Se você é fã do gênero literário de horror, são grandes as chances de ter se debruçado sobre um livro de Stephen King. Mas quantas vezes teve em mãos algo escrito pela esposa dele, Tabitha King? Esnobada pelas editoras brasileiras, até hoje ela só teve um livro publicado em nosso país, ainda que em nada fique atrás do marido quando se trata de histórias de terror.
Tabitha não é a única. Na literatura, como em muitas áreas das artes (e da ciência, dos esportes e da própria história humana), as mulheres, mesmo quando extremamente talentosas, são eclipsadas pelo gênero oposto, para quem brilham mais forte os holofotes da fama. Mary Shelley, por exemplo, mãe de um dos monstros mais célebres, a princípio viu os louros de sua criação irem para o esposo, Percy. Somente cinco anos após a publicação de Frankenstein é que seu nome passou constar nas edições.
Não poderia, então, ser outra que não ela a abrir a lista abaixo. No Dia Nacional do Livro e em clima de Halloween, reunimos mulheres (e um estranho no ninho) que provam que não faltam damas do horror, seja ele qual for. Afinal, longe de bestiários e círculos de invocação, os piores monstros podem na verdade se esconder no coração e na mente humana. Confira:
Frankenstein (Mary Shelley)
Frankenstein é sem dúvida o maior clássico de terror de todos os tempos. É também um ensaio sobre a prepotência humana e a solidão em sociedade. Cego em seu propósito de dar vida à matéria inanimada, o cientista Victor Frankenstein constrói um ser monstruoso a partir de restos humanos – mas, quando enfim alcança o resultado pretendido, foge de sua própria criação! Abandonada e fadada ao desterro e à rejeição, a criatura passa a perseguir o cientista e, depois, a buscar vingança. Compre aqui.
A assombração da Casa da Colina (Shirley Jackson)
Sozinha no mundo, Eleanor fica encantada ao receber uma carta do dr. Montague convidando-a para passar um tempo na Casa da Colina, um local conhecido por suas manifestações fantasmagóricas. O mesmo convite é feito a Theodora, uma alma artística e sensitiva, e a Luke, o herdeiro da mansão. Porém, o que começa como uma exploração bem-humorada de um mito inocente se transforma em uma viagem para os piores pesadelos de seus hóspedes. Com o tempo, fica cada vez mais claro que a sanidade – e a vida – de todos está em risco. Compre aqui.
Bom dia, Verônica (Ilana Casoy e Rafael Montes)
A rotina da escrivã de polícia Verônica Torres era pacata, burocrática e repleta de sonhos interrompidos até aquela manhã. Um abismo se abre diante de seus pés de uma hora para outra quando, na mesma semana, ela presencia um suicídio inesperado e recebe a ligação anônima de uma mulher clamando por sua vida. Verônica sente um verdadeiro calafrio, mas abraça a oportunidade de mostrar suas habilidades investigativas e decide mergulhar sozinha nos dois casos. Um turbilhão de acontecimentos inesperados é desencadeado e a levam a um encontro com lado mais sombrio do coração humano. É o livro que deu origem à série homônima da Netflix. Compre aqui.
Assim na terra como embaixo da terra (Ana Paula Maia)
Narra o cotidiano de uma colônia penal isolada em vias de desativação. Construída em um terreno com histórico tenebroso de tortura de escravos e assassinato, a instituição foi criada para ser um modelo de detenção do qual preso algum jamais fugiria. Com o tempo, o objetivo inicial de socializar os detentos para reinserção na vida em comunidade foi sendo deturpado. Na prática, a colônia se transformou em algo muito diferente: uma espécie de campo de extermínio. Nos últimos dias de funcionamento, o clima no local, que conta então com poucos apenados, é de aparente calma. No entanto, pouco a pouco os horrores vividos ali vão sendo revelados. O agente superior Melquíades é a maior autoridade por trás daqueles muros, e também o algoz dos presos. Nas noites de lua cheia, o chefe libera alguns condenados da tornozeleira e ordena que corram. Ele, então, inicia um sinistro jogo, caçando os homens com seu rifle como se fossem animais selvagens, apenas por satisfação pessoal. Os presos, cada qual com sua história, estão sempre planejando a própria fuga, sem saber se vão acabar mortos pelos guardas ou pelo que os espera do lado de fora da Colônia. Compre aqui.
Inferno no Ártico (Cláudia Lemes)
Assassinatos bizarros abalam a cidade de Barrow, Alasca, durante o período de dois meses de noite polar. A detetive brasileira Barbara Castelo desconfia que seu primeiro caso de homicídio tem ligações com ocultismo, e precisa superar suas diferenças com o parceiro, Bruce Darnell, além de sua fobia do escuro, para encontrar o serial killer antes que ele consiga completar sua missão macabra. Compre aqui.
O Silêncio da Casa Fria (Laura Purcell)
Quando Elsie perdeu o marido apenas algumas semanas após o casamento, achou que já tinha sofrido o suficiente para uma vida inteira. Praticamente sozinha em uma casa enorme e isolada, ela jamais imaginou que os companheiros silenciosos – painéis de madeira que imitavam pessoas em atividades cotidianas –, um dia, seguiriam seus movimentos com os olhinhos pintados. Muito menos que eles apareceriam por conta própria em cômodos aleatórios… Em uma trama cheia de nuances, Elsie vai abrindo as portas da casa para tentar desvendar o mistério dos companheiros – e também do seu passado. É a história de uma mulher confrontada com um medo irracional, que coloca em xeque sua própria sanidade. Estaria Elsie vendo coisas como forma de dar sentido ao luto? Ou realmente havia algo sobrenatural morando sob o mesmo teto que ela? Compre aqui.
Pequenas Realidades (Tabitha King)
Filha de um antigo presidente norte-americano, a socialite Dorothy Hardesty Douglas vive na redoma do legado de sucesso do pai. Entusiasta de miniaturas, ela possui uma réplica da Casa Branca, perfeita em seus mínimos detalhes. Ao conhecer um homem chamado Roger Tinker, que trabalhou para o governo em um projeto secreto, ela descobre uma maneira fantástica – e um tanto perturbadora – de decorar sua casinha. Em uma trama que envolve relações familiares problemáticas e o mundo estranho e obsessivo das miniaturas, Tabitha King conduz o leitor por uma história grotesca e disfuncional. Compre aqui.
Vitorianas Macabras (diversas autoras)
Esta coletânea apresenta treze histórias escritas por autoras cativadas pelo medo e por tudo aquilo que é sobrenatural. Aqui, o medo se manifesta de diversas maneiras, todas elas terríveis, impressionantes… e difíceis de esquecer. Um gostinho do que está por vir: A Prece, de Violet Hunt, é uma espécie de avô de Cemitério Maldito; o perturbador Onde o Fogo Não se Apaga, de May Sinclair, reproduz a tensão dos slashers com a profundidade do terror psicológico; O Conto da Velha Ama, de Elizabeth Gaskell, e O Mistério do Elevador, de Louisa Baldwin, apresentam fantasmas memoráveis; já em A Janela da Biblioteca, Margaret Oliphant traz um ensaio melancólico sobre o fantasma da solidão. Vitorianas Macabras reúne ainda histórias de Charlotte Brontë, H.D. Everett, Vernon Lee, Rhoda Broughton, Charlotte Riddell, Edith Nesbit, Amelia B. Edwards e Mary Braddon. Compre aqui.
A Última Festa (Lucy Foley)
Programado para acontecer em um cenário idílico, o réveillon que Miranda, Katie e os outros amigos que conheceram na faculdade passarão juntos este ano promete refeições deliciosas regadas a champanhe, música, jogos e conversas descontraídas. No entanto, as tensões começam já na viagem de trem – o grupo não tem mais nada em comum além de um passado de convivência, feridas jamais cicatrizadas e segredos potencialmente destrutivos. E então, em meio à grande festa da última noite do ano, o fio que os mantém unidos enfim arrebenta. No dia seguinte, alguém está morto e uma forte nevasca impede a vinda do resgate. Ninguém pode entrar. Ninguém pode sair. Nem o assassino. Compre aqui.
O Silêncio da Cidade Branca (Eva García Sáenz de Urturi)
Duas décadas após uma série de estranhos assassinatos assolar a cidade de Vitoria, no País Basco, os bizarros crimes voltam a acontecer justamente quando Tasio Ortiz de Zárate, antiga celebridade local e o homem preso pelas mortes, está prestes a sair da cadeia. Casais começam a aparecer mortos em locais históricos da cidade, e o especialista em perfis criminais Unai López de Ayala, que vinte anos antes era apenas um jovem obcecado pelos misteriosos homicídios, é chamado para ficar à frente do caso. Todas as vítimas têm idades múltiplas de cinco, sobrenomes compostos originais da região e seus corpos são expostos sem roupas nos espaços públicos. Embora tenha que lidar com uma tragédia pessoal enquanto lidera a investigação, Unai está determinado a impedir que novos assassinatos aconteçam, mas seus métodos pouco usuais vão desagradar tanto autoridades quanto seus superiores. Compre aqui.
Não durma (Michelle Harrison)
Elliott, um garoto de 17 anos, não dorme bem desde o acidente que quase o matou. Às vezes, ele fica em um estado de quase sono, meio adormecido, meio acordado, e se vê cercado por silhuetas em movimento. Em outras, é ele quem se move, enquanto seu corpo permanece inerte na cama. Médicos dizem que a paralisia do sono e as experiências extracorpóreas são inofensivas – mas, para Elliott, elas são assustadoras. Determinado a descobrir o que está acontecendo, ele consegue um emprego em um museu conhecido por ser mal-assombrado, onde conhece a enigmática Ophelia. Certa noite, ao retornar de uma experiência extracorpórea, Elliott não encontra o próprio corpo. Alguma coisa o está ocupando, algo morto que quer viver de novo – e quer Ophelia também… Compre aqui.
O bom filho (You-Jeong Jeong)
Jovem nadador com um futuro brilhante, Yu-jin vê sua carreira ser interrompida pela epilepsia. Os remédios que previnem seus ataques acabam por cobrar um preço alto, e o sonho de ser um esportista é sepultado para sempre. Isso não o impede de sair escondido todas as noites para correr, contrariando sua mãe. Para ele, os riscos à saúde não se comparam aos prazeres da velocidade e da força. Numa manhã qualquer, Yu-jin desperta sentindo cheiro de sangue. Tudo indica que tenha sofrido um ataque epiléptico à noite, mas, ao percorrer o apartamento, encontra o corpo da mãe ao pé da escada. Aos poucos, sua memória vai voltando, e ele tem a lembrança de tê-la ouvido chamar seu nome. Não está certo, no entanto, se ela pedia ajuda ou se tentava salvar a própria vida. Começa assim a busca desesperada do protagonista para esclarecer o que ocorreu na noite anterior. Juntando algumas poucas pistas, Yu-jin tentará montar o quebra-cabeça e descobrir o assassino. Conforme prossegue na investigação, procurará na própria memória as explicações para o crime, mas o passado esconde armadilhas mais tenebrosas do que ele pode prever. Compre aqui.
As coisas que perdemos no fogo (Mariana Enriquez)
Personagens e lugares aparentemente comuns ocultam um universo insólito: um menino assassino, uma garota que arranca as unhas e os cílios na sala de aula, adolescentes que fazem pactos sombrios, amigos que parecem destinados à morte, mulheres que ateiam fogo em si mesmas como forma de protesto, casas abandonadas, magia negra, mitos e superstições. Macabro, perturbador e emocionante, As coisas que perdemos no fogo reúne contos que usam o medo e o terror para explorar várias dimensões da vida contemporânea. Em um primeiro olhar, as doze narrativas do livro parecem surreais. No entanto, depois de poucas frases, elas se mostram estranhamente familiares: é o cotidiano transformado em pesadelo. Compre aqui.
*Esta matéria pode gerar um tipo de comissão por alguns dos links comerciais divulgados. Os valores informados e o estoque disponível se referem ao momento da publicação desta matéria. CLAUDIA não se responsabiliza pela mudança de preços.