Najwa Nimri fala do sucesso em La Casa de Papel e Vis a Vis
Com papeis de peso em duas séries aclamadas, a atriz também se dedica à carreira musical e diz que é apaixonada por HQs.
Najwa Nimri é um dos principais nomes da TV espanhola atualmente. Aclamada por interpretar a Zulema de “Vis a Vis”, ela encarou o desafio de fazer duas séries ao mesmo tempo e hoje é também a inspetora Alicia Sierra em “La Casa de Papel”. Ambas são personagens que o público ama odiar e que imprimem a força da atuação de Najwa.
CLAUDIA conversou com a atriz por telefone e perguntamos como está sendo a vida dela frente a tanto sucesso. “É muito trabalho, essa é a verdade. Nos últimos anos estou trabalhando como um camelo, é duro. Eu tenho um treinador, que é necessário quando você está no set o tempo todo, trabalhando pesado e com expectativas altas. Você precisa de preparo. E quando você tem tanto trabalho, acaba não vivenciando o sucesso. O sucesso é a última coisa em que eu penso. Sigo trabalhando e trabalhando, isso é o que eu faço”.
Najwa também é cantora e, quando a entrevista foi realizada, em março, ela estava trabalhando em seu último álbum – durante o intervalo entre as filmagens do spin-off “Vis a Vis – El Oasis” e de “La Casa de Papel”. Quanto à interação os fãs, a atriz diz que prefere ter esse contato virtualmente. “É difícil andar na rua quando você fica meio famosa. É meio complicado isso… as pessoas me param o tempo todo”.
Mesmo assim, Najwa comemora a dobradinha com Álex Pina (criador de “La Casa” e cocriador de “Vis a Vis”) e com outros membros da equipe que também trabalham em ambas as séries. “Queria trabalhar com eles novamente, porque a anergia é muito boa. Eu simplesmente queria ser uma membra do clube”.
Assim como na entrevista com Itziar Ituño (a Raquel/Lisboa), conversamos com Najwa sobre o fato de que as duas dão vida a mulheres fortes que tem mais de 40 anos – e isso não é assim tão comum em séries que tem tanto apelo junto ao público jovem. Confiante, ela acredita que uma cabeça pensante é o que realmente faz a diferença em seu trabalho.
“Eu nunca planejei minha carreira com base na minha aparência física. O que eu cultivo de fato é o meu cérebro – e os trabalhos foram acontecendo. Tenho 48 anos e basicamente todas as pessoas que trabalham comigo hoje têm 20 anos a menos do que eu. E eu não sinto que sou depreciada pela minha idade, o que eu sinto é que tenho a aprovação das pessoas por causa do meu cérebro. O mundo exige que a gente seja inteligente, as pessoas não são bobas e elas conseguem ver se você trabalha de maneira inteligente, entende? Eu acho que um novo mundo está se abrindo para todos nós e esse é apenas o começo”.
Como o nome de Najwa Nimri entrega, outro tópico presente na vida da atriz é o ascendência árabe. Ela é filha de mãe espanhola e pai jordaniano. Sempre direta, deu um depoimento forte a respeito da maneira como a indústria do audiovisual trata artistas que não se encaixam em determinados padrões:
“Em certos espaços – como em Hollywood, por exemplo – se você não tem uma determinada aparência você será considerado muito exótico, muito étnico ou algo do tipo. Apagar suas características raciais é impossível. Se essas características são muito marcantes, se a sua raça está estampada em você, as coisas ficam mais complicadas. Caso contrário, a indústria vai tentar suavizar a sua identidade”.
Najwa aponta que isso é um problema e defende a importância da diversidade no cinema e na TV. “A pergunta é: manter a sua identidade é algo importante? Eu acredito que sim. E é por isso que vejo que a temática da diversidade está em expansão agora. E eu acho que é disso que estamos precisando nesse momento, se não o que resta é um mundo cheio de almas vazias. Precisa haver espaço para negros, pardos, mulheres, gordos, magros, brancos… todo mundo. Precisamos de cor, de diversidade, sem padrões”.
Najwa Nimri recomenda
Nossa conversa com Najwa aconteceu antes da quarentena, mas, sabendo que muita gente iria maratonar “La Casa de Papel” no primeiro fim de semana com ou sem isolamento, perguntamos qual série, filme ou livro ela recomenda aos fãs. A atriz revela que ama quadrinhos e indica duas clássicas graphic novels escritas por Alan Moore: “A Piada Mortal” e “V de Vingança”.