Na próxima sexta-feira (20), Pocah será a atração principal do palco Espaço Favela no Rock in Rio, apresentando seu álbum recém-lançado Cria de Caxias. Em entrevista à CLAUDIA, a artista reflete sobre sua jornada, a indústria musical, sua maternidade, a experiência de escrever sobre violência doméstica e como essa nova fase tem transformado sua vida.
O que está por trás do novo álbum de Pocah
Embora ela já tivesse conquistado o público com inúmeros hits ao longo de seus 14 anos de carreira, Cria de Caxias é o primeiro álbum de Pocah. A obra é autobiográfica e percorre diferentes fases de sua trajetória, inclusive momentos difíceis, como o período em que esteve em um relacionamento abusivo.
“Sempre foquei em singles, algo comum dentro do funk. Mas, em 2021, comecei a trabalhar neste projeto com a ideia de compartilhar minha história e minhas experiências. A música é uma parte essencial da minha vida, e eu queria que o álbum tocasse as pessoas de maneira mais profunda, não só na noite, na balada”, explica.
Ao optar por um álbum que conta uma história, Pocah foi na contramão das atuais tendências da indústria musical, que aposta nas músicas curtas e repetitivas para viralizar nas redes sociais. “São 14 anos acompanhando a música mudar e sinto que, de todos os que já vivi, este é um muito frágil, o mais delicado de se trabalhar”, opina.
No entanto, ela não abandona seu otimismo. “Espero que a música dê uma volta por cima”, diz ela. Junto disso, está realizada com o lançamento de Cria de Caxias. “Ao ouvir o álbum completo, fiquei muito satisfeita. O material final reflete o meu coração e a minha jornada.”
Cria de Caxias mostra um novo lado de Pocah
Durante o processo de composição, Pocah percebeu que poderia estruturar o álbum em atos, cada um representando uma fase diferente de sua carreira. “Algumas músicas refletem a Mc Pocahontas [como era chamada no começo da carreira], outras mostram minha versão atual, e outras ainda uma nova fase da Viviane”, explica, referindo-se ao seu nome verdadeiro.
A faixa Cria de Caxias é um tributo às suas raízes e ao impacto que sua cidade natal, Duque de Caxias, teve em sua vida. “É o lugar onde vivi dos 3 aos 22 anos. Estudei, fui manicure, recepcionista, vendedora e me descobri como cantora lá. Duque de Caxias formou meu caráter. Essa música é uma forma de expressar gratidão por tudo o que me ensinou e inspirar outras pessoas que vêm de lugares semelhantes.”
No terceiro ato, por outro lado, Pocah aborda temas profundamente pessoais, como a violência doméstica. “Livramento é uma música de agradecimento por estar viva, mas foi muito complexo escrevê-la. Alcançou muitas pessoas que passaram por situações de violência doméstica e espero que sirva de alerta para outras mulheres ficarem atentas para que não aconteça o pior. É uma forma de dizer para essas mulheres que elas não estão sozinhas”, compartilha.
O álbum também conta com a participação especial de sua filha na faixa Vitória. “Foi muito emocionante estar no estúdio com ela. Ela quis cantar comigo, e foi lindo ver seu interesse pela música. Não posso blindar ela de tudo, mas quero prepará-la para a vida e apoiar seus sonhos.”
Ao mesmo tempo, na música, ela divide como a maternidade muitas vezes é cercada de cobrança. “Toda mãe tem um excesso de culpa, que os pais não costumam ter.”
Explorando novos estilos, o álbum ainda mescla elementos acústicos, como o funk mais lento e até um toque sensual. “Foi um processo enriquecedor e algo que pretendo continuar explorando em futuros projetos.”
O que esperar de seu show no Rock in Rio e como ela enxerga essa fase de sua vida
Pocah também destaca a importância de sua participação no Rock in Rio. “Marca uma nova era para mim. Será uma oportunidade de mostrar um lado mais pessoal e íntimo no palco. Estou muito emocionada com o show e ansiosa para compartilhar esse momento com o público.”
Após 14 anos de carreira, Pocah reflete sobre suas conquistas. “Aprendi a me cobrar menos e a focar em ter um propósito em tudo o que faço. O dinheiro é consequência do trabalho duro, mas o mais importante é ter um propósito e ser gentil consigo mesmo. Nunca devemos esquecer de onde viemos e das pessoas que nos apoiaram no início.”
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