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Romance ambientado em 1950 gira em torno de vestido Dior — leia trecho

"Os Oito Vestidos Dior", da premiada escritora Jade Beer, é um envolvente drama com investigação, amor e cenários deslumbrantes em uma Paris pós-guerra

Por Paula Jacob
28 fev 2023, 07h35
Romance ambientado em 1950 gira em torno de vestido Dior — leia trecho
 (Intrínseca/Divulgação)
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Se você está em busca de um livro que te prenda do começo ao fim, não hesite em abrir as páginas de Os Oito Vestidos Dior (Intrínseca, R$ 59,90), de Jade Beer. A premiada escritora e jornalista britânica traz para este romance um misto de suspense e amor proibido que tem como fio condutor a busca pelo valioso Maxim’s, vestido raro desenhado por Christian Dior em 1950.

A missão dada a Lucille, protagonista, veio de sua avó, Sylvie, que pede para a neta resgatar um vestido em Paris. Ela começa a costurar as pistas deixadas por pessoas que estiveram na presença de suntuosa (e valiosa) peça da maison Dior para, então, descobrir interrelações entre os personagens e até mesmo a sua história. Ficou com vontade de ler? Separamos, com exclusividade, um trecho para aguçar ainda mais o seu interesse, vem ler:

Romance ambientado em 1950 gira em torno de vestido Dior — leia trecho
Capa do livro. (Intrínseca/Divulgação)

Leia trecho

O vestido Debussy é entregue na residência da embaixada pouco mais de duas semanas depois de Anne o encomendar. Como o prazo de Alice era muito apertado, mesmo para a talentosa equipe de Dior, eles insistiram que ela recebesse o mesmo vestido que Antoine havia admirado no desfile depois de ser ajustado precisamente de acordo com suas medidas — uma prova de como o estilista a valoriza como cliente. Mas, olhando para ele agora, Alice não suporta relembrar o dia em que Antoine disse como a peça cairia bem nela e, em seguida, entregou-lhe o bilhete, perguntando se eles poderiam se encontrar a sós. Aquele foi o único motivo que a fez querer o vestido. E agora, aqui está ele na frente dela, pronto para ser usado em uma recepção privada na exposição dos Lírios de Monet no Museu Orangerie nesta noite.

Nos longos e solitários dias e noites desde que o viu pela última vez, Alice lutou implacavelmente contra sua consciência, até se sentir tonta de indecisão. Antoine atormentou seus pensamentos, testando seu autocontrole, forçando-a a se punir com a ideia de que deve permanecer leal aos votos de casamento. Ela não deve entrar em contato com Antoine.

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Mas é muito difícil esquecê-lo.

É como se ele a tivesse preenchido de um otimismo que ela nunca teve antes. Como se tivesse desafiado Alice a acreditar que pode tomar as rédeas do seu próprio futuro, e não passar pela vida apenas como alguém que é admirado e invejado de longe. Com quase metade da idade dele, Antoine é dez vezes mais homem do que Albert.

Ele pode não ser poderoso, nem influente, nem rico, mas é apaixonado, e ela quer olhar em seus olhos, sentar-se com ele e conversar até tarde da noite, sabendo que ele revelaria cada parte de si mesmo para ela. Ele acendeu uma parte dela que Albert nunca encontrou, muito menos nutriu, e ela não tem certeza se tem força ou determinação para apagá-la novamente. Para cumprir o papel responsável e obediente de madame Ainsley.

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Mas também sabe que precisa tentar, se esforçar para arrancar esse homem de sua mente e de seus sonhos. Se conseguir, será melhor para todos no longo prazo. Ela terá apenas sua própria decepção para enfrentar. De toda forma, seu coração já está partido. Albert certificou-se disso.

O acordo era que ela e Albert compareceriam juntos naquela noite, como convidados do conselho do museu, um agradecimento por todo o empenho na arrecadação de fundos durante o ano. Mas, naquela manhã, durante um desjejum silencioso, enquanto Albert estudava seu jornal e a ignorava, ele friamente anunciou o contrário.

— Não vou conseguir ir esta noite. Apareceu outra coisa. — Ele limpou a boca no guardanapo branco imaculado, jogou-o sobre o prato e saiu da sala. Sua visita não programada ao barbeiro no final da tarde confirmou, pelo menos na mente de Alice, que nesta noite ele desfrutará de uma companhia feminina. Apenas não será a dela.

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Agora ela está olhando para o vestido, pensando apenas no que poderia ter acontecido. A reação que poderia ter causado se Antoine a tivesse visto nele. O que ele teria

dito a ela? Algo capaz de reverter sua agonizante decisão de não responder a nenhuma das mensagens dele? Não ver Antoine é a única maneira, ela racionalizou, de garantir que ela não fará algo que causaria o tipo de exposição dolorosa da qual nenhum deles poderia se recuperar. Ela deliberadamente removeu o nome dele e o de seus pais das futuras listas de convidados, sabendo que Albert não a questionaria quanto a isso. Que, muito pelo contrário, ele apreciará ter sido ouvido.

Alice está colocando o máximo de espaço possível entre si e a tentação. Está determinada a apagar a memória, a voltar àqueles dias, dois meses atrás, antes de Antoine entrar no Salon Bleu e jogar uma granada metafórica em seu casamento. E como ela não tentou impedi-lo. Por mais que seus sentimentos por Albert tenham mudado da tolerância obediente para algo que mais se assemelha ao ódio, passando pela indiferença, ela ainda é a esposa dele. Não pode ignorar as muitas obrigações que isso lhe impõe. E, independentemente de como ele escolhe se comportar, ela não deveria sair de tudo isso com o mínimo de respeito por si mesma?

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Mas o vestido. Só agora que está usando o vestido pela primeira vez consegue realmente apreciar a inteligência de Dior em criar uma peça de roupa que é escultural, feminina, modesta e sensual ao mesmo tempo. Alice fica diante do espelho de corpo inteiro e se inclina para a esquerda, verificando o lado e as costas. O corpete sem alças se encaixa sob seus braços, exibindo o decote lindamente tonificado e o brilho da pele recém-hidratada. A forma como o vestido se ajusta na cintura, acentuando o formato do busto antes de se alargar em uma cauda costurada à mão com contas e lantejoulas, não é nada menos do que a perfeição. O fato de que a única pessoa que ela gostaria que a visse usando esse vestido não verá é algo que ela precisa esquecer.

Romance ambientado em 1950 gira em torno de vestido Dior — leia trecho
A autora Jade Beer. (Holly Clark/Divulgação)

Os Oito Vestidos Dior

Os Oito Vestidos Dior

Livro com capa comum

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