Alexander Skarsgard é muito alto. Essa afirmação foi lida e ouvida pela reportagem da ESTILO várias vezes antes do encontro com o ator, assim como palavras tais quais “viking” e “gélido”, descrições que se referem à sua nacionalidade sueca. É verdade: Skarsgard é muito alto. Ele mede generosos 1,95 m, mais que a maioria dos atores hollywoodianos. É verdade ainda que não é exatamente esperado que alguém com o porte físico de um herói nórdico e conhecido por interpretar o não tão bonzinho Eric Northman, da série True Blood (2008), tenha uma presença simpática. Mas o astro de A Lenda de Tarzan surpreende nesse ponto.
Fazia sol e um pouco de frio em Beverly Hills, nos Estados Unidos, quando Skarsgard entrou na suíte do hotel onde concedeu esta entrevista. Ele apareceu vestindo camisa preta e calça jeans, com os cabelos loiros bem cortados e penteados, a pele bronzeada e um sorriso tímido no rosto. E logo quebrou o gelo falando sobre como é bom não precisar mais estar sob uma dieta tão rigorosa quanto a que fez por oito meses para encarnar o famoso personagem da literatura.
“Foi um treinamento bastante intenso”, disse sobre o preparo físico, que envolveu também sessões de pilates e ioga e o acompanhamento do premiado coreógrafo inglês Wayne McGregor, tudo para que seus movimentos fluíssem melhor.
Se você cresce na floresta, mexe-se de maneira diferente. Era importante que o Tarzan parecesse ágil e flexível, coisa que eu não sou. (Risos.) Treinei bastante para conseguir encostar as minhas mãos nos meus pés.
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O contato intenso com a natureza faz parte também de seu enredo pessoal. Sempre que pode, Skarsgard sai de Nova York, onde mora, para dias menos urbanos.
“Gosto de ficar fora do ar, sem telefone e internet, fazendo trilha numa reserva ou velejando por semanas”.
Dois anos atrás, passou um mês no Polo Sul numa expedição competitiva em prol da ONG inglesa Walking with the Wounded, que beneficia feridos em guerras. Caminhou nove horas por dia até completar 200 quilômetros. “Precisei de muita resistência, mas foi incrível. O céu é sempre azul e todo o resto é plano e branco. Adoro o contraste entre esse tipo de vivência e a rotina na cidade.”
Foi na volta dessa viagem que recebeu um e-mail dizendo que iria viver o Tarzan. Seu físico certamente foi um trunfo, mas seria injustiça não imaginar a sensibilidade e a sutileza de suas interpretações como fatores-chave para o trabalho. Para um homem de beleza e estatura que impressionam, chama mesmo a atenção o quanto ele consegue ser moderado em cena, capaz de evocar tanto pena como medo.
Filho do também ator Stellan Skarsgard, cresceu em Estocolmo e fez seu primeiro filme aos 7 anos. Aos 13, deixou de atuar porque não curtia ser reconhecido na rua. Mudou-se para os Estados Unidos em 2003, onde resolveu dar mais uma chance às artes dramáticas – e passou a gostar da fama. “Hoje, vejo o reconhecimento como algo positivo, pois amo o que faço”, afirma.
Skarsgard considera tanto a Suécia quanto os EUA como seu lar. Mas será que isso não dá a ele a sensação de, à la Tarzan, não pertencer a lugar nenhum? “Talvez sim. Ou talvez eu possa pertencer a qualquer lugar”, pondera, otimista. O fato é que, com essa mistura entre o certo exibicionismo das Américas e o característico ar blasé da Escandinávia, ele consegue fugir dos estereótipos que acompanham suas descrições com uma postura equilibradamente despretensiosa e calorosa. Só não dá mesmo para não resistir a comentar que ele é muito alto.