Com 24 anos, o arquiteto Gabriel Rosa aposta no design afetivo e ancestral
O profissional, premiado na CASACOR São Paulo, compartilha sua trajetória, desafios e as próximas tendências de decoração
Gabriel Rosa trabalha com arquitetura desde os primeiros semestres da faculdade. Ainda durante a graduação, esboçou projetos para formar um portfólio e, a partir das redes sociais, surgiram seus primeiros clientes.
Com uma abordagem poética, sensível e conceitual, o jovem ganhou destaque ao se tornar o profissional mais jovem a participar da CASACOR São Paulo (em 2024), onde venceu o prêmio de melhor ambiente em sua categoria. “No mesmo ano, comecei a trabalhar com marcas do segmento que eu já admirava muito, como Deca, Coral, Duratex, e o próprio Pinterest”, conta a CLAUDIA.
Além do talento projetual, Gabriel também tem se posicionado contra o racismo estrutural no setor. Durante a CASACOR 2025, denunciou publicamente comentários racistas feitos por uma visitante em seu ambiente, registrando boletim de ocorrência. “Fui chamado para dar palestras em universidades e, nesse momento, entendi que meu trabalho vai no sentido de ajudar a ser referência para outras pessoas pretas”, reflete.
Hoje, o arquiteto tem um escritório em Alphaville, aumentou a equipe e assina peças para marcas do setor. Abaixo, confira a entrevista completa:
Quais são os elementos que não podem faltar em um projeto seu?
Meu projeto nasce da escuta. Sinto que a minha linguagem foi tomando forma a partir dos meus próprios gostos pessoais. Amo música e moda – queria integrar todos esses elementos na minha profissão. Parte do processo criativo é me basear em texturas, formas, tecidos, caimentos e sons, por exemplo. Pode ser o projeto mais clean possível, mas ele sempre vai ter um contraste especial no tecido, na iluminação ou em alguma obra de arte.
E você tem notado algum pedido em comum entre os clientes?
Todos os clientes que chegam a mim confiam muito no que faço e no meu processo criativo. Mas notei que a maioria deles pede aconchego, ao contrário do estilo mais frio que há alguns anos estava mais presente. A partir daí, entrego uma mistura de tecidos diferentes, tons de madeira distintos e cores que dão uma sensação mais leve.
Qual é a maior tendência de decoração para 2026?
A vibe retrô está com tudo! Os clientes têm se desprendido da marcenaria novinha e têm se apegado ao antiquário. Os móveis que têm afetividade, aqueles que passaram de uma geração para outra, complementam o design das decorações atuais.
Há uma peça que não pode faltar em um ambiente pensado para ser confortável?
Uma boa poltrona e um sofá. Se você tiver a possibilidade de ter um living privado, escolha sempre pela qualidade dos materiais e esqueça a beleza. Hoje, é claro, existem sofás muito bons e bonitos – mas não há nada melhor do que ter uma peça feita para relaxar e ideal para criar boas memórias com a família.
Qual tem sido o seu maior aprendizado do começo até agora?
Ninguém cresce sozinho. Acredito muito nisso. Eu não me tornaria quem sou hoje se não tivesse uma equipe que sonhasse comigo. Entendo que parte do nosso caminho é sobre pessoas. Sei que no meio da arquitetura há muito ego envolvido, mas tento ir na contramão disso porque quero que as pessoas realmente se identifiquem com a minha personalidade e com quem eu sou. Desejo que as pessoas entendam a arquitetura como um lugar de acolhimento e de encontro.
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