Você é uma artista que expõe seus trabalhos em museus e galerias? Fashionista, produtora de conteúdo, empreendedora, fundadora de startup, investidora ou mesmo executiva corporativa? Seja qual for a sua área de atuação, dominar as finanças pessoais é importante para garantir a sua independência financeira.
Felizmente, o assunto “dinheiro” se fez presente em muitos dos talks que aconteceram na Casa Clã. E um recado, em suas diferentes formas, foi unânime: aproprie-se de suas finanças.
“Se uma mulher não tem independência financeira, ela não tem independência”, comentou a artista visual e designer Marcela Scheid, que participou do painel “Mulheres da arte: das galerias à rede”, com Marina Bortoluzzi e Carol Lauriano.
“A transformação abre caminhos para a mulher voltar para si. E com poder e confiança, escolher avançar sozinha, se desejar”
“Dinheiro é a chance para uma mulher sair de um relacionamento abusivo. A mulher pode empreender com propósito e também ter retorno financeiro.” Dessa vez, quem disse foi Ana Fontes, que dividiu o palco com Ana Claudia Plihal e Ana Buchain, no talk “Empreendedorismo feminino: como transpor o gender gap”, que mediei.
Como é bom e necessário escutar Ana Fontes, a mulher que fundou a Rede Mulher Empreendedora (RME), primeira e maior rede de apoio a empreendedoras do Brasil, que já impactou a vida de mais de 9,5 milhões de outras mulheres com geração de renda, e o Instituto RME, que, em outubro de 2022, ganhou o prêmio de 100 melhores ONGs do país.
Ela também falou sobre dados importantes para dedicarmos atenção. Segundo uma pesquisa da RME, que aborda a motivação para abrir um novo negócio, 46% das mulheres o fez por necessidade. Nesse recorte, 52% são negras, 71% estão nas classes DE e 56% possuem ensino fundamental. E olha só: 41% das empreendedoras brasileiras não conseguem pagar suas despesas com a renda do próprio negócio. Apenas 11% delas conseguem poupar algum dinheiro.
“Mulheres dependem emocional e financeiramente de seus parceiros. A rede de apoio e a liberdade financeira fazem a gente mover”, ponderou.
“Dinheiro é, sim, coisa de mulher que empreende, que investe, que é profissional e que ainda tem que enfrentar desafios muito maiores pelo simples fato de ser mulher”, destacou Ana Claudia Plihal, diretora de Soluções de Talento do LinkedIn no Brasil.
Ela chamou a atenção para um Informe de Percepção de Gênero, divulgado pela plataforma, que apontou que mulheres tentam 20% menos vagas que os homens por sentirem que precisam cumprir 100% dos requisitos solicitados pelos empregadores.
A maior parte deles, contudo, arrisca com apenas 60% das habilidades. Ainda: elas gastam mais tempo pesquisando a empresa, selecionando as vagas, avaliando as competências, mas param na hora de se aplicar.
“Quantas vezes você deixa de aplicar por achar que não tem competência? Quantas vezes não se joga por achar que não é para você, ou deixa de colocar a sua opinião? O problema não está na autoestima do homens, mas na nossa.”
A Ana Buchaim, diretora executiva de Pessoas, Marketing, Comunicação, Sustentabilidade e Investimento Social Privado da B3, emendou: “Muitas acham que é complicado e que não darão conta de se apropriar das finanças. É falácia. Com alguma disciplina, pode ser fácil. Vai lá e faz. Isso dá liberdade e segurança para a gente ser o que a gente é.”
Há diversidade de perspectivas e há concordâncias. A educadora financeira Nathália Rodrigues, a Nath Finanças, presente em outro painel, enfatizou: “Entender como você se relaciona com o seu dinheiro, mexer em suas feridas, gastar menos do que ganha e conhecer armadilhas é, de fato, um meio de libertação, especialmente para nós, mulheres”.
A transformação, não importa se na mente, no coração ou no bolso, abre caminhos para a mulher voltar para ela mesma. E com poder e confiança, escolher avançar sozinha, se assim desejar.