Julia Mestre, a mulher-canção
Integrante da banda Bala Desejo, a carioca se divide entre o cometa do sucesso do quarteto e a produção de seu novo disco solo, 'Arrepiada'
Respirar, comer, dormir, compor. Para Julia Mestre, todas essas atividades (principalmente a última) são essenciais. Desde que venceu um concurso de poesia na escola, aos 16 anos, ela passou a enxergar com mais atenção e carinho a própria escrita e a sonoridade que emanava. Foi também nessa idade que começou a tocar violão, inspirada pelos amigos de infância Dora Morelenbaum, Lucas Nunes e Zé Ibarra. É com eles que a carioca de 26 anos forma a banda Bala Desejo, sucesso musical surgido no confinamento da pandemia de Covid-19, quando Julia os convidou para se isolarem
com ela em sua casa no Rio de Janeiro.
Além das músicas do álbum de estreia do grupo, Sim Sim Sim (com o qual já saíram em turnê europeia), a artista também dividia seu processo criativo na composição das dez faixas de Arrepiada, seu segundo disco solo e autoral (sucessor do EP Desencanto, de 2017, e do álbum Geminis, de 2019), com lançamento previsto para o fim deste ano. Ela mesma define o trabalho como um “estudo do pop/punk com abraços da MPB”. Não à toa, suas
referências vão de Ella Fitzgerald e Billie Holiday a Cássia Eller e Rita Lee.
Com a marcante franja reta e curta no meio da testa, um olhar de mistério nada óbvio e um largo sorriso, Julia confessa que às vezes é confuso administrar o “foguete” que é o Bala Desejo com a produção solo, mas quer degustar ao máximo cada coisa em seu momento. “Como boa geminiana, decidi que viverei cada fase de uma vez.”
Inspirada ainda em Gal Costa, Caetano Veloso e Gilberto Gil, Julia vai experimentando seus sons e sua voz. Já sabe que, ano que vem, pula em outra camada da sua carreira. Escrevendo, tocando, parindo canções e respirando.