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Maria Carolina Casati e as novas formas de pensar na universidade

À frente do projeto Encruzilinhas, ela pesquisa a importância da história oral para a construção da sociedade — e o que fica de legado para o futuro

Por Paula Jacob
30 set 2022, 08h39
Maria Carolina Casati
 (Acervo Pessoal/Divulgação)
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Quem já teve o privilégio (e prazer) de ouvir Maria Carolina Casati falar sobre qualquer assunto, sabe o quanto a sua voz é poderosa, tenra e instigante. Não poderia ser diferente: ela, que estuda a história oral no Brasil desde a graduação em letras, na Universidade de São Paulo (USP), sabe a relevância do ato de falar — e ouvir. “Não tem outro jeito de nos entendermos a não ser pela palavra, é ela que materializa realidades. Por isso, precisamos estar em todos os lugares e termos pessoas diversas em posições de poder”, conta.

Depois do mestrado, a vontade de estudar mudanças sociais e participação política, na EACH (USP Leste), fez ela entrar no doutorado. Os sonhos foram interrompidos momentaneamente pela pandemia de Covid-19 — hoje, ela é doutoranda por lá —, mas abriu espaço para algo novo, jamais colocado no radar. “Nunca fui uma pessoa de redes sociais”, brinca para explicar como surgiu o @encruzilinhas. “Foram amigos que me sugeriram abrir uma página no Instagram sobre literatura, textos teóricos e troca de experiências a partir das letras.” O perfil cresceu organicamente pelo boca a boca (olha só o poder da fala) e não demorou para que Maria Carol fosse vista por editoras e acadêmicos como uma referência. Com a volta das atividades presenciais, ela celebra o encontro físico de palestras, aulas e mesas de debate como potência de transformação.

Tudo isso também influenciou o seu doutorado. “Percebi que estava falando de escrevivência: como, a partir da minha experiência, posso narrar a de outras pessoas. Empreteci a minha bibliografia”, diz. Apesar do ambiente acadêmico ainda ser um espaço que segue modelos tradicionais de produção de conhecimento, é justamente o florescer de novos diálogos que proporciona mudanças. “O que estamos fazendo é ciência, mas de um jeito diferente de se pensar enquanto ser humano. Não é fácil, é preciso aliados, mas temos que descolonizar o pensamento, inclusive na academia”, afirma. Um trabalho, aliás, coletivo.

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