A personagem Tina, do universo da Turma da Mônica, acaba de ganhar uma peça teatral. Adaptada da Graphic Novel escrita pela quadrinista Fefê Torquato, “Tina – Respeito“, foca em questões de gênero e assédio com o objetivo de despertar a conscientização dos jovens.
Na trama, a protagonista, vivida por Isabelle Drummond, é uma jovem entusiasmada com seu primeiro emprego. Ela está no período de entender os prazeres e as complexidades do relacionamento com amigos, familiares e colegas de trabalho enquanto lida com os desafios de se realizar profissionalmente. Até que precisa encarar o machismo, assim como a luta por respeito e o dilema entre carreira e vida social.
“A Mauricio de Sousa Produções é uma grande comunicadora e sabemos da responsabilidade que temos quando falamos algo. O projeto conta com a parceria da ONU Mulheres, que participou do roteiro para que todos nós entendêssemos o assunto de forma séria para além dos palcos”, reflete Mauro Sousa, produtor do espetáculo. “Temos o lugar, sim, de formar o público a respeito desse assunto.”
A peça entra em cartaz no dia 04 de outubro, no Teatro das Artes, localizado no Shopping Eldorado, em São Paulo. Abaixo, confira a entrevista completa com a atriz Isabelle Drummond:
CLAUDIA: Como está sendo voltar aos palcos e encarar essa personagem?
Isabelle Drummond: Isso é um desejo meu. Acho que o lugar do ator é no palco, é a nossa raiz. E, de alguma maneira, acho que essa vontade se espalhou e se tornou um lugar de estudo. Minha experiência está sendo uma delícia. É na hora da estreia que bate o nervosismo real, a tensão, e até mesmo a excitação de estar cara a cara com o público. Vou re-experimentar isso quando começar.
Você lembra quando teve o primeiro contato com Tina?
Foi para o filme, na verdade. Foi o segundo que saiu e eles quiseram trazer a turma da Tina. Os quadrinhos da revista da Tina foram lançados um pouco antes da minha geração, então não tinha tanto conhecimento assim. A proposta da personagem da peça é levantar essa causa e isso me conectou muito com o projeto porque é um assunto que tenho buscado trazer para as histórias que quero contar. Tenho vontade de dar voz às histórias femininas e me posicionar – acho que é não só um lugar de fala, mas um tema que realmente me atravessa.
Consigo me ver e consigo me envolver. Estou nesse lugar da mulher que trabalha desde cedo, que cuida das próprias coisas, que viaja só e que tem que se defender.
Quando você sofreu assédio pela primeira vez, conseguiu identificar o que era?
Gosto muito de um relato da Irene Ravache em que ela diz que a gente não identificava direito o que era. Claro que, em níveis extremos, sabemos que está errado. O assunto não era tão abordado e a gente não tinha a consciência de agora.
Desde criança, sempre me protegi – principalmente nesse processo de virar mulher. Acho que consegui enxergar muito dos assédios que vivi: de já ter que fugir de restaurante em viagem porque achava que ia ser abusada, ou de ter essa tensão andando na rua.
Agora que a gente consegue dar nome, comecei a perceber que, obviamente, há vários tipos de assédio. Na peça, acho que toda mulher vai conseguir se enxergar na Tina. E os homens vão olhar e conseguir entender onde erraram.
Qual é a responsabilidade dos adultos em tratar desses temas com crianças e adolescentes?
Precisamos preparar as novas gerações. Por mais que esse seja um assunto um pouco mais evoluído quando comparamos com alguns anos atrás, dependendo do círculo e da criação, os meninos e meninas podem não saber o que fazer quando passam por uma situação desse tipo.
A peça também tem uma responsabilidade informativa nessa perspectiva para dizer que é preciso contar, que não podemos nos calar e que há um jeito de denunciar se sua família não acreditar em você, como acontece com muitas meninas que sofrem abuso.
Quando você se entendeu feminista?
Mesmo que uma mulher não se autodenomine feminista, toda mulher é feminista. Se a gente pode votar, trabalhar, fazer o que quiser e escrever de forma não anônima, por exemplo, é porque mulheres se levantaram e se rebelaram contra a opressão. Então, independente de se autodenominar feminista ou não, todas apoiamos a liberdade de escolhas.
Eu me acho bem feminista porque sempre gostei de defender as meninas na escola de piadas de garotos, de bullying, enfim… Lembro que sofri muito bullying na escola enquanto interpretava a Emília e, quando vinha dos meninos, era sempre num lugar opressor. Agora ocupo um espaço onde é meu dever me posicionar pelas mulheres.
SERVIÇO
Tina – Respeito
Data: de 04 de outubro a 03 de novembro de 2024
Horários: Sextas-feiras, às 20h; sábados e domingos, às 17h e às 20h
Local: Teatro das Artes (Localizado em Shopping Eldorado)
Endereço: Av. Rebouças, 3970 – Store 409 – Pinheiros, São Paulo
Classificação etária: 14 anos
Aviso de gatilho: embora seja uma obra de ficção, o enredo aborda assuntos delicados tais quais situações de assédio contra a mulher.
Duração: 90 minutos.
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