O globo partilha das mesmas preocupações neste momento, ainda que cada um esteja na sua casa. Na área artística, o isolamento teve um impacto profundo: projetos foram suspensos e os centros culturais fechados. Mas a criatividade não espera a crise passar para voltar a inspirar. Com os sentimentos aflorados, alguns artistas decidiram extravasar para suas obras o que não cabia mais na cabeça e no coração. Com a rotina menos corrida, a catarinense Taynara Pretto (@taynarapretto) finalmente conseguiu se dedicar aos bordados e viu surgir nos tecidos as mensagens que rondam sua mente. “Têm ocupado meus dias e me ajudado a ficar menos ansiosa”, conta. A cearense Sil Gomes (@ilustrasil) também andava sem tempo para as colagens, mas as retomou e encontrou nelas ânimo para aguentar firme enquanto a tempestade não cede. “A saudade me motiva. Passei a valorizar pessoas que só agora enxergo que são cruciais no meu caminho. Crio para lembrar que estou viva.”
A paulistana Karen Hofstetter (@karenhofstetter), que mora em Berlim, na Alemanha, é outra que transformou o talento em um tipo de terapia. Ela tem participado de diversos projetos como voluntária, inclusive de uma iniciativa da Organização das Nações Unidas em que artistas do mundo todo apresentam interpretações para a situação que vivemos. “Foi uma ótima forma de me sentir útil e poder atuar com o que sei fazer, comunicar conteúdos de impacto social positivo por meio da estética visual”, revela a diretora artística.
Vivendo na Espanha, o recifense Ráian Andrade (@rrrrraian) criou o Tarot da Quarentena, citando situações e sensações compartilhadas por quem está isolado agora. “Não sair às ruas mexeu comigo, pois busco referências no dia a dia. Então essa tem sido uma válvula de escape para manter a saúde mental”, diz. Ainda em terras espanholas, a dupla Francesca Vasile e Blai Baules (@cactusoup) brinca com as cores e cenas do cotidiano para criar reflexões visuais. “Acreditamos que a ironia e o senso de humor podem salvar as pessoas de qualquer conjuntura adversa e, possivelmente, até salvar o mundo.”
Em tempos de isolamento, não se cobre tanto a ser produtiva