Mais um capítulo da saga ‘Exterminador do Futuro‘ chega aos cinemas nesta quinta-feira (31). ‘Destino Sombrio‘ é a sexto filme de uma das sagas mais conhecidas do gênero de ação. E esse novo longa marca o fim de uma era e o “início” de uma nova narrativa para a franquia. Acontece que, infelizmente, esse recomeço não é tudo aquilo que imaginávamos. O MdeMulher assistiu e conta agora pra você as principais questões que rondam o filme.
Anos após ter sido internada em um hospício, Sarah Connor (Linda Hamilton) retorna triunfante à sua caçada a robôs do futuro, até encontrar Grace (Mackenzie Davis) – uma humana de corpo aprimorado que volta no tempo para realizar uma missão – e Daniella (Natalia Reyes) – uma garota mexicana que vive como pode com seu pai e seu irmão.
Grace viajou no tempo para impedir que o mal acontecesse com Dani. Esse “mal” se trata de um robô do mesmo tipo de T-800 (Arnold Schwarzenegger), que também volta do futuro, mas com a missão de aniquilar Daniella. A trama se dá a partir desse contexto – com a adição de armas de grande porte, combates corpo a corpo e muitas explosões.
‘Destino Sombrio’ é um filme que se vende “pastelão” desde o seu primeiro trailer – e até aí, tudo bem. Mas, diferentemente dos anteriores, esse é um filme que busca se conectar com suas raízes, principalmente no arco de Sarah. A personagem teve destaque nos dois primeiros longas da franquia, que foram lançados em 1985 e 1991. Nos restantes, até então, a personagem foi deixada de lado. É por isso que a volta de Linda, aos 62 anos, em seu papel mais famoso, estava sendo tão aguardada. Pena que o deleite final não atingiu às nossas expectativas.
Para começar, é necessário que você saiba, ao menos, algumas coisas dos dois primeiros filmes do ‘Exterminador’. Só assim é possível se conectar com as personagens antigas – em especial, à Sarah. Sem essa base, não é possível criar um vínculo emocional muito grande com ela, nem entender o seu passado sombrio. Isso não chega a ser um defeito, mas vale a dica se você quer uma experiência mais aprofundada com a trama.
Em linhas gerais, o filme dirigido por Tim Miller (de ‘Deadpool‘) mais peca do que acerta. Quanto aos pontos positivos, é muito interessante observar um trio de mulheres que são protagonistas da narrativa e de suas próprias histórias.
Linda tem carisma e arrasa na maioria das cenas em que aparece, principalmente naquelas em que, literalmente, bota “tudo pra quebrar”. Natalia, apesar de fazer uma personagem que aparenta ser chata às vezes, é claramente esforçada e determinada em suas falas. Mackenzie faz a personagem mais consistente de todo o filme e sua presença vale a ida aos cinemas. Para quem não lembra, a atriz ficou conhecida por ‘San Junipero’, premiado episódio da terceira temporada de ‘Black Mirror’.
A dinâmica entre essas três mulheres é legal de ser assistida a princípio, mas começa a decair quando o roteiro obriga suas personagens a se parear com a figura de Arnold. Mesmo sendo coadjuvante, o filme tenta dar uma razão desnecessária à presença de T-800 que, de longe, não é a melhor coisa da história. Ao final, o que mais incomoda é o modo como a produção justifica a união das três mulheres.
Fora que existem vários erros de continuidade, cenas que não se conectam e não dizem nada no fim das contas. Por causa disso, o filme acaba sendo mais interessante visualmente, com todos os efeitos e lutas absurdas. O roteiro, por outro lado, não tem profundidade.
O grande problema de ‘Destino Sombrio’ (contém spoiler!)
Nessa parte da matéria iremos dissertar acerca do maior problema do sexto ‘Exterminador do Futuro’, e para isso precisamos contar o clímax do filme. Portanto, se você não quer saber nada do desfecho, fique longe deste grande spoiler!
As protagonistas e T-800 partem para o conflito final com o vilão assassino do futuro em um embate… que poderia ser melhor. Nessa sequência, o filme deixa o pressentimento de que todos os artifícios do gênero de ação foram utilizados anteriormente (teve até combate num avião em chamas) e, então, ele opta por num único cenário – até meio “minimalista”, comparado a todo o espetáculo de lutas – para cravar um desfecho clichê e genérico. E o mais infeliz: o final não faz jus às três atrizes que sustentaram o filme inteiro.
Em determinado momento, o robô inimigo está apenas os fiapos, mas não completamente morto. T-800 está desacordado, Grace está muito machucada e Sarah não consegue fazer muito para deter o vilão. Daniella, então, é a única esperança do grupo e Grace pede a ela que use sua fonte de energia para derrotá-lo. Só que isso irá matar Grace.
Após insistir, ela a convence e Dani finca o objeto poderoso no android, que ainda resiste. De repente, T-800 aparece para conter o inimigo e se sacrifica para destrui-lo de vez – e salvar as humanas. Acaba o arco dramático do Exterminador do Futuro original e sobra apenas Sarah ao lado de Dani, que seria a “nova geração de combatentes” num perigo futuro.
O maior problema desse final é jogar por água abaixo a construção de protagonistas importantes, que acabam se tornando “dependentes” de Arnold para completar sua missão. Por mais que a protetora de Dani não estivesse mais ali para defendê-la, é forçado demais deixar tudo nas mãos de T-800 e torná-lo o “mártir” da saga. Além disso, Sarah Connor foi totalmente invisibilizada nessa cena. E mais uma vez, assim como na maioria dos filme do gênero, o grande herói da vez é um homem.
A inconsistência de ‘Exterminador do Futuro: Destino Sombrio’ atrapalha muito e deixa de atingir a uma grande expectativa que o público estava alimentando nos últimos tempos. É lindo ver mulheres fortes sendo protagonistas no filme de uma saga que, durante os cinco filmes lançados esporadicamente em 34 anos, sempre trouxe a figura masculina como central. Mas ainda falta valorizá-las devidamente em cena.