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Síndrome do pânico: saiba como a meditação pode resolver o problema

Conheça a história da americana que conviveu com esse distúrbio por 40 anos e encontrou na meditação seu remédio.

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 28 out 2016, 00h18 - Publicado em 24 abr 2014, 22h00
Isabella D'Ercole
Isabella D'Ercole (/)
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A americana Priscilla Warner teve o primeiro episódio de síndrome do pânico aos 15 anos.
Foto: Divulgação

 

Ao longo de quatro décadas, Priscilla Warner, de 60 anos, sofreu com crises de angústia e ataques de pânico frequentes. Foram centenas deles e, entre um episódio e outro, o medo de que a situação se repetisse. Demorou um tempo até que o diagnóstico de síndrome do pânico se confirmasse. Em 2008, ela encontrou na meditação a solução para o problema. “Eu a defino como um processo de reflexão, em que você enxerga as coisas de uma perspectiva mais lenta. Senti as primeiras mudanças após duas semanas de prática”, conta Priscilla.

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Sua batalha está registrada no seu segundo livro, “Respirar Meditar e Inspirar” , lançado no Brasil em 2014 pela editora Valentina. A seguir, leia o depoimento de Priscilla e saiba o que ela aprendeu nesse jornada.


Veja a reportagem na íntegra:

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“O primeiro episódio foi aos 15 anos. Eu estava no refeitório da faculdade, onde trabalhava como garçonete, quando senti minha garganta fechar. Sem ar, tentei respirar fundo, mas não consegui. Achei que tinha ingerido alguma coisa venenosa e ia morrer, mas a sensação passou em poucos minutos. Fui para casa assustada. Meus pais chamaram um médico e, depois de me examinar, ele disse que era apenas ansiedade e receitou pílulas calmantes. Dali em diante, aquele cena angustiante se repetiu várias vezes. Começava com uma terrível percepção de que eu iria perder o controle, meu corpo agiria por conta própria e eu não poderia fazer nada. Era mais comum em situações estressantes, como reuniões de trabalho, mas também acontecia no cinema ou no bar, quando eu estava com as amigas, até na praia. Tive centenas de ataques de pânico. Se eu me esforçar, consigo me lembrar dos piores. Entre um episódio e outro, eu convivia com o medo constante que eles se repetissem, o que causava ainda mais ansiedade. Minha vida era dominada por isso. Mesmo quem me conhecia bem pouco sabia da minha doença. Por isso, foi uma surpresa para todos quando eu lancei Respirar Meditar Inspirar, no qual eu conto meus 40 anos de batalha para me livrar da síndrome do pânico. Aprendi que os ataques são uma resposta extrema de sobrevivência. O corpo reage a qualquer perigo ou ameaça, por menor que seja, disposto a vencer. Hoje eu sei disso, mas, por muito tempo, suspeitei que fosse louca. Lá atrás, quando as minhas crises começaram, não existia sequer o nome síndrome do pânico. Vi pessoas próximas a mim serem internadas em hospitais psiquiátricos e acabarem estigmatizadas. Morria de medo de aquele ser o meu futuro.

Há quatro anos, durante um voo, tive um estalo. Não queria mais ser tão angustiada, sofrer tanto e passar por aquelas crises, mas só o remédio não me ajudaria. Eu precisava de algo mais. Sempre havia pensado em tratamentos alternativos. Não que eu condene os ansiolíticos, pois foram as pílulas que salvaram meu corpo das consequências malignas do stress e da ansiedade. Só que estava na hora de eu tentar outra coisa. Por influência da minha mãe, eu já tinha experimentado meditação 30 anos antes. Foi a primeira vez que percebi a conexão entre a respiração e o nosso estado mental. Notei que quanto mais devagar eu respirava, mais calma eu ficava. Mas, naquela época, não deu certo para mim e eu abandonei a prática. Dei outra chance para a meditação pouco depois da minha decisão no avião. Fiz um retiro de cinco dias com um monge tibetano que havia superado ataques de pânico. Ele me falou: `Tive pais incríveis, vivia em uma montanha longe da tecnologia e, mesmo assim, o pânico me seguiu como uma sombra’. Foi identificação imediata. Achei incrível conhecer alguém de uma cultura tão diferente que compartilhava do meu sofrimento.

Meditar para ficar em paz

Mas foi só naquela viagem de avião, aos 56 anos, que decidi mudar meu cérebro do modo de funcionamento do neurótico para o de um monge sereno. Mas queria fazer isso sem sair de casa. Em vez de me internar em um spa ou mosteiro, eu queria trabalhar para manter minha mente sã enquanto ia ao supermercado, preparava o jantar e tocava a vida. Tive, então, a iluminação de que a meditação me levaria do pânico à paz. E levou. Até chegar lá, no entanto, tentei diversos métodos e técnicas, falei com vários gurus e especialistas. Até me comprometi a meditar todo dia, por 20 minutos. A maioria começa com 45 minutos, mas o Dalai Lama diz que isso pode trazer frustração, pois, para um iniciante, é difícil conseguir tanto tempo de primeira. Ele recomenda partir dos cinco minutos. E, se o Dalai Lama diz, você pode seguir. Eu defino a meditação como um processo de reflexão, em que você enxerga as coisas de uma perspectiva mais lenta. Senti as primeiras mudanças após duas semanas de prática. Vi que já estava menos impaciente. Depois de seis semanas, decididamente, minha mente parecia mais calma. Era como uma água lamacenta que ia ficando límpida. Comecei a perceber que havia um espaço de tempo entre o surgimento de um pensamento e a minha reação física. A meditação estava detendo a minha ansiedade. Quando ela ainda dava as caras, eu racionalizava e a espantava. Todos ao meu redor notaram a diferença. Meu marido disse: `Seu pavio não é mais curto’. E o melhor é que tinha curado a síndrome do pânico: nunca mais tive novas crises.

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Para quem sofre de ansiedade, digo: pode parecer que você está sozinha no mundo, mas não está. As pessoas estão acordando à noite com o coração acelerado e a cabeça cheia de preocupações. É como a vida funciona. Nós não podemos evitar os tempos difíceis, a tristeza, as ameaças. Mas, com a meditação, dá para rever um momento mal resolvido, digeri-lo e deixá-lo ir. E é possível reconhecer no ato uma emoção ruim sentida durante o dia e superá-la. Com a técnica, ganhei a consciência de que, por pior que seja o que está acontecendo agora, vai passar. Nada é permanente. Também aprendi a ter paciência comigo mesma. Algumas vezes, enquanto medito, o tempo passa correndo. Em outras, arrasta-se. Sempre lembro que aquela é a minha salvação. Antes de uma reunião importante, por exemplo, você pode entrar no banheiro do escritório e respirar fundo até ficar tranquila o suficiente para seguir adiante.

Com a ajuda de um médico, cortei remédio, que só estava me deixando cansada. Agora só tomo em situações muito estressantes, como voos. Quando minha mãe faleceu, no começo de janeiro, depois de anos enfrentando o mal de Alzheimer, recorri às pílulas. Ainda assim, tomei doses bem menoresdo que antes. Tive a certeza de que o trabalho interno me preparou para os momentos difíceis. Meditei na cama dela muitas vezes, no quarto do hospital, no corredor. A doença dela foi meu teste de resistência, pois era quando eu estava mais suscetível a uma recaída. Hoje sigo uma lição do monge que conheci no retiro: o corpo é o cavalo, que precisa de comida e exercício. A mente é o cavaleiro, que necessita de meditação. Para cavalgar, é preciso que ambos estejam em sintonia, sem que um tente dominar o outro. É graças a esse tipo de equilíbrio que hoje vivo em paz e sou mais feliz.”.

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