Na noite do último sábado (20/08), aconteceu a premiação da 50a edição do Festival de Cinema de Gramado. O grande destaque da noite ficou com o filme Noites Alienígenas, de Sérgio Carvalho. Além de receber o Kikito (nome da estatueta dourada) de Melhor Filme, também levou para casa os prêmios de Melhor ator (Gabriel Knoxx), Melhor Ator Coadjuvante (Chico Diaz), Melhor Atriz Coadjuvante (Joana Gatis) e uma menção honrosa. A alegria da equipe se firmou pelo feito de ser o primeiro filme do Acre a ser exibido e concorrer na mostra.
Para o seu segundo longa-metragem, Sérgio Carvalho recorreu ao realismo fantástico para falar sobre os impactos das ações de facções do sudoeste do Brasil na Amazônia. O tema não lhe é estranho: em Empate (2019), seu primeiro filme, ele documenta a história do seringueiro Chico Mendes, assassinado por latifundiários, e a correlação com os constantes ataques e crimes ambientais fomentados pelo agronegócio brasileiro até os dias de hoje.
Em Noites Alienígenas, vemos Sandra (Gleici Damasceno), moradora da periferia e mãe do filho de Paulo (Adanilo Reis), indígena que sofre com a dependência química e a cobrança dos ancestrais. Eles orbitam a história de Rivelino (Gabriel Knoxx), artista que deixou sua casa ainda na adolescência para buscar uma carreira na arte de rua. A sacada interessante do diretor foi tirar a narrativa da Amazônia do lugar comum. Aqui, o que importa é o olhar diante dos efeitos da criminalidade na vida de jovens em Rio Branco.