Quem é fã do Universo Marvel, certamente já ouviu falar de Chloé Zhao. A cineasta chinesa de 39 anos é o nome responsável pela direção de Os Eternos, longa cujo lançamento está previsto para novembro deste ano e que tem em seu elenco figuras de peso como Angelina Jolie, Salma Hayek, Richard Madden e Kit Harington.
Além de ser uma grande aposta do estúdio, o filme também será o primeiro trabalho mainstream de Zhao, que até aqui tem dedicado sua carreira às produções independentes.
Nascida em Pequim, em 1982, com o nome de Zhao Ting, Chloé é filha de um gerente de uma fábrica de aço e de uma funcionária de hospital. Com uma natureza que se rebelava contra as convenções e expectativas sociais, desde cedo ela demonstrou interesse pela cultura pop ocidental e, na adolescência, mudou-se para Los Angeles, onde terminou o Ensino Médio.
Sua trajetória acadêmica e profissional no mundo da sétima arte, porém, levou certo tempo para começar. Graduada em Ciências Políticas pela Universidade Mount Holyoke, a chinesa trabalhou como promotora de eventos, corretora de imóveis e bartender antes de finalmente se tornar aluna da Tisch School of the Arts, na Universidade de Nova York.
Logo em 2010, enquanto ainda era uma estudante, Zhao e seu filme Daughters conquistaram o prêmio de Melhor Live Action em Curta-Metragem Estudantil no Festival Internacional de Curtas de Palm Spring, além do Prêmio Especial do Júri no Festival de Cinema Cinequest. Eram os primeiros de uma série de êxitos.
Seu longa de estreia, Songs My Brothers Taught Me, foi destaque no Sundance, exibido em Cannes e indicado ao Independent Spirit Awards. Lançado em 2015, o filme conta a história de um adolescente indígena do povo Lakota, dividido entre ficar com a família na reserva ou mudar-se para Los Angeles. Para gravá-lo, Zhao passou meses morando na reserva indígena Pine Ridge, na Dakota do Sul.
“Eu queria me despir de todas as identidades que construí, ir a algum lugar onde ninguém soubesse quem eu era, para que pudesse descobrir quem sou. Quando você se deixa levar pela vida na China, ou em Nova York, você para de ter certeza se está vivendo a vida que deseja ou apenas a vida que encontrou”, ela disse em entrevista à Vogue americana.
Dois anos depois, Domando o Destino, seu segundo filme gravado na região de Pine Ridge, levou o Art Cinema Award em Cannes. O drama tem ares modernos de faroeste – gênero pelo qual Zhao é fascinada – e gira em torno de Brady Blackburn, personagem inspirado em Brady Jandreau, um jovem cowboy que embarca em uma jornada de redescobertas após sofrer um acidente quase fatal que põe fim a sua carreira nos rodeios.
No mesmo ano, Zhao se tornou a primeira ganhadora do Bonnie Award, prêmio do Independent Spirit Award que celebra a visão e trabalho inovadores de diretoras mulheres.
Em setembro passado, a cineasta conquistou o Leão de Ouro de Melhor Filme do Festival de Veneza com o longa Nomadland. Ela foi a primeira mulher em 10 anos a levar o troféu principal da premiação.
Agora, em feito semelhante, Zhao foi consagrada, também por Nomadland, com o Globo de Ouro de melhor direção. Em 78 anos de existência da premiação, esta é apenas a segunda vez que uma mulher leva esse prêmio. A primeira foi Barbra Streisand, em 1984, com Yentl.
Inspirado no livro homônimo da jornalista americana Jessica Bruder, Nomadland fala sobre a situação de trabalhadores marginalizados nos Estados Unidos. Os direitos de adaptação foram comprados pela atriz Frances McDormand, que interpreta a protagonista, e convidou pessoalmente Zhao para assumir a direção.
A parceria funcionou muito bem e o filme que, desde o ano passado, já era considerado uma das grandes apostas para o Oscar 2021, foi indicado à quatro categorias da premiação: direção, filme, roteiro adaptado e edição. Com isso, Zhao se tornou a primeira mulher da história da premiação a alcançar tal feito em apenas um ano.
Confira aqui a lista completa de indicados do Oscar 2021.
Aqui no Brasil, a previsão de estreia do filme é que ele chegue aos cinemas em abril. Confira o trailer: