Paulo que quiserem se unir à causa, a próxima oficina está programada para rolar no dia 18 de junho. O investimento é de 100 reais e as meninas disponibilizam todo o material necessário. Para se inscrever basta entrar em contato com Ryane e Lela através do email oficinadasminas@gmail.com.

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Ah, e não deixe de conferir a conversa que a gente teve com a Ryane, a Carol e a Aline. Muito amor envolvido! Lambe-lambes feministas espalham poesia e protesto pelas ruas

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