Mulher, artista, mãe, Vanessa Moreno celebra o sucesso de seu novo álbum, Solar, com a energia cósmica que emana. “Eu sou muito movida pela energia do sol, no lugar literal, quando está um dia ensolarado eu me sinto mais viva, com mais energia. Eu até brinco que eu prefiro cantar suando do que cantar com uma blusinha de lã. Quanto mais calor eu sinto, mais energia eu tenho. Então essa energia solar é muito potente para mim”, conta à CLAUDIA.
Natural de São Bernardo do Campo, São Paulo, Vanessa passou a estudar música com 15 anos, influenciada pela mãe – uma de suas referências. Ela sempre foi muito fã de rock, mas acabou se encantando também por MPB, com aulas de canto e violão. Aprendeu a tocar violino no Projeto Guri – programa sociocultural, que promove a educação musical no Brasil – e estudou canto erudito e se formou pela Faculdade de Música Souza Lima, em São Paulo.
“Música para mim é algo que de tão sério, que acaba virando uma grande brincadeira. Quando eu estou no palco é o lugar mais precioso para mim, onde eu estiver fazendo música é o palco. Pode ser na sala de minha casa, de um amigo, é onde me encontro por inteiro, sinto que estou entregue, conectada com tudo ao meu redor e no que tem de mais precioso em mim”, diz a artista.
Vanessa Moreno lançou seu primeiro álbum solo, Em Movimento, em 2017 – mesmo ano em que levou o Prêmio Profissionais da Música Brasileira, na categoria cantora. O que se repetiu em 2018 e 2021, onde foi premiada também como autora, época do lançamento do disco Sentido. Ela já cantou com outros grandes nomes como Gilberto Gil, Edu Lobo, Maria Gadú, Criolo e mais.
Ela conta que uma das mulheres inspiradoras de sua vida, além da própria mãe, como citamos acima, é a cantora Rosa Passos – com quem já teve a oportunidade de trabalhar. “Todas as mulheres artistas me inspiram no sentido que parece que também me permitem ser quem eu sou, eu as vejo cantando, compondo”, conta. “Quando eu vejo alguém fazendo alguma coisa e me sinto inspirada, tento achar esse lugar de conexão em mim o que vejo de pulsante naquela pessoa”.
Com influências dos Barbatuques, grupo brasileiro de percussão corporal, e Hermeto Pascoal, músico conhecido por improvisação, a artista interpreta faixas sem necessidade de instrumentos, usando apenas o corpo. Ela mostra que é possível fazer som de múltiplos objetos. “Eu notei que era muito divertido tirar sons de objetos diferentes, sempre nesse lugar lúdico. É possível olhar e ressignificar coisas que a gente já conhece. Durante a pandemia só tinha eu, meu violão e minha casa. O que podia virar música?”, relembra ela. “Minha página [do Instagram] aumentou muito nesta época. Tinha música com balde, com saquinho plástico, eu acredito que isso me aproximava das pessoas, esses símbolos do cotidiano”, completa.
Vanessa reflete também sobre como essa prática a ajudou na fase pandêmica, o fazer música surtiu um processo de cura dentro dela. “A medida que eu me curava, eu ia dividindo com as pessoas. Foi um período muito importante musicalmente falando, foi o que sustentou.”
Com o recente trabalho, ela traz traz toda sua bagagem, somada ao que explorou durante a pandemia. “O disco anterior [Sentido], de voz e violão, que é o Sentido eu finalizei com essa música Solar, que é instrumental, e esse novo, que abre uma nova janela para mim, interna principalmente, porque me dá o aval para que eu possa explorar outras sonoridades”, conta. Ao lado dos músicos Michael Pipoquinha (baixo), Felipe Viegas (teclas) e Renato Galvão (bateria), ela flertou com o rock, pop e uma atmosfera anos 1980 adicional à música brasileira e às “pitadas de jazz e da ancestralidade”.
“Juntando tudo isso com esses meninos queridos, é como se eu conseguisse cutucar um lugar meu que estava faltando, é como se eu pudesse explorar na totalidade o meu ser no palco”, finaliza a cantora. Não é preciso muito para entender porque Vanessa Moreno foi apontada como grandes revelações da música brasileira. Descubra você também: Solar está disponível nas principais plataformas digitais de música.