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MC Soffia: combatendo o racismo com música desde cedo

A rapper mirim mais querida do momento quer que todas as crianças negras tenham orgulho de ser como são. Muuuuuito amor envolvido! <3

Por Júlia Warken
Atualizado em 21 jan 2020, 16h57 - Publicado em 18 nov 2015, 14h33
Renata Rodrigues (/)
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Com apenas 11 anos, Soffia Gomes da Rocha Gregório Correa já sabe muito bem o quanto o racismo machuca. “O mundo é muito racista. Dentro das escolas tem muitas crianças sofrendo por causa disso”. Para ela, o que mais entristece é ouvir que seu cabelo é feio e esse é um dos temas mais recorrentes em suas músicas. “Quero que todas as crianças negras se aceitem como negras e aceitem seu cabelo”, diz.

E a paulistana começou a cantar realmente cedo! Influenciada pela mãe, Kamilah, ela participou de uma oficina de hip-hop aos seis anos de idade e desde então não parou mais. Hoje ela até já arrisca compor sozinha e demonstra que tem atitude de sobra nos shows. Além de estar consciente sobre a importância da mensagem a respeito de auto-aceitação, ela também já fala com propriedade sobre representatividade. “Tem muito poucas pessoas negras na televisão. Nas novelas os negros são empregados, bandidos ou bobos. Agora que está tendo a Taís Araújo e o Lázaro (Ramos) como personagens principais, mas deveria ter mais. E mais crianças também! Porque a gente também gosta de fazer novela e teatro”.

Soffia é a prova de que o questionamento pode (e deve!) ser incentivado desde cedo e é isso que ela busca passar em suas músicas. “Vou me divertir, enquanto eu sou pequena. A Barbie é legal, mas eu prefiro a Makena”, canta a rapper no trecho de “Menina Pretinha”, se referindo à boneca negra de pano criada pela artesã Lucia Makena.

 

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Soffia acredita que a escola é um espaço importante para que o racismo seja desconstruído, mas também fala sobre a importância do debate dentro de casa. “Às vezes as mães, as avós e as tias [negras] têm cabelo alisado, então a menina que tem cabelo black também vai querer alisar”. Na visão dela, a aceitação do cabelo é um passo importantíssimo na luta das mulheres negras por mais espaço e respeito. “O cabelo das meninas negras têm muita importância, sim, e é bom você ser diferente das outras pessoas. E tem o poder também, porque no inglês black power significa algo como ‘preto poder’”. Empoderada, sim ou com certeza?

Além de militar pela causa negra, a pequena já reconhece muito bem outro problema que está ajudando a combater: o machismo dentro do hip-hop. “Tem pouco espaço paras meninas, porque tem o machismo de alguns homens que não querem que as mulheres cantem. Mas tem alguns que já estão começando a respeitar e eu acho que mais crianças deveriam começar a cantar rap desde cedo”. Não é à toa que a linda escolheu direcionar sua mensagem em especial às meninas, né?

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Renata Rodrigues
Renata Rodrigues ()

Soffia também acredita que as crianças negras não devem levar desaforo para casa quando escutam comentários racistas. “Eu já passei por isso de não aceitar meu cabelo e de ser zoada na escola. Então a mensagem que eu quero passar é para as meninas que ainda sofrem com isso, para que elas estejam conscientes e saibam o que falar nessas horas”. Quem já teve 11 anos sabe o quão difícil é encarar o bullying de frente, mas a moça mostra como se faz: “O meu cabelo não é duro, ele é cacheado. Duro é o seu preconceito”. Lacração mirim define! <3

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