Nas últimas semanas, tem se comentado muito a respeito da greve dos roteiristas em Hollywood. Diversos projetos queridinhos das redes sociais vêm sendo adiados, como foi o caso das franquias Avatar e Star Wars e outras produções futuras da Marvel. A movimentação começou em maio, com os roteiristas associados à Writers Guild of America demandando aos que fazem e financiam produções audiovisuais paguem mais às equipes de escritores.
Hollywood sempre foi conhecida por ser uma das organizações mais luxuosas da indústria, com produções milionárias e projetos constantes, além de ser a indústria mais rica no mundo do cinema. Portanto, espera-se que seus trabalhadores sejam remunerados de forma justa, especialmente aqueles que são responsáveis pelas narrativas. Mas a realidade é completamente contrária: os roteiristas são, normalmente, os que recebem os menores salários e, frequentemente, não são permitidos de trabalhar para mais de uma empresa, limitando as oportunidades de carreira (financeira e criativamente falando).
Esse cenário se agravou com a revolução do streaming: mais séries e filmes são feitos em uma janela curta de tempo. Além disso, as plataformas investem em programas com poucos episódios. Com os roteiristas pagos por cada episódio escrito, eles acabam recebendo uma quantia menor em relação a seriados com 22 episódios, como no tempo de Gossip Girl e Desperate Housewives.
Assim, os roteiristas saíram das salas de criação e tomaram as ruas nos Estados Unidos, protestando na frente dos maiores estúdios de audiovisual. Eles demandam pagamento justo e liberdade de trabalhar em mais de um projeto ou empresa, para que a qualidade de vida não seja prejudicada nos hiatos de cada história.
O posicionamento das empresas
Apesar dos usuários nas redes sociais apoiarem os roteiristas, a resposta mais esperada era a das maiores empresas do ramo. Por enquanto, a solução encontrada por elas foi anunciar cancelamento de diversas séries e filmes em andamento, sendo negativo não só para os roteiristas, como atores e todas as outras áreas envolvidas em uma produção cinematográfica desse porte.
A Alliance of Motion Picture and Television Producer (AMPTP), representante dos grandes estúdios, emitiu nota a respeito da greve e afirmou que ofereceram “aumentos generosos na remuneração” dos roteiristas, porém ainda não conseguiram chegar a um acordo efetivo.
Como isso afeta Hollywood?
Não é a primeira vez que isso acontece. Uma situação semelhante ocorreu em 2007, durante três meses, ocasionando problemas como falta de episódios e incertezas para produções grandes, a nível Breaking Bad. Até o momento, não se sabe quanto tempo durará a greve, porém, o impacto é inegável. Se a greve continuar durante mais tempo, programas que estão em processo de produção podem parar de ganhar novos episódios. Enquanto isso, os filmes correm o risco de serem gravados sem nenhuma alteração no roteiro, perdendo a qualidade. Confira alguns dos projetos adiados:
- Capitão América: Admirável mundo novo (Disney) – De 3 de maio de 2024 para 26 de julho de 2024;
- Vingadores: Dinastia Kang (Disney) – De 21 de maio de 2025 para 1 de maio de 2026;
- The Last of Us (HBO) – Para 2025;
- Batman 2 – Para março de 2024;
- Stranger Things (Netflix) – Sem previsões, produção só dará inicio após o fim da greve;
Além disso, a Marvel Studios cancelou seu tradicional painel na San Diego Comic-Con 2023. De acordo com o The Wrap, a greve de roteiristas deixou a empresa de mãos atadas e sem grandes novidades para levar ao evento. E a empresa queridinha dos amantes de super heróis não foi a única: Netflix, Sony, HBO e Universal Studios também romperam com a tradição. Outros estúdios ainda não se posicionaram oficialmente em relação à presença na SDCC 2023, como Warner Bros. Discovery, Paramount Pictures, NBC e Amazon, todas que contam com projetos que necessitam da projeção do evento para o segundo semestre.