Cuidar de dinheiro é hábito
Escândalos e múltiplas projeções nos confundem e desanimam, mas não deixe isso abalar seu foco na hora das finanças pessoais
Com tanta coisa acontecendo no mundo e na economia, nos deparamos com uma enxurrada de informações que muitas das vezes nos impede de seguir em frente. Cada vez que entramos nas redes sociais ou lendo notícias, nada parece estar tranquilo. Nunca. Se fatos surgem e morrem no mesmo dia, como podem afetar o bolso? Nosso dinheiro merece atenção, precisamos tornar o cuidado com ele um hábito.
“Ocidente acelera armamento inédito à Ucrânia para antecipar ofensiva russa”, avisa a OTAN. O crescimento da economia global deve “chegar ao fundo do poço” em 2023, diz Kristalina Georgieva, diretora- gerente do Fundo Monetário Inter- nacional (FMI). Especialistas repetem: “A desaceleração do PIB acontece em cenário de juros altos para combater pressões inflacionárias”; “Mercado reage ao pacote de medidas econômicas anunciado pelo Ministro da Fazenda, Fernando Haddad”. O coro uníssono é de 2023 ou do ano passado?
Uma reflexão individual, mas ora não egoísta, parece ainda mais angustiante: “o que fazer com o meu dinheiro nesse momento?” Não desanime. É importante manter, rotineiramente, o foco inabalável no próprio orçamento financeiro e na diversificação da carteira de investimentos. O mercado quer estabilidade e a gente (quase sempre) também, pelo menos para o nosso bolso.
A poupança, tão menosprezada nos últimos tempos, se mantém no páreo, acumulando retorno de 7,9% no ano. Ela venceu a inflação em 2022 e teve o primeiro ano de ganho real desde 2018. No ano passado, a aplicação financeira mais popular do país registrou rentabilidade de 2%, já descontado o aumento de preços pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). É pouco? Sim, existem alternativas melhores. Bom comparar, entretanto, com o principal índice da bolsa de valores, a B3, que terminou 2022 com valorização acumulada de 4,69%, abaixo do IPCA e até da própria poupança. Esses números marcaram o fim de um ano repleto de excepcionalidades e frustrações do mercado.
O Observatório Febraban, levantamento realizado pela Federação Brasileira dos Bancos do Brasil, mostra que 74% da população crê na melhora de sua vida pessoal e familiar neste ano. Finanças é o primeiro no ranking de aspectos com mais chances de melhora em 2023 (36%), seguido de saúde física (28%), saúde mental (26%) e trabalho ou emprego (23%).
Se o mercado, formado por quem se dedica a analisar as informações em tempo real, se frustra, como podemos evitar frustração no nosso próprio bolso? Construir o controle financeiro pessoal é uma das melhores formas de sustentar uma relação saudável com o dinheiro. As medidas podem até variar, mas as receitas são bem semelhantes umas das outras.
Primeiramente, organize as contas (os recebimentos e os gastos fixos e variáveis), o seu rendimento mensal precisa ser o suficiente para cobrir as despesas. E, claro, se possível, faça ajustes para tentar quitar as dívidas ou outras pendências. Consegue guardar dinheiro? Então, estabeleça uma quantia mensal e transforme o exercício em um hábito. Forme uma reserva de emergência para momentos mais complicados e, depois disso, invista.
Para terminar, defina objetivos, seja no curto, médio ou longo prazos, e trace as metas para alcançá-los. Parece simples. E eu sei que não é. Mais do que pensar em dinheiro, há tanto em jogo: o trabalho, o relacionamento, a família, o sono, a alimentação, a atividade física, as consultas e exames, os estudos… Independentemente de tudo o que esteja acontecendo com as plaquinhas de preço do supermercado ou com as variações nos painéis luminosos das bolsas de valores, tire um tempo só seu.
Vivemos uma overdose de informações, mas isso não quer dizer que os escândalos em série e múltiplas projeções sejam surpreendentes a ponto de te paralisar.